Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 30 de abril de 2006

Terapia do Amor

Uma comédia romântica que aparenta, à primeira vista, ser bem melhor do que realmente é. No fim das contas, é apenas mais um filme desse tipo entre inúmeros semelhantes e nos oferece um resultado que não passa de mediano.

As comédias românticas constituem um gênero que oferece basicamente sempre a mesma fórmula. Para o público que espera apenas se divertir com uma historinha leve e despretensiosa pode ser um prato cheio, mas para quem procura algo mais em uma produção, isso pode se tornar extremamente cansativo. Com “Terapia do Amor” a coisa parecia poder ser um pouco diferente, principalmente pelo elenco de peso, pois, apesar de opiniões divergentes, Uma Thurman já é considerada uma atriz de primeira linha e Meryl Streep realmente dispensa comentários. O que acontece, entretanto, é que o roteiro torna o filme apenas comum, sem nenhum atrativo ou inovação, um filme puramente comercial, mas que poderia ter sido bem melhor explorado.

O enredo é simples. Rafi é uma mulher de 37 anos que logo após ter saído de um divórcio conhece o jovem Dave, um rapaz de 23 anos que se apaixona por ela. Os dois acabam começando um relacionamento, sobre o qual ela conversa abertamente com sua psicóloga, Lisa. O problema está quando Lisa descobre que o Dave responsável pela felicidade de sua paciente é o seu filho. A terapeuta fica, então, numa situação bastante incômoda, já que tem que ouvir todo o progresso da relação enquanto é contra o fato de seu filho namorar uma mulher bem mais velha.

Ao que me parece, a intenção de “Terapia do Amor” não ficou bem clara. A história de amor realmente não conseguiu atrair a minha solidariedade nem minha antipatia. Não sei de quem foi a falha, mas a coisa toda me pareceu extremamente forçada. Uma Thurman está bem como protagonista, mas Bryan Greenberg, o rapaz que interpreta Dave, não consegue convencer. No fim das contas, o casal parece não ter química, não transmite o sentimento que a história pede.

Apesar de tantos pontos negativos, o filme possui um trunfo: Meryl Streep!! Mesmo seu personagem não sendo propriamente a protagonista da trama, as melhores cenas são as que a atriz domina. Meryl é responsável pelos únicos momentos em que boas risadas são garantidas, através de sua atuação impecável na pele da terapeuta Lisa. Impagável a reação da personagem quando descobre que seu filho é o homem de quem sua paciente tanto fala. Impossível imaginar outra atriz que faria a cena com tanta perfeição.

Quanto aos demais quesitos em termos de produção, “Terapia do Amor” não chama muita atenção. Esse é o tipo de filme que deve se apoiar no roteiro para dar certo, mas infelizmente não cumpre essa tarefa a contento. Uma coisa pela qual podemos agradecer, contudo, é que essa seja, pelo menos, uma história um pouco mais madura que os inúmeros besteiróis que são produzidos atualmente. O filme pode não ser extraordinário, mas não chega a ser de mau gosto, o que pode ser considerado um aspecto muito positivo diante da nossa atual safra cinematográfica.

O diretor e roteirista de “Terapia do Amor”, Bem Younger, não possui nenhum sucesso em sua breve biografia. Esse parece ser o filme mais notável de sua carreira até agora. O que permanece um mistério, pelo menos para mim, é como ele conseguiu reunir Uma Thurman e, principalmente, Meryl Streep numa história tão sem atrativos. Um filme que acaba podendo ser classificado como dispensável.

Com certeza haverá quem goste de “Terapia do Amor”. Chegar a desgostar do filme é até exagero, mas para quem tem o mínimo de exigência, essa não deverá ser a primeira opção. De qualquer forma, há sempre Meryl Streep para se ver e não importa o quão tolo seja o roteiro, ela prova aqui, mais uma vez, que sua interpretação é sempre sublime.

Amanda Pontes
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