Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 27 de março de 2005

Grito, O

Mais uma versão americana de um horror japonês. Dessa vez não tão bem sucedida como "O Chamado", mas que pode chegar a ser interessante pra alguns (aqueles mais medrosos).

"O Grito" pode parecer chato e repetitivo, ainda mais depois do mega sucesso de "O Chamado", pois possuem cenas um tanto quanto parecidas e não chegam mais a abalar. Mais uma história tola, com um suspense nada interessante. Tanto se esperava por esse filme, muitas expectativas foram criadas, mesmo por se tratar de um remake de um sucesso japonês, mas com um resultado que não agrada em nada.

O filme fala de uma enfermeira norte-americana que vive e trabalha em Tóquio e é exposta à uma maldição sobrenatural, que prende a pessoa a um incrível poder maligno antes de poder reivindicar a sua vida, passando-o para outras vítimas. Narrado de forma não-linear, o título "Ju-on" significa um espírito de alguém que morreu num estado de raiva tão grande que, vingativo, amaldiçoa o lugar onde morreu e qualquer pessoa que entrar em contato com esse espírito, acaba morrendo também, com a maldição passando de um para o outro. Olhando assim até parece interessante, mas de sensações assim nós estivemos cheios em 2004. Infelizmente, o ano de 2005 não começa bem com a estréia de "O Grito", pois é mais um filme bastante divulgado e que engana a muitos.

O roteiro assinado por Takashi Shimizu e Stephen Susco é na verdade mais uma adaptação para as histórias convencionais onde se enfia uma americana na trama pra tornar a coisa mais aceitável. Rebuscado demais, chega a ser um pouco difícil de entender a lenda que dá origem ao filme e por ser narrado de forma não-linear, deixa tudo mais complicado, mas nada que uma atenção a mais ajude a compreender tudo.

Outro ponto muito fraco no filme são as atuações. O que falar delas se são apenas caras assustadas por todo lado? De qualquer forma, Bill Pullman consegue se destacar entre todos, pois ao contrário do resto, não dá vontade de rir da cara dele. Bill consegue realmente se mostrar perturbado e chega até a afetar um pouco nosso humor. Logo no início podemos vê-lo participar da cena mais forte do filme. Sarah Michelle Gellar não acrescenta em nada. Nem mesmo os coadjuvantes. Vale salientar que Bill Pullman faz papel de coadjuvante no filme. Enfim, vamos deixar nossa querida Sarah matando vampiros por aí ou quem sabe num suspense teen que ela terá mais sucesso.

"O Grito" é mais um exemplo de que a computação gráfica é totalmente desnecessária. O uso abusivo da computação acaba prejudicando. Talvez uma maquiagem de primeira fosse capaz de dar conta, pois quando a gente vê aquela coisa feita em computador, a gente não consegue se assustar. Aliás, o filme deveria se chamar "O Susto", pois o tempo todo e toda cena, eles tentam nos assustar de alguma forma, infelizmente sem sucesso.

Vamos torcer pra que ninguém mais invente de adaptar um horror japonês pra algo americanizado. Se não sabe fazer, deixa ele quietinho lá pelo Japão mesmo. "O Grito" não me agradou em nada, posso considerá-lo um dos piores filmes de 2004. Sim, ele estreou em 2004, mas devido aos atrasos um tanto quanto comuns, ele só veio passar agora por aqui. No mais, se quiserem assistir um suspense, não custa nada experimentar, aliás, custa, mas quem sabe saiam do cinema satisfeitos. ;D

Bruno Sales
@rmontanare

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