Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 01 de abril de 2006

A Era do Gelo 2 – O Degelo (2006): brasileira comenda divertida animação

O bando composto pela preguiça Sid, o mamute Manny e o tigre Diego volta novamente nessa animação, que acerta em muitos aspectos, mais ainda assim não consegue superar o primeiro filme.

O primeiro comentário relevante em relação ao filme é que o brasileiro Carlos Saldanha é realmente um nome de peso em matéria de animações. Participando apenas na parte visual do primeiro filme, “A Era do Gelo”, ele volta nessa seqüência como diretor e faz seu trabalho direitinho.

Os animais agora vivem em harmonia até descobrirem que o mundo está se derretendo e eles estão prestes a enfrentar uma inundação que poderá matar a todos se não conseguirem alcançar um lugar seguro. Enquanto isso, alguns dos personagens enfrentam “dramas pessoais”: o mamute Manny se vê sentindo a necessidade de construir uma família e constatando que ele possa talvez ser o último existente de sua espécie, e Diego se depara com seu medo de água, pois não sabe nadar.

Além dos três protagonistas do primeiro filme, outros aparecem na trama. Ellie é uma mamute com uma espécie de distúrbio de personalidade (já deu pra perceber que os roteiristas capricharam nos perfis psicológicos dos animais), que pensa que é um gambá, por ter sido criada por uma família dessa espécie. Ela traz sempre consigo seus dois irmãos, Crash e Eddie, uma dupla de encrenqueiros.

O desenrolar da história é basicamente a jornada do grupo que agora contabilizam 6 integrantes, em direção à salvação da inundação. Enquanto isso, Manny começa a gostar da desequilibrada Ellie e ela acaba descobrindo que, de fato, é um mamute.

A animação em si está um trabalho simplesmente espetacular. O movimento dos personagens e a própria aparência deles mostra que os animadores foram extremamente cuidadosos com a parte visual. O toque de qualidade que já pôde ser visto no primeiro filme se repete aqui com ainda mais maestria. A Pixar pode ser hoje o estúdio responsáveis pelas melhores animações do mercado, mas a Fox (estúdio responsável por “A Era do Gelo”, “A Era do Gelo 2”, além de “Robôs”) não faz feio quando se arrisca nessa área. A escolha da trilha sonora do filme também foi bem feita, fazendo, por vezes, inclusive referências a clássicos musicais.

Apesar de muito acerto, entretanto, “A Era do Gelo 2” também peca em alguns pontos como o ritmo da história. A trama demora a engatar e algumas vezes parece se perder um pouco no seu andamento, o que não acontecia no primeiro filme. O humor da história, em geral, também está um tanto mais infantil, o que é uma excelente pedida para o “público alvo”, mas faz o filme perder pontos com os espectadores mais velhos, que se deparam, cada vez mais com animações repletas de tiradas inteligentes e excelentes piadas sutis.

O animal que pode ser classificado como uma espécie de esquilo pré-histórico, Scrat, em sua incessante luta para conseguir comer sua noz, também está novamente presente. O bichinho já havia virado marca registrada em “A Era do Gelo” e agora continua causando tragédia de proporções homéricas para ficar em paz com a sua comida. As cenas de Scrat, no entanto, poderiam ter sido reduzidas, pois acabam sendo um pouco cansativas tanto em número quanto em duração.

“A Era do Gelo 2” não possui cópias legendadas para a exibição no cinema, mas a dublagem brasileira não fez feio. Diogo Vilela, Márcio Garcia e Tadeu Melo (que torna a peculiar voz da preguiça Syd um ponto positivo do filme dublado) voltam nos mesmo papéis e Cláudia Jimenez se junta ao grupo dublando a voz de Ellie. Apesar de tudo, animações são o tipo de filme que dá pra assistir dublado sem muito prejuízo (mesmo para aqueles que não gostam desse formato).

No fim, “A Era do Gelo 2” é mais uma boa animação da safra. Apesar de suas ocasionais falhas, consegue agradar ao vasto e heterogêneo público (tarefa bastante difícil para filmes em geral). Vale a pena conferir e prestigiar o talento já consolidado do nosso conterrâneo Carlos Saldanha.

Amanda Pontes
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