Otis, a Vaca, é um cara (isso mesmo, apesar de ser uma vaca, ele pertence ao sexo masculino!) muito boa vida que só quer saber de diversão. Aliás, a vida na fazenda é uma eterna festa. Só basta o fazendeiro sair para que os bichos se tornem muito além do que conhecemos. Andando em duas patas, correndo, divertindo, fazendo festas no celeiro, todos se sentem muito protegidos pelo pai de Otis, Ben, a Vaca (outra vaca que pertence ao sexo masculino!). Ele os protege, principalmente agora que começa a temporada dos malvados coiotes, que tentam a todo custo invadir o terreno da fazenda e surrupiar alguns animais para o jantar. Mas o espírito brincalhão de Otis se depara repentinamente com a necessidade de, após um acidente, ter que substituir seu pai no que diz respeito a comandar os animais na fazenda, e fazer com que o fazendeiro não descubra seu segredo, além de protegê-los contra os coiotes.

A animação que traz o nome de Steve Oedekerk, experiente diretor tanto em roteiros ("Todo Poderoso") como em direção ("Kungfusão"), e consegue agradar apesar de estar cheia de altos e baixos. Um estilo de animação que mistura imagens detalhadas com animais que parecem ser feitos para animações "stop-in-motion" (animação usada em "A Fuga das Galinhas") e completamente coloridas, é o que talvez atraia muito as crianças. A história de início parece estar meio perdida, deslocada, usando pequenas desculpas para apresentar os personagens e seus estilos.

Claro que, dentro dessas piadas, alguma tiradas são excelentes como o toque do celular da Motorola, ou o "Crazy Mike" e sua dança amalucada em um estilo de rave. Também a topeira como uma espécie de traficante de objetos humanos rende algumas poucas risadas, embora ainda assim sejam risadas. Infelizmente o filme perde algumas boas piadas por às vezes se alongar demais na cena, o que acaba transformando o que seria engraçado em algo monótono. Também a tentativa de copiar certas idéias que se mostraram interessantes como repetir a excelente tirada de Rafiki em "O Rei Leão" como lutador de arte marciais, colocando a mesma idéia em apenas algumas topeiras que aparecem em um determinado momento do filme, acabam por deixar a idéia deslocada. Ainda mencionando o roteiro, apesar de parecer perdido em determinados momentos ele traz uma mensagem clara e bem interessante para as crianças, o que também com certeza serve em favor do longa-metragem.

Outro ponto interessante é a dublagem. Assim como o recente "Lucas, Um Estranho no Formigueiro", este projeto da Nickelodeon traz atores e atrizes conhecidos do público adolescente e adulto, e assim como "Lucas", em "O Segredo dos Animais" fica a prova de que a cada dia que passa as dublagens americanas aumentam de qualidade. Um dos maiores problemas é justamente as vozes serem gravadas antes da animação. Às vezes, tal fato acaba por prejudicar a dublagem como no caso de "O Príncipe do Egito", de 1998, onde alguns personagens não foram dublados condizentes com os sentimentos que expressavam na cena que desenrolava. Mas em "O Segredo dos Animais" tal fato não chega nem perto da produção e nisso eles estão de parabéns.

Um detalhe interessante também é a presença das cores no filme. Diferente dos projetos em animação por computação gráfica da DreamWorks e da Disney que foram lançados em 2006, a Nickelodeon e o diretor Steve Oedekerk optaram por carregar o cenário com uma quantidade de cores impressionante, e todas bem vivas, que dão, de certa forma, um destaque a mais ao cenário, já que os animais são de certa maneira "lisos", diferente dos mesmos projetos das concorrentes que detalharam cada fio de pêlo dos animais em suas produções.

Com um resultado final melhor do que o esperado, "O Segredo dos Animais" pode até não ser a melhor opção desse ano, mas com certeza é garantia de diversão para a criançada e algumas gargalhadas.