A proposta era interessante. Quatro amigas, três casadas e uma solteira. Cada uma com uma diferença enorme de dinheiro em conta, desde a mais rica, que pode doar 2 milhões de dólares à mais pobre, que recentemente começou a trabalhar como empregada doméstica, ou melhor dizendo, diarista. Claro que cada uma, apesar de amigas, discutem a vida uma das outras quando a personagem citada não está presente. E, claro, as diversas situações do dia a dia, como uma das amigas que todas acham que o marido dela é gay, a outra que está enfrentando problemas no casamento, enfim, o cotidiano em geral.

Claro, muita informação, muita situação ordinária, com espaço suficiente para entrar em certas discussões que, apesar de diárias, poderiam ser carregadas com críticas à sociedade e tudo mais, mas o filme não consegue nem passar para esse segundo estágio. Infelizmente, ele se mantém no "lado raso da piscina", parecendo estar meio que com medo de entrar em discussões mais fortes. Até mesmo as situações que parecem poder ser discutidas ou resolvidas, ao final do mesmo, são esquecidas, por justamente temerem ser opinativas demais.

A história é bem simples e básica, já muito vista no cinema europeu, como a exemplo do filme "Invasões Bárbaras", que pega pessoas comuns em uma reunião discutindo sobre a vida, suas situações. Mas ao menos o cinema europeu (em uma grande parte) tem coragem de ser opinativo, e apresentar personagens fortes que realmente possuam algo nas suas cabeças fictícias.

A superficialidade é tão estranha e tão grande que nem mesmo as quatro atrizes conseguem passar uma veracidade à amizade. Claro que somos convencidos que são amigas, mas não há um reconhecimento por parte do espectador, a visão de que as quatro se conhecem há bastante tempo (diferente no recente "A Última Noite", de Robert Altman), tanto que quem estiver assistindo ao filme pode até se surpreender com a revelação de uma das personagens quando fala que elas se conhecem há bastante tempo. Então as quatro atrizes, Catherine Keener, Joan Cusack, Frances McDormand e Jennifer Aniston, não conseguem fazer muito mais por seus papéis do que no mínimo emprestar o carisma de cada uma e rezar para que pelo menos consigam ser convincentes.

Claro que dentro da temática, Nicole Holofcener parecia ser a melhor opção, já que suas principais referências no trabalho de diretora vêm de seriados como "Sex and the City" e "Gilmore Girls", que se encaixam perfeitamente para o filme, já que este é, na verdade, um coquetel de informações e "gags" bem próximas às das duas séries. E infelizmente a diretora, apesar de conseguir se desvencilhar um pouco da linguagem televisiva, não consegue dar profundidade dramática a nenhuma cena do filme, transformando-o meio que vazio no lado sentimental. Claro que o roteiro não ajudou muito… mas espere aí, o roteiro foi escrito pela própria Holofcener também! O que faz parecer então que o filme é uma compilação de uma temporada de "Gilmore Girls". Na verdade, acho que se esse filme tivesse sido trabalhado como série, quem sabe não estaria por aí fazendo afronta a "Desperate Housewives"?

Nem mesmo a trilha sonora consegue ajudar nos momentos certos, e se torna completamente esquecível ao final do filme, já que realmente você leva um tempo para tentar lembrar de alguma cena em que a trilha sonora tenha o marcado ou mesmo ajudado a ilustrar uma cena.

No final da somatória, "Amigas Com Dinheiro" é um filme passável, que em questão de qualidade é até bem feito, com um elenco muito bom. Mas em questão de conteúdo, se torna um fracasso, fazendo com que, ao final do mesmo o espectador tente ao menos se lembrar do por quê ter escolhido esse filme para ver e não outro.