Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 11 de fevereiro de 2006

Dizem Por Aí

Se o filme for a única opção para passar o tempo numa tarde entediada, não custa nada arriscar, pois afinal, questão de gosto não se discute.

Um filme que não se decide muito quanto ao seu gênero e passa toda a sua trajetória para chegar num final um tanto quanto – para não dizer muito – óbvio. Nem quem vai ao cinema esperando somente dar algumas gargalhadas vai sair satisfeito. No máximo, os rostinhos bonitinhos de Jennifer Aniston e Mark Ruffalo (nem tão bonitinhos assim, na minha particular opinião) e o charme do veterano Kevin Costner, servem para não fazer sua ida ao cinema uma total perda de tempo.

A história é bastante simples. Jennifer Aniston vive Sarah, uma “jornalista”, encarregada de escrever a sessão de obituários no jornal onde trabalha, que está noiva de seu namorado, Jeff, mais por pressão do que por livre espontânea vontade. Cheia de incertezas, ela viaja para sua cidade natal junto com o noivo para participar do casamento de sua irmã e lá acaba sabendo que pode ser filha de outro homem e não daquele que ela sempre acreditou ser seu pai. Sarah, então, parte em busca de Beau Burroughs, um milionário que teve um affair com sua mãe uma semana antes dessa se casar e que, segundo as conclusões dela, pode ser seu pai.

Sarah também descobre que Beau, além de ter tido um breve romance com sua mãe, também havia se envolvido, num passado ainda mais distante com a sua avó, fato que teria inspirado um amigo do rapaz, Charles Webb, escrever o livro “A Primeira Noite de Um Homem”. Após descobrir que não poderia ser, de maneira alguma, sua filha, ela acaba sendo a próxima mulher da família a se deixar conquistar pelo charme do milionário. Sarah, então, fica numa situação um tanto complicada por estar noiva de Jeff e tudo só se complica mais quando o rapaz descobre a sua traição.

Logo de início a história se mostra monótona, o que contribui para deixar o espectador com uma certa má vontade com o resto do filme. Não há química entre os atores principais e a trama, na verdade, demora para “engatar”. A primeira metade do filme parece um pouco sem rumo, sem saber se envereda para o lado da comédia ou se define como um drama.

A conexão da família de Sarah com a famosa história de “A Primeira Noite de Um Homem” também perde um pouco o sentido no decorrer do filme. O fato é, primeiramente, mostrado como algo extraordinário, mas acaba por se tornar extremamente dispensável à trama. Se Katherinne, a avó de Sarah, foi mesmo a inspiração para a criação do já clássico personagem Mrs. Robinson, ficamos sem entender em que isso influi na trama.

Se “Dizem Por Aí…” tem algum mérito, no entanto, este se dá por conta da presença da veterana Shirley MacLaine no elenco. Sua interpretação da avó excêntrica de Sarah está impecável, com todo o seu ar irônico. A atriz, aliás, tem mostrado ultimamente que parece que os anos só a fizeram bem. Seus últimos papéis, ainda que em filmes não tão grandiosos, têm sido muito bem escolhidos. Já a interpretação da protagonista Jennifer Aniston é apenas boa. Como não se espera, realmente, uma atuação extraordinária da protagonista desse tipo de filme, ela acaba fazendo seu dever de casa direitinho.

Pareceu-me que na segunda metade do filme a trama foi finalmente tomando um rumo, porém o final não foi mais que previsível. Na verdade, o filme deixou aquela sensação de ter saído do nada para chegar em canto nenhum. Não se fixou em nenhum objetivo: não é uma comédia que nos faça dar boas gargalhadas e nem é um drama que nos faça refletir sobre alguma coisa. É, simplesmente, uma história medíocre que me pareceu superestimada para ter virado um filme.

Enfim, se o filme for a única opção para passar o tempo numa tarde entediada, não custa nada arriscar, pois afinal, questão de gosto não se discute. Porém, acho difícil que alguém considere “Dizem Por Aí…” algo mais do que apenas razoável. E olhe lá…

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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