Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 19 de julho de 2007

Motoqueiros Selvagens

Apesar de ter uma estória simples que também é abordada de uma maneira simples, "Motoqueiros Selvagens" chegará a agradar alguns determinados grupos. Trilha sonora, boas locações e um conhecido elenco são os pontos fortes do filme.

O elenco é o que mais chama atenção a priori. Conhecidos nomes da comédia americana e de outros gêneros estão presentes, são eles: Tim Allen (“Um Natal Muito Louco”, “Soltando os Cachorros”), William H. Macy (“Sahara”, “Heróis Muito Loucos”), John Travolta (“Olha Quem está Falando Agora”, “Be Cool – O Nome do Jogo”) e, da geração mais nova, Martin Lawrence (“Bad Boys”). Doug, Dudley, Woody e Bobby, respectivamente interpretados pelos atores citados, são quatro motoqueiros com determinadas personalidades e diferentes tipos de vida, mas a paixão pela estrada e pelo seu grupo de moto (Motoqueiros Selvagens) sempre os une. São, digamos, uma segunda família.

O foco principal do filme é quando eles estão passando alguns aperreios por conta da famosa meia-idade. A rotina, a família e/ou o trabalho acabam incomodando cada um de uma forma diferente. É a partir de tal desilusão e de precisarem se provar que a meia-idade para eles é nada, que o quarteto parte em busca de aventuras em duas rodas. A princípio, o propósito é só guiar contra o vento até onde der na telha, sem chatices acontecendo. Porém eles acabam se deparando com alguns reveses. É aí que entra outro ator conhecido, no caso Ray Liotta (“Identidade”) como Jack, que, juntamente com sua gangue de motoqueiros, irá azucrinar a viagem dos quatro.

Quinteto famoso já apresentado, é interessante notar o quão os atores estão bem à vontade nos respectivos papéis. Principalmente, e por incrível que pareça, Tim Allen se comporta muito bem como um motoqueiro, afinal é um fora dos padrões. Mérito para o roteirista Brad Copeland e o responsável por descrever os personagens, especificamente Doug (Allen). Porém é Dudley (Macy) quem mais nos proporciona boas risadas, até mais do que o especialista Martin Lawrence. Por final, o personagem Bobby parece ter sido escrito por alguém imaginando John Travolta no auge da sua fase canastrão, pois é justamente isso que vemos em Booby.

Apesar de simples, o mérito do roteiro é ter bons acertos para com os elementos básicos de uma aventura cotidiana. Além disso, ele chega a agradar bem, pois busca um público específico. Sua tentativa é atrair pessoas com personalidades parecidas com a dos quatro motoqueiros e alguns simpatizantes. Quem conhece o mundo das estradas, ou pelo menos já escutou as várias histórias que rondam esse mundo, se sentirá muito à vontade com a película.

Só que poucos filmes devem se pôr no conforto de se portar somente para públicos específicos. É por isso que alguns elementos fazem os “leigos” se sentirem bem também. O principal deles é a espetacular trilha sonora de Teddy Castellucci. O melhor quanto ao assunto sobre “músicas clássicas dos anos 70” está presente na produção no momento certo, e do início ao fim. É um CD de trilha sonora que irá indubitavelmente vender fácil. Impossível sentir-se desconfortável perante tal trilha sonora, enquanto também sua visão é aguçada com ótimas paisagens, outro ponto forte. Pensei: “deve ter sido muito bom filmar essas cenas!”. Sem dúvidas foi. Enquanto os personagens andavam com suas máquinas pela estrada, um visual tremendo de pano de fundo me chamava atenção. Imperdível.

O que não faz de “Motoqueiros Selvagens” um filme completamente recomendável é que determinadas piadas não funcionam, pois se demonstram bastante infantilizadas (culpa da Disney). Às vezes é difícil aceitar o tom pastelão do filme. Como disse anteriormente, os personagens principais em si (principalmente Dudley) é que atraem as melhores gargalhas. Os históricos que estão como pano de fundo não nos fazem rir tanto, apesar de tentarem.

“Motoqueiros Selvagens” tem uma enorme semelhança com outro filme do estilo, e melhor, no caso o “Easy Rider – Sem Destino” (de 1969). Não é à toa tanta referência ao filme antigo. Inclusive o protagonista de “Sem Destino” aparece em uma participação especial no final de “Motoqueiros Selvagens”, falo de Peter Fonda, que também fez parte de “Motoqueiro Fantasma”, como o Mefisto.

Raphael PH Santos
@phsantos

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