Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 08 de julho de 2005

Quarteto Fantástico

Apesar de ter sido a grande aposta para a bomba do ano, o filme me surpreendeu já que, se por um lado não emociona e é péssimo, por outro ele é uma boa diversão. Até agora, o pior filme ainda ficou para "O Grito".

Vamos logo ao que interessa: esta produção feita explicitamente para engordar a (enorme) lista de filmes-pipoca é boa? Depende do ponto de vista.

Há duas maneiras de analisar “Quarteto Fantástico”: uma pelo lado cinematográfico da coisa e pelo lado diversão. Ele, pelo aspecto cinematográfico é péssimo, muito, mas muito ruim mesmo. Possui tomadas que aproximam-se das tosquices de Ed Wood e gravíssimos erros de continuidade. Já pelo lado diversão é outro esquema. O filme é diversão pura e agrada até quem nunca nem ouviu falar dos Fantásticos. As cenas de ação são realmente muito bem feitas e, assim como “Guerra dos Mundos”, ganha sua simpatia nem que seja no grito (já que os efeitos sonoros são magníficos).

A história é sobre quatro pessoas que vão para o espaço a fim de tentar entender o nosso DNA (!). Após sofrer um acidente e ter suas moléculas alteradas, os cinco tripulantes da nave passam a poder usufruir de poderes especiais. Sue Storm (Jéssica Alba, que, assim como sua xará Jéssica Biel, surgiu do nada e começou a estrelar arrasa-quateirões) adquire o poder de ficar invisível e de criar campos de energia (algo parecido com o que Violeta de “Os Incríveis”); seu nome de heroina é Garota Invisivel. Reed Richards (Ioan Gruffudd) é o cabeça do grupo e que adquire o poder de ser esticar; seu nome na trupe é Sr. Fantástico. Johnny (Chris Evans) é o irmão de Sue e que adquire o poder de tocar fogo em seu corpo; seu nome de guerra é Tocha Humanda. E, finalmente, Ben Grimm (Michael Chiklis) que se torna um homem feito de pedra e que, por conseguinte, adquire uma força descomunal e é batizado de O Coisa. Entretanto, como era de se esperar, temos o vilão da história: Victor Von Doom, o cientista inescrupuloso e ricaço que sonha em ter em seus braços Sue. Seu nome após sua transformação se torna Dr. Destino.

Entretanto, apesar do longa ser uma boa diversão, ele sofre muito com a similitude entre um outro longa que, diferente deste, é excelente: “Os Incríveis”. É lógico que o primeiro lugar onde apareceram pessoas com esses poderes não foi no roteiro de Brad Bird e sim nos personagens de Stan Lee. Mas, como quase tudo na vida não é flores, acabou levando o “crédito” o filme de Brad Bird, tendo em vista que ele foi lançado bem antes.

Algo que chama atenção é a boa utilização dos efeitos especiais. Em praticamente todas as cenas, a fusão entre CGI e pessoas reais quase nunca é percebida, seja ela aplicada em momentos em que o grupo age em conjunto (como a cena da ponte) ou quando explicitam seus poderes quando estão só. Creio que o único personagem que não se deu tão bem quando o assunto é poderes-fantásticos-apresentados-de-forma-real foi Reed. Apesar dos efeitos terem sido bem interessantes e até, de certo modo, críveis, é um tanto quanto estranho para nós ver um braço que entra pode debaixo do vão entre uma porta e o chão (!!).

Além das constantes piadinhas proferidas por Johnny, outro fator que contribuiu fortemente para o ar infantil do filme foi sua trilha sonora. Se me dessem ela para eu escutar e não me dissessem do que era, apostaria meu braço como era de algum desenho animado, tamanha a quantidade de sons característicos de produções deste naipe, já que só faltou o POW, BUM, SOC, durante as lutas, para ser um episódio da série de TV do Batman (aquela que tinha o Batman um pouco acima do peso).

Não vou nem me arriscar a fazer algum comentário acerca das atuações, já que quem vai ver um filme deste cacife não espera densidade dramática ou momentos em que a emoção venha à tona. O público desse tipo de filme quer apenas ir ao cinema, comprar sua pipoca (muito cara, por sinal!), sentar-se confortavelmente em sua poltrona e se entreter durante duas horas.

No mais, creio que este “Quarteto Fantástico” não irá sair mal das bilheterias. O filme é até bem feito e até que, dependendo do preço, vale o ingresso. Assista sem preconceitos ou um olhar mais crítico; pode ser que você, assim como eu, se divirta e dê algumas risadas.

Pedro Marques
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