Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 25 de novembro de 2006

Happy Feet: O Pingüim

Uma animação que não deixa nada a desejar em relação a um grande musical. "Happy Feet: O Pingüim" consegue reunir vários elementos competentes e se destacar dentre as diversas produções do gênero lançadas atualmente.

Animações são sempre filmes que agradam constantemente o público em geral, talvez pelo estereótipo de "filmes para crianças" servir como uma espécie de álibi para qualquer aspecto fora do usual que possa aparecer na produção. No entanto, apesar de esse gênero não ser constantemente vítima de críticas severas, há os que se destacam visivelmente e os que apenas cumprem seu papel sem maiores méritos. "Happy Feet: O Pingüim" já pertence, definitivamente, à primeira categoria.

O que acontece se juntarmos computação gráfica de primeira qualidade, um roteiro interessante e canções fantásticas interpretadas por pingüins? Acertou quem chutou "Happy Feet"!! A trama gira em torno de Mumble (ou Mano, resultado da tosca tradução do nome do personagem para o português), um pingüim que, ao contrário dos demais de sua espécie, não possui o dom de cantar e sim o de sapatear, o que o faz ser motivo de discriminação por parte de seus semelhantes, que, por sua vez, chegam até a acusá-lo pela escassez de peixes que estão enfrentando. Como lógica é um quesito dispensável a uma boa animação, eis aí um prato cheio para um excelente filme.

Logo no início do longa, podemos ver que se trata de uma produção, no mínimo, diferente. Pingüins cantores entoam canções pop e clássicas americanas, com direito a backing-vocals e coreografias personalizadas. Pode parecer um pouco estranho à primeira vista, mas os tais pingüins cantores se transformam no verdadeiro ponto forte da animação. Com um trabalho maravilhoso de computação gráfica, que por vezes deixa o espectador sem saber se está vendo algo real ou gerado digitalmente, as imagens são um verdadeiro espetáculo. Tudo isso aliado às maravilhosas canções que compõem a trilha sonora resultam num verdadeiro show. Aliás, a trilha sonora de "Happy Feet" pode facilmente ser apreciada separadamente com músicas fantásticas como "Kiss", originalmente do Prince, e "My Way", cantada em espanhol por Robin Williams, entre outras.

Para não dizer que o filme não peca em nenhum aspecto, pode-se dizer que o roteiro pareceu perder um pouco a linha em relação ao desfecho. O ritmo que vinha sendo mantido em todo decorrer da história parece ter sido quebrado com a inserção de muitos fatos novos em pouco espaço de tempo. Algumas passagens também poderiam ter sido evitadas por destoar do resto da trama. Pode-se dizer também que o nível de non-sense poderia ter sido menor, já que a solução apresentada para o conflito principal da trama em seu desfecho se torna um tanto quanto difícil demais de se acreditar, até no mundo das animações.

O campo da dublagem brasileira também merece elogios. Daniel de Oliveria, que já havia dublado o protagonista de outra animação, "O Galinho Chicken Little", mostra que vem se aperfeiçoando ao dar voz agora ao pingüim Mumble, e Sidney Magal está impagável como a voz de Amoroso, o farsante guru dos pingüins, que arranca risadas com seu sotaque hispânico. Na dublagem original, atores famosos como Hugh Jackman, Nicole Kidman e o já citado Robin Williams também parecem ter feito o serviço direitinho, como pode ser conferido pelas músicas interpretadas pelos próprios atores.

Como saldo final, temos uma animação-musical digna de ser prestigiada. Para os fãs de animação e até os que não curtem muito o gênero eis uma excelente pedida para ver no cinema.

Amanda Pontes
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