Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Morte Lhe Cai Bem, A

Uma comédia totalmente fantasiosa, mas que consegue satirizar um tema bastante real: a busca pela eterna juventude. “A Morte Lhe Cai Bem” é um bom divertimento para quem está procurando alguns risos sem compromisso.

Helen é uma aspirante a escritora noiva de um renomado cirurgião plástico. Sua vida parece perfeita até que sua amiga Madeline, uma atriz cheia de estrelismos rouba seu noivo e a deixa arrasada. Helen, então, chega ao fundo do poço, obesa e infeliz, mas anos depois ressurge com um livro de sucesso e parecendo mais linda e jovem do que nunca.

Madeline, então, fica inconformada de ver que sua amiga vive na glória enquanto ela, tão vaidosa, sofre a degradação da velhice. Devido a coincidências do destino, entretanto, Madeline é levada à misteriosa Lisle Von Rhoman (papel que caiu como uma luva na bela atriz Isabella Rossellini), uma mulher que lhe oferece uma estranha poção, que lhe fará rejuvenescer e permanecer assim para sempre.

O que Madeline não esperava, no entanto, é que depois de ter tomado a poção, sofreria um acidente nas escadas de sua casa e acabaria “morrendo”. A atriz fica, então, uma espécie de morta-viva, sofrendo a deecomposição da morte aos poucos, mas agindo ainda como se estivesse viva. Ao assassinar friamente sua ex-amiga e agora rival, Helen, ela acaba descobrindo que esta também tinha tomado a poção e as duas passam a dividir o mesmo estado peculiar.

As cenas em que Meryl Streep e Goldie Hawn – as duas protagonistas – estão juntas oferecem ao espectador umas tiradas bem interessantes. Bruce Willis, que interpreta o inerte Ernest, o motivo original da disputa entre as duas mulheres, também empresta ao seu personagem um tom que quase chega a beirar o ridículo: no desenrolar da história, Ernest, que depois de ter se separado de Helen tinha deixado de ser cirurgião e se tornado maquiador de cadáveres, é obrigado pelas mulheres “mortas” a fazer a manutenção de suas aparências, já que começam a aparentar sintomas que denunciam sua “condição’. Ernest se torna tão necessário às duas mulheres nesse ponto que elas tentam fazer com que ele também tome a poção, mas sem sucesso, já que o ex-médico tem na sua frente a prévia dos efeitos avassaladores desse tipo de “vida eterna”.

Os efeitos especiais utilizados no filme são um tanto, digamos primitivos, já que tendo sido lançado no começo da década de 90, não contava com a tecnologia que estamos acostumados a ver hoje, mas a parte que esse aspecto compromete é pequena.

Os integrantes do elenco principal estão muito bem sincronizados entre eles. Goldie Hawn já é uma figura constante nas comédias e Bruce Willis, embora seja tido como uma astro de ação, também já tem uma cota considerável de filmes do gênero. Meryl Streep, no entanto, é a grande surpresa. Conhecida por seus densos papéis em dramas, ela mostra que também tem uma veia cômica.

No resto, nada foge muito dos padrões de uma agradável comédia. O roteiro, repito, é fruto de uma imaginação fértil. Existe até uma passagem em que em uma festa promovida para todos os usuários da poção da juventude, estão presentes grandes astros como Marilyn Monroe e Elvis Presley, que teriam simulado sua morte, mas na verdade viveriam na sua eterna juventude.

“A Morte Lhe Cai Bem” é uma boa pedida para quem está procurando um bom passatempo que lhe renda aquele tipo de diversão descartável. Só uma última consideração: a última cena é impagável, as duas mulheres, já decrépitas caem da escada e têm que juntar as partes de seus corpos espalhados pelo chão.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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