Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

As Branquelas: filme faz rir mesmo sendo bem ruim

"As Branquelas" coloca os irmãos Wayans no ridículo e engana só os personagens do filme. Eles fazem você rir, mas não passa disso.

Desanima assistir filmes que podem até fazer rir, mas que não acrescentam em nada na sua vida. “As Branquelas” é aquele típico filme que você dá algumas risadas e ao sair do cinema você não lembra mais de nada do que houve. Esse tipo de caso acontece principalmente porque o filme não faz você raciocinar ou questionar algo. O diretor Keenen Ivory Wayans usou do pastelão e não mediu o senso do ridículo para por seus dois irmãos (Marlon Wayans e Shawn Wayans) no mico do mico.

Os irmãos Marcus (Marlon Wayans) e Kevin Copeland (Shawn Wayans) são detetives do FBI que estão com problemas no trabalho. A última investigação da dupla foi um grande fracasso e eles estão sob a ameaça de serem demitidos. Quando um plano para seqüestrar as mimadas irmãs Brittany (Maitland Ward) e Tiffany Wilson (Anne Dudek) é descoberto, o caso é entregue aos principais rivais dos irmãos Copeland, os agentes Vincent Gomez (Eddie Velez) e Jack Harper (Lochlyn Munro).

Para aumentar ainda mais a humilhação da dupla, eles são escalados para escoltar as jovens mimadas do aeroporto até o local de um evento pelo qual elas esperaram por meses. Porém no trajeto um acidente de carro provoca um verdadeiro desastre: enquanto uma das irmãs arranha o nariz, a outra corta o lábio (god!). Desesperadas, elas se recusam a ir ao evento. É quando, para salvar o emprego, Marcus e Kevin decidem por assumir as identidades das irmãs (que roteiro fantástico).

Piorando ainda mais as coisas na vida dos agentes, eles encontram com arque rivais das irmãs Wilson: Heather e Megan Vandergeld (Jaime King e Brittany Daniel). As brigas entre as “moças” são bem “divertidas”. Ainda têm as suas melhores amigas (Busy Philipps, Jennifer Carpenter e Jessica Cauffiel) que ajudam em tudo e proporcionam uma das cenas mais engraçadas do filme ao lado dos agentes disfarçados no shopping (“fio dental”, lembre disso se for assistir).

Na verdade, transformaram os irmãos Wayans em dois travecos. Dois travecos feios por sinal. Eles estão com o rosto numa espécie de Michael Jackson com lentes de “p*ta”. Rapaz, tinha que ser em filme uma coisa dessa. Os dois agentes vestidos de mulheres e ninguém reconhece que ali não são as gostosas, saradas e turbinadas irmãs Wilson (Maitland Ward e Anne Dudek), e sim os dois trapalhados negrões disfarçados. O pior (ou melhor) de tudo isso é que o filme consegue fazer você dar algumas gargalhadas com o quão tosco são as cenas que acontecem. Principalmente por fazerem tudo ao contrário no que for relacionado a questões sobre classe social, etiqueta, sexo e brigas entre mulheres (por status).

Sabe aquele estilo de piada que é solta, e se rolar rolou? É o que acontece praticamente todo o filme. Tive oportunidade de assistir o “por trás das câmeras” do filme recentemente e percebi que muita coisa era feita ali na hora. Parece que na maioria dos filmes em que os irmãos Wayans estão envolvidos (“Todo Mundo em Pânico“) as coisas se moldam dessa forma nos bastidores. Funciona sabe por quê? Porque somos carentes de risos e tudo que acontece de engraçadinho se torna na maior piada de todos os tempos (na verdade eu queria dizer: “rimos de besteira”).

Como boa parte das comédias americanas os furos são inevitáveis. Aliás, o roteiro já é furado desde o início, principalmente quando eles conseguem enganar a todos com o disfarce, inclusive uma repórter que não percebe bulhufas de diferente. O pior de tudo é ter homens no filme que acham as “moças” gostosas (nesta parte Marlon solta os cachorros, bem engraçado).

Porém, apesar de não conseguir enganar ninguém na vida real com o disfarce, os maquiadores Greg Cannom e Keith Vanderlaan fizeram milagres com os comediantes. É um filme sem pretensão, faz você rir, mas não acrescenta em nada na sua vida, a não ser mais 1 filme de comédia que você bolou de ri e não soube diferenciar até hoje quem é quem no filme.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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