Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Bridget Jones: No Limite da Razão

Um filme para tirar todo aquele ar depressivo não só daquelas pessoas que não estão satisfeitas com seu peso, mas sim para aquelas que comprometem uma ótima relação amorosa por coisas pequenas.

A engraçada Bridget Jones fez um sucesso enorme na primeira versão cantando o clássico corno-depressivo-dor-de-cotovelo "All by Myself" (relançou até a música). Pouco mais de três anos depois do primeiro filme, "O Diário de Bridget Jones", chega "Bridget Jones – No Limite da Razão" com uma responsabilidade enorme: ser engraçado como o primeiro, mostrar cenas bizarras vividas pela quase trintona Bridget e colocar músicas clássicas para rolar novamente na telona. É, essa nova edição faz tudo isso. Muitas vezes aquém da original, mas na mesma essência.

Continuação do sucesso "O Diário de Bridget Jones", esta edição tem roteiro baseado no romance homônimo escrito por Helen Fielding. A história começa quatro semanas depois de onde havia parado o filme anterior, e a vida de Bridget Jones (Renée Zellweger) não é fácil: beirando os 30 anos e solteira (não casada, melhor dizendo), a garota só se envolve em problemas, e está alguns quilos acima do peso (bem acima mesmo). Além de descobrir que seu namorado, o sóbrio advogado Mark Darcy (Colin Firth) vota no partido conservador, ela tem que lidar com seu novo "chefe", um empreiteiro estranho. Acontecem também as piores férias de sua vida, quando descobre que uma "amiga" insiste em paquerar seu namorado.

Surpreendente o quanto Renée Zellweger engordou para fazer esse papel. Impressionante mesmo! São 14 quilos a mais na barriga, quadris e pescoço. Né brincadeira não! Quem é fã do rostinho anular e do corpo magrinho de Renée, deve estranhar, e muito, o seu estado no filme. Mas sua bolsa anda cheia também, porque uma empresa de produtos dietéticos ofereceu à atriz US$ 3,2 milhões para perder o peso que ganhou para o filme consumindo os seus produtos (a moça não é fraca não). Dando uma de Sarah Jessica Parker, do finado "Sex and the City", a nossa garota questiona-se em cada atitude que vai tomar e sempre chega à pior solução (as mais inimagináveis possíveis).

Infelizmente o filme chega a um ponto de chatice onde você não consegue sorrir por causa do besteirol que acontece. Não atrapalha, mas poderia ser evitado. Em alguns momentos você percebe piadas retiradas da versão original. Falta, de certa forma, um pouco de naturalidade. Li alguns trechos do livro e vi que a escritora Helen Fielding apostou suas fichas no time que está ganhando e esqueceu da originalidade, muitas vezes. Só o fato deles passarem mais da metade do filme querendo criar algum problema (atrito) no relacionamento até então perfeito entre Bridget Jones e Mark Darcy, já prejudica, e muito. Porém, faz até sentido, já que eles querem provar teorias simples, mas muito complexas e que sustentam relacionamentos.

Hugh Grant, que faz o canalha Daniel Cleaver está simplesmente impecável. O cara é um especialista de marca maior no quesito cafajeste e consegue protagonizar, ao lado Colin Firth (Mark Darcy, no filme), assim como na primeira versão, uma cena de luta engraçadíssima (pra não dizer ridícula). É simplesmente uma briga de dois burgueses. Totalmente desengonçada! Hilário! Cleaver está ainda mais bonito (sem baitolagens, por favor) do que na versão original, e consegue passar um ar de galanteador irônico e oportunista sexual quando troca palavras com Bridget.

A trilha sonora, assim como na versão anterior, é um charme a parte. Algumas músicas têm um apelo popular grande como o sucesso "Like a Virgin", da Madonna, cantada num lugar inusitado (que não irei revelar, obviamente) e o hit da Beyonce, "Crazy In Love". Deve vender como água em terras britânicas e nos EUA.

O filme tem muitos momentos interessantes, que não devemos contar, para não tirar um pouco da graça. Apesar da repetição de piadas, "Bridget Jones: No Limite da Razão" não fica "muito" atrás da versão original. Só o fato de todos torcerem no cinema pelo sucesso de Bridget em suas peripécias, já vale o ingresso. Você não sai mais leve do cinema, mas se tiver acompanhado (a) com a (o) namorada (o), marido (esposa) ou coisa do gênero, seu relacionamento ganha mais virtudes e ambos aprendem a dar valor um ao outro.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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