Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 15 de julho de 2005

Amaldiçoados

Tão fraco quanto grande parte do que está em cartaz atualmente, o filme é um dos piores do diretor Wes Craven. Mas, possui um lado bom: relembra os clássicos "A Família Addams" e "Gasparzinho", afinal, tem a Christinha Ricci!

Quando fui informado de que iria fazer a crítica desse horror (sim, isso não é um elogio) que atende pelo nome de “Amaldiçoados”, admito que achei que seria mais uma sessão chatíssima e sonolenta, sobre um grupo de jovens que são atacados por um lobisomem e por ai vai. De fato, foi!

Mas enfim, deixemos de flautear (de acordo com um episódio do nosso saudosíssimo Bob Esponja :-D) e comecemos logo este texto. Bom, graças aos deuses, o filme é tão ruim quanto eu esperava (já que ele poderia ser pior).

A história gira em torno de Ellie (Christina Ricci), uma moça totalmente dedicada ao seu trabalho, que em uma noite é atacada, juntamente com seu irmão Jimmy (Jesse Eisenberg), por um lobisomem, ficando assim amaldiçoados (que original!), já que se tornarão lobisomens. A partir daí, eles passam o filme inteiro: a) levando sustos de uma pessoa que aparece do nada ou nas costas deles ou de outras que surgem inesperadamente nos vidros dos carros; b) sofrendo as conseqüências de terem sidos mordidos por um lobisomem; c) tentando descobrir quem é o tal lobisomem que amaldiçoou eles para então cortar sua cabeça e se livrar da maldição.

Apesar de eu ter feito recentemente a metamorfose da Christina e ter relembrado ótimos momentos em que ela participou, infelizmente terei que dizer que ela pisou feio (e muito feio!) na bola ao ter aceitado participar desse filme. Nunca ela foi tão caricata, cartunesca e fraca como atriz. O mesmo se aplica a todos os outros atores do elenco, que estão igualmente caricatos, cartunescos e fracos.

E o que falar do trabalho dos já parceiros profissionais, Wes Craven e Kevin Williamson, responsáveis pela direção da trilogia “Pânico” e pelo roteiro dos dois primeiros filmes da série, respectivamente? Simplesmente decepcionante. É incrível como parece que Kevin perdeu o tino de como se faz a coisa e entregou-se aos mais absurdos clichês sobre filmes dessa natureza. Até o final, algo que espera-se que seja, no mínimo, inusitado, é a coisa mais previsível de todas. Enfim, pura decepção. E assim, esse filme é a prova cabal de que, com um roteiro fraco, não há direção que dê jeito. Wes Craven praticamente repetiu o “modelo” criado por ele nos divertidíssimos “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”. Entretanto, apesar dele se repetir, é visível que Craven também não demonstrou muito amor pela obra, entregando-se a movimentos de câmera nada originais (como a clássica câmera subjetiva, na cena do estacionamento) e a cenas que beiram o ridículo (como a cena do banheiro, onde o início da transformação de Ellie fica visível).

Já que tocamos nesse assunto de transformação humano-lobisomem, é com grande pesar que afirmo: até agora, a computação gráfica não conseguiu ainda mostrá-la sem que a mesma se torne bizarra. Por mim, o ideal seria que continuassem com aquelas transformações clássicas, em que mostrava apenas a sombra, como víamos naqueles filmes antigos de lobisomem.

Creio que o mínimo que uma produção dessas deve proporcionar é diversão. Infelizmente, nem isso ele proporciona, diferente de outra bomba que está nos cinemas atuais: “Quarteto Fantástico”. Os efeitos especiais são fraquíssimos, juntamente com a trilha sonora e as supostas “cenas de sustos” (ou seriam acordes altos?).

Enfim, acho que deu para perceber que o filme é ruim pacas. Mas, apesar dele ser ruim, ainda ganha nota 3 pela presença, ainda que fraca, de Christina Ricci, já que ela me fez lembrar de alguns filminhos que assisti na infância e gostei muito (atentem para a cena em que ela passa por debaixo de um portão que está se fechando; quando ela se levanta está a cara da Vandinha do “A Família Addams”). Bom, termino esse texto-alerta acreditando que, se você for assisti-lo, faça-o com muito cuidado, as chances de sair impressionado por ver um filme tão ruim são enormes. 😉

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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