Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 01 de novembro de 2005

Denise Está Chamando

Cercados de fax, telefones e computadores, os personagens vivem e se relacionam unicamente por meio desses aparatos eletrônicos criando um grande ciclo de relacionamentos “virtuais” e dando em uma divertida sátira social sobre a vida nos grandes centros urbanos.

Denise Está Chamando é um daqueles filmes que parecem chatos, mas ao decorrer das cenas você consegue perceber que o filme não é tão chato assim, pelo contrario, ele é mais interessante do que você tinha em mente. O diretor Hal Salwen conseguiu passar para as telas uma visão geral e ao mesmo tempo particular de um grande emaranhado de relacionamentos entre conhecidos e estranhos, sem acabar se perdendo e nem mesmo colocando um alvo central ao enredo, tornando-o assim bastante balanceado e bem trabalhado, não deixando o espectador se perder no meio da história, ou mesmo torná-lo confuso durante o filme. Hal Salwen estudou na Universidade de Cinema de Nova York e começou a carreira como roteirista de televisão. Denise Calls Up é seu primeiro filme e logo de cara já recebeu um prêmio especial no Festival de Cannes por seu belo e intrigante trabalho.

O longa começa no dia seguinte a uma mal fadada festa onde ninguém compareceu, mostrando uma conversa entre as amigas Gale e Linn e a partir dessa ligação telefônica o filme vai se desenrolando em várias outras ligações e mais ligações que acabam se tornando um grande ciclo de relacionamentos entre amigos que não mantém nenhum contato pessoal. Para você ter mais ou menos uma idéia do que eu chamei de ciclo de relacionamentos vou fazer uma breve explicação: Gale e Linn são amigas, Gale tem um ex-namorado chamado Frank, que por sua vez possui um amigo chamado Jerry. Jerry conhece Bárbara através de Gale, que quer torná-los um casal. Martin recebe ligações de uma desconhecida chamada Denise que tem algo em comum com Martin, que é amigo de Jerry, que por sua vez é amigo de Frank que é ex-namorado de Gale, que é amiga de Linn e Bárbara, e temos a desconhecida Denise. E por ai vai… Um grande enredo e um grande filme com várias histórias que se entrelaçam dando ao filme esse incrível ponto forte e inovador.

O mais interessante fato que posso ressaltar neste filme é essa edição maravilhosa que nos envolve atrás de compreender um pouco mais a história de cada personagem, e a intrigante maneira em que é mostrado o relacionamento de cada um se envolvendo com cada um, cada vida se une, e o modo em que cada um necessita do outro para formar sua vida, torná-la completa. E o mais incrível é que isso pode ser feito através de relacionamentos “virtuais” onde não é necessário o encontro pessoal, possível graças ao grande desenvolvimento tecnológico nas áreas da comunicação. Uma cena muito forte que mostra como os relacionamentos por telefone no filme podem ser firmes e fortes. A cena é o momento em que Jerry e Bárbara começam a ter relação sexual através do aparato telefônico, cena marcante do filme.

Posso dizer que o filme também garante boas risadas com seus momentos hilários e sentimentos estranhos do cotidiano dessas pobres pessoas normais de Nova York. O filme em si é uma boa comédia romântica, poderia assim dizer. Por essas e outras o filme vai se tornando mais interessante e divertido, tragando a sua atenção e sua curiosidade durante todo o filme, chegando a um final interessante e revoltante onde ninguém consegue trocar uma si quer palavra pessoalmente, deixando apenas um encontro simpático de Denise com Martin. Um bom filme antigo, ótimo para se assistir em qualquer hora e lugar, entre amigos ou simplesmente sozinho, e que com certeza despertará seu interesse e curiosidade.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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