Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 12 de novembro de 2005

Mergulho Radical

“Mergulho Radical” não tem nada de novo e muito menos algo a acrescentar ao cinema. Um começo visualmente bonito acaba se perdendo pela previsibilidade. Nem chego a dizer “clichezagem”, pois têm filmes que se servem do clichê, mas fazem melhor.

Filme-pipoca?! Não, as queridas pipocas não merecem tal comparação. Ele é muito ruim até pra ser um pipocão, pois não tem diversão alguma e se torna até inviável para ser apresentado em sessões durante a tarde, haja vista que tem mais ou menos duas horas de projeção, o que gastaria muito tempo nas tardes das pessoas. Fica nisso, algo sendo aproveitável para nada, nem simplesmente para ser comparado a filme-pipoca.

Muitos estúdios em Hollywood estão abrigando coisas que não acrescentam nada ao mundo cinematográfico, isso é fato. “Mergulho Radical” vai além. Ele retira esperanças que um dia esses filmes de ação trarão algo empolgante para um público mais interessante, além de somente vender e vender.

Tudo gira em torno de um grupo de amigos e namorados que, em seus mergulhos acabam descobrindo objetos valiosos. Atiçados por Jared (Paul Walker, de “Velozes e Furiosos”), o resto de seus companheiros acreditam ter mais coisas e um navio pirata, o qual há muito tempo está naufragado no local. Para isso, precisam de equipamentos caros e se envolvem em tramas arriscadas. Jared e sua namorada Sam (Jéssica Alba, de “Sin City”) resolvem sair da trama, mas já estão deveras envolvidos, porque tudo que envolve dinheiro fácil vem junto com salafrários, armas e mortes. Vale citar também a insaciável ganância dos outros dois integrantes da “equipe”.

Nem em sua premissa o filme chega a empolgar. A única coisa que ainda pode empolgar é a beleza dos protagonistas. E têm glamour facial e corporal para ambos os sexos. Por falar em beleza, outras pequeninas situações chegam a empolgar. No começo, quando o filme estava moroso até demais, várias cenas lindíssimas de praias e paisagens são mostradas ao som de uma trilha sonora boa. Alguns closes são imperdíveis e, diga-se de passagem, desnecessários no contexto principal do filme, mas já que a plenitude da Jéssica Alba estava ali, resta aproveitar e apelar.

Aquaman… é isso que Paul Walker se torna nesse filme. Não sou especialista, mas acho que ele passa muito tempo dentro d´água, sem equipamentos, para um ser humano. Prefiro muito mais ele pilotando os carros tunados de “Velozes e Furiosos”. Nem de longe vemos nele resquícios de bom ator. Eu até pensei em dar uma chance, quem sabe, para seu rostinho bonito em uma comédia romântica. Nãaaao, melhor não! Nada demais e nada de menos é Jéssica Alba. Se eu pudesse me reportar a falar dos atributos corporais da moça nessa crítica, tudo bem, mas é um pouco antiético e não representa nada ao cunho verdadeiro do texto. Representa muita beleza para atrair o macharal para dentro das salas de projeções, isso sim.

Eu costumo analisar os personagens principais, mas dessa vez cabe falar dos outros dois protagonistas. Scott Can (“Onze Homens e Um Segredo”) e Ashley Scott (“Com as Próprias Mãos”) – olha, eles têm os nomes em comum – são Bryce e Amanda, respectivamente. Ruins… pronto, analisei! Muito fracos, não trazem empolgação alguma ao gênero, nem quando são submetidos a fáceis diálogos – nesse quesito ela se demonstra pior do que seu colega.

O filme não tem pretensão alguma e com certeza só deve ter sido feito pra mover elenco ou para Jéssica Alba ‘pegar’ um bronze. No final das contas vi um “blah-blah-blah” muito besta e mal explorado. É isso que o filme faz: enchimento total de lingüiça. O clímax, que poderia até ser algo legalzinho, foi muito mal encaminhado pelo diretor John Stockwell (ele participou como ator em “Top Gun – Ases Indomáveis”). Foi tentando fazer uma trama inteligente e surpreendente, que tropeçou em uma série de erros e acabaram se entrelaçando praticamente sozinhos; um nó sem desate. Precário demais!

Filme fraco que teve algumas cenas salvas pela lindíssima paisagem e algumas tomadas de câmera bem feitas dentro d´água. Parabéns para a equipe responsável e Framboesas de Ouro para quase todo o resto. Muito deplorável e fraco além da conta. Ei pessoal, por favor, vê se na próxima apela menos nos closes na Jéssica Alba e faz um filme mais curto para que a sensação de querer sair logo do cinema seja mais rápida. Ficaria muito agradecido. De antemão, obrigado!

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

Compartilhe

Saiba mais sobre