Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 27 de junho de 2005

Garota Encantada, Uma

"Uma Garota Encantada" é um otimo exemplo de como Hollywood sabe torrar dinheiro. Com uma protagonista que nao gera empatia com o público, um roteiro sofrível e direção fraquíssima, o filme merece o desprezo por grande parte da crítica e do público.

“Sorri, quando a dor te torturar… Sorri, quando tudo terminar…”, Djavan, Paulinho Moska e mais um punhado de cantores da Música Popular Brasileira já interpretaram esses versos. Essa música sempre me tocou de modo especial, sempre me fez refletir e ver que a vida é um grande teatro, onde cada um de nós interpreta (para o outro) algum papel e deixa de viver o que realmente quer viver.

Mas enfim, porque diabos eu estou comentando acerca dessa música? Simples: ela sintetiza em tudo o meu sentimento sobre essa bomba que se chama “Uma Garota Encantada”. Mas calma, não vou dizer que o filme me fez refletir sobre metáforas lingüísticas e coisas desse cunho. Citei esses versos mais pelo fato literal do que pela liberdade poética do autor da música. Pois é isso que devemos fazer: sorrir quando a dor que é esse filme lhe torturar e sorrir (mais ainda) quando tudo terminar.

Vamos ao que o filme (!) se propõe a contar: Ella (Anne Hathaway) é uma criança que nasceu em um reino caricaturalmente de contos-de-fadas. Nesse mundo todas as crianças, logo no inicio de suas vidas, recebem um dom de sua ‘fada-madrinha’, mas com Ellen, a Sorte não foi muito simpática e sua madrinha acabou sendo Lucinda (Vivica A. Fox, a mesma que fez uma dos algozes da Noiva em Kill Bill), uma fada desastrada e extremamente inconveniente. O dom ofertado pela madrinha é o da obediência, ou seja, ele de inicio é uma benção, mas com o decorrer do tempo se mostra uma como uma maldição, pois assim, qualquer pessoa que mandasse Ella fazer algo a mesma faria, seja para o bem ou para o mal. Decidida a reencontrar sua madrinha, a tal Garota Encantada do título segue numa jornada para achá-la e pedir que ela retire o feitiço.

Some isso a uma história de amor ridícula, irmãs-de-criação e madrastas que, para variar, são retratas como verdadeiros exemplos, patéticos, de como o ser humano pode ser mal (pausa para a risada maléfica!), um narrador que é a cara do Willy Wonka do “A Fantástica Fábrica de Chocolates” e pronto! Você tem um dos filmes mais toscos já lançados esse ano (a produção é de 2003, mas só agora foi lançado aqui nas terras tupiniquins. Por que será?). E pensar que foram necessárias cinco pessoas para pensar nesse roteiro (meu Deus, cinco pessoas!).

Conhecendo a sinopse você pode me perguntar: ‘Mas Pedro, o filme é feito para crianças, não para marmanjos como você.’, e eu respondo com olhar de desdém por ver chamando, implicitamente, as nossas criancinhas de burras, ‘E quem foi que disse que ‘filmes para crianças’ tem que ser destruidores de neurônios? (Sim, pois se uma geração crescesse assistindo apenas a filmes deste estilo o mundo, realmente, estaria perdido)’ e ainda digo mais, se alguém tiver esse pensamento medíocre deve achar “Os Incríveis” e “Procurando Nemo” filmes mais adultos desde que o cinema foi inventado.

Defeitos à parte, o longa, enquanto encarado como ‘filme’ é ridículo. Mas, enquanto ‘filme ridículo’, é engraçadíssimo (e esse é o porquê da nota ter sido 1.0, ele, de tão ruim, me fez rir muito).

No mais, não quero me prolongar, e, neste último parágrafo, pretendo apenas reafirmar que o roteiro é tão complexo quando fazer um ‘o’ com uma quenga (putz! Estou pasmo até agora: cinco pessoas é demais!); as interpretações são tão ridículas que deixaria a Madonna e a Britney Sperars envergonhadas. A direção também não deixa por menos. E pensar que foram gastos 35 milhões de dólares para fazer esse atentado terrorista contra a Sétima Arte.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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