Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 05 de dezembro de 2006

Adrenalina

Com um ritmo um tanto frenético, condizente com o filme, mas sem nenhuma noção de edição limpa, com um roteiro fraquíssimo e simplesmente servindo como desculpa para fazer mais um filme de ação, "Adrenalina" chega aos cinemas como um dos longas de ação mais idiotas da história do cinema.

ATENÇÃO: Na crítica abaixo usarei de algumas palavras de baixo calão para ilustrar o pensamento, desculpe-me se de alguma forma você se sentir ofendido.

O que falar da história? Um cara acorda um dia e encontra um CD escrito “Fod***”, então ele coloca o car*** do CD na po*** do DVD e descobre que o me*** de um bandido injetou a po*** de um veneno que diminui as bo*** das batidas do coração, fazendo com que o me*** morra, a não ser que ele aumente a po*** da Adrenalina no sangue que faz a bo*** do coração não diminuir os batimentos e o vi*** sobreviver. Nisso ele tem que sair numa caçada filha da p*** para encontrar o g*** do bandido, para tentar conseguir a me*** de um antídoto. E se infelizmente você não comprendeu as palavras com o asterisco, elas foram alteradas para não causar mais repercursão do que já causou.

Com um roteiro fraco e com uma desculpa idiota que não se explica em nada, Mark Neveldine e Brian Taylor criaram uma história que não se sustenta de forma alguma e só serve para preencher os buracos entre uma porrada e outra entre o “mocinho” e o vilão. Esses ditos cujos que tiveram a coragem de assumir a responsabilidade do roteiro também assumiram a direção, e mostraram toda a sua ineficiência (embora eu ainda conheça diretores mais inaptos para o cargo) durante o filme inteiro, que, aliás, é mais longo do que realmente deveria.

Cenas de ação que foram muito mal aproveitadas, como o carro no shopping, ou mesmo a briga no helicóptero, passam batidas e não causam o verdadeiro impacto que tais cenas deveriam causar no público, se tornando até quase tão descartáveis quanto o filme todo. O filme, aliás, começa com um mérito, que, mesmo não sendo idéia original, deixa o espetador na idéia de que o longa será bom, quando a câmera faz o papel dos olhos de Chev Chelios (aliás, de onde tiraram esse nome?). Mas, logo em seguida, vemos quando na televisão aparece o que será o vilão muito caricaturado interpretado por Jose Pablo Cantillo e a famosa cena de rock pauleira enquanto o “mocinho” do filme quebra uma televisão de plasma mostra a verdadeira qualidade descartável do filme. Aliás, “mocinho” entre aspas, porque de mocinho ele não tem nada. Na verdade, o personagem criado para Jason Statham é um dos piores o qual o ator já viveu nos cinemas, sem nenhum carisma e de forma que o espectador não consegue criar nenhuma simpatia com o personagem ou por sua causa.

A escolha do elenco, por sinal, deve ter sido embasada na importância dos atores. Jason Statham, que nos últimos anos vem se mostrando mais em alguns filmes de ação surpreendentes como o bom “Carga Explosiva”, morre completamente nesse filme. Aliás, acredito que o maior interesse para assistir a esse filme seja dos espectadores que já viram o ator em filmes de ação, que é garantia de boas cenas de lutas e muita (claro!) ação e que, também, no fim das contas vão se deixar levar pelo cartaz de “Adrenalina”. Porém o filme não se parece em nada com os outros trabalhos que Statham já fez. Amy Smart, coitada, depois do excelente “Efeito Borboleta”, devia estar precisando pagar as contas e entrou nesse barco furado. A atriz foi reduzida a objeto sexual (o que, claro, não é novidade em nenhum filme de ação!), além da mocinha indefesa que só grita, e “dá” para o cara em plena rua com um bando de japoneses olhando (aliás, uma das poucas cenas, que, mesmo meio sem noção, se torna a mais engraçada, devido à reação do público em volta que assiste à exibição).

Com um final mais ridículo do que o começo, o filme se encerra e não tem nenhum mérito nem mesmo para a trilha sonora, que se mostra meio perdida. Mas, claro, é filme de ação, e muita gente só de ver carro explodindo, pessoas levando bala na cabeça e muito sangue, vai vibrar e achar que com certeza o valor do ingresso já pagou o filme. Conselho: espere na locadora, a decepção pode ser menor, e o prejuízo no bolso também.

Leonardo Heffer
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