Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Stay Alive – Jogo Mortal

Com um roteiro mal aproveitado, tendendo a resolver e atar todos os nós da história, mas com algumas cenas esteticamente assustadoras, "Stay Alive – Jogo Mortal" infelizmente consegue ser pior do que outros títulos do gênero e não chega a agradar. Sem falar nas atuações medíocres.

O filme gira em torno de um jogo que se chama "Stay Alive". Aparentemente, quem o joga está assinando sua própria sentença de morte. Ao morrer no jogo, você morrerá na vida real do mesmo jeito. É assim que começa o filme, com a morte do amigo de Hutch O'Neil. No enterro, os jogos do finado são repassados para Hutch, e entre eles "Stay Alive". Logo Hutch e os amigos Swink, Phienas, October e a recém conhecida Abigail começam a jogar o jogo, que eles acreditam ser uma versão beta que o finado estava testando para uma empresa. O jogo conta a história da Condessa Elizabeth Bathory, que possuía uma escola para garotas, no entanto, ela matava todas essas meninas e usava o sangue como fonte para juventude. Em um piscar de olhos, todos os cincos começam a ser perseguidos pela Condessa e terão que tentar sobreviver no jogo para não morrerem na vida real.

Roteiro mais do que batido dentro do gênero, que até tinha alguns pontos que poderiam ser explorado de maneira melhor, mas, infelizmente, William Brent Bell, que tinha nas mãos seu segundo filme, optou pelo básico de trabalhar uma seqüência de imagens caindo no comum em imagens escuras, gritos e sangue. O fator irreal do roteiro, também escrito por ele, juntamente com Matthew Peterman, não foi de ajuda nenhuma ao desenrolar do filme. Optam apenas por levarem seus personagens ao clímax do filme, não se preocupando se as pistas que são dadas durante o filme realmente levariam as pessoas normais chegarem às conclusões do filme (como no caso em que eles chegam à conclusão de que o jogo poderia estar matando as pessoas na vida real).

Depois de uma abertura que em questão de finalidade se assemelha ao mesmo tipo de início utilizado em "Pânico", de Wes Craven, de 1996, o filme desemboca em uma sucessão de acontecimentos que não podemos dar muita credibilidade nem mesmo se imaginássemos: "E se isso realmente acontecesse na vida real?".

As atuações também não são das melhores. Com trejeitos exagerados de todos os atores, você não consegue nem aceitar certos momento de pavor de certos personagens, sem contar que Bell também não se preocupa em criar uma empatia entre o espectador e os personagens. Além disso, todos eles são mais do que caricaturados: o bom moço com trauma de infância, a gótica, o cara sem sentimentos e egoísta, o nerd e a mocinha singela e inocente formam os cinco personagens principais do filme. E quase em sua totalidade, os atores são de seriados de televisão americana, como Sophia Bush ou Samaire Armstrong, e com certeza eles se saem melhores em seus personagens televisivos do que neste filme.

Claro, em questão de estética há cenas de gelar o sangue, mesmo que poucas, mas que pelo menos salvam parte do filme, e ajudam a dar credibilidade. Exemplo: as garotas de vestido que aparecem em uma galeria perseguindo os personagens. Infelizmente a mesma qualidade gasta para esses pequenos "monstros" secundários não funcionaram tão bem na personagem da Condessa. Claro que há momentos em que a atriz realmente parece uma imagem de computação, mas tudo vai abaixo com a maquiagem do final do filme, onde fica muito parecido (e cômico) com a imagem de Freddy Krueger em "A Hora do Pesadelo 7: O Novo Pesadelo", quando ele tenta comer a cabeça de Miko Hughes (cena inesquecível de tão tosca).

Na sua totalidade, "Stay Alive – Jogo Mortal" poderia ser um filme com lançamento direto para locadora, e ficaria naquela prateleira junto com outros filmes que muitos já dizem que com certeza não devem ser bons só de olhar para a capa.

Leonardo Heffer
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