Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 01 de agosto de 2005

Sin City – A Cidade do Pecado

A melhor adaptação de histórias em quadrinhos. Logo, por si só, já nasce clássica e digna de todos os adjetivos bons que estão lhe dando.

UM VERDADEIRO ESPETÁCULO VISUAL, NARRATIVO E CINEMATOGRÁFICO!!. Infelizmente não vejo outra forma de me expressar a não ser me entregando ao que 9 entre 10 críticos estão falando sobre “Sin City – A Cidade do Pecado”, o melhor longa do diretor texano Robert Rodriguez e co-dirigido por um gênio do universo dos quadrinhos, Frank Miller.

Para quem não conhece as histórias (são três plots – quatro, se considerarmos a introdução e o prólogo) vamos a um breve resumo delas:

A Cidade do Pecado: a mais interessante, humana e explosiva das três, esta conta a saga de Marv (Mickey Rourke, onde provavelmente será resgatado do limbo de Hollywood assim como foi John Travolta em “Pulp Fiction”), uma montanha de músculos que se mostra altamente apaixonado e vingativo quando o nome de Goldie (Jamie King), a única mulher que ele amor, é pronunciado. Ela é, nas palavras de Marv, “uma deusa e tem o perfume dos anjos”; entretanto, o relacionamento desta deusa vai muito além de amor ou paixão.

A Grande Matança: se configurando como a menos empolgante das três, ela conta a história de Dwight (Clive Owen), um homem ressentido com o amor e que está vivendo um momento delicado de sua vida cuja está entregue ao álcool e às mulheres. Após conhecer Shelley (Britany Murphy, a menos inspirada de todo o elenco), uma garçonete que, assim como todas as mulheres de Basin City – cidade apelidada de Sin City -, faz o estilo de femme fatale, Dwight vive uma série de infortúnios em sua caçada a Jackie-Boy (Benício Del Toro), o homem que atormentava a paz de Shelley. O que é de início um caso passional, acaba gerando um possível tormento às cidadãs (leiam-se: prostitutas que sabem se defender muito bem) da Cidade Velha, uma espécie de “zona” de Basin City.

O Assassino Amarelo: considerada uma das melhores graphic novels do universo de Sin City, nela conhecemos a história de Hartigan (Bruce Willis), talvez o único policial correto de Basin City e que está prestes a se aposentar. Entretanto, Hartigan se envolve em um caso de um homem que estupra e mata garotas por volta dos 10 anos. Após conseguir salvar Nancy (vivida em cena quando criança por Makenzie Vega e mais adulta por Jessica Alba) das garras deste assassino vai parar atrás das grades em detrimento de manipulação do pai do assassino, um homem poderoso e influente de Basin City. Mas, anos depois, se vê na necessidade de proteger Nancy e coloca sua vida em risco novamente.

Uma vez explicadas as histórias, é necessário um alerta: “Sin City” não é um filme para todos. Está longe de ser um blockbuster de férias como “Guerra dos Mundos” ou “Quarteto Fantástico”. Para o público comum, pode ser difícil se identificar com a violência no filme. Assim como em “Kill Bill”, ela vem de modo estilizado, cartunesco; algo que com certeza não é muito bem vindo pela grande massa. Portanto, “Sin City” pode não encontrar refúgio nos corações dos freqüentadores de cinema de fim-de-semana ou quem está apenas à procura de um filme para passar o tempo. Portanto, pode esperar as enxurradas de pessoas criticando a famigerada ‘violência gratuita’ (este tema deixemos para debatê-lo depois… ele dá muito pano pra manga).

Não obstante, se ele pode não ser bem visto sob o olhar das massas, é infinitamente bem recebido pelas pessoas que conhecem ou que tem o mínimo de bom senso para entender o porquê de “Sin City” ser daquele jeito (com direito a sangue branco e tudo mais).

Quanto à direção de Rodriguez, só se tenho elogios a fazer. Em momento algum ele deixou a peteca cair, sempre proporcionando emoções a quem está assistindo. Outro ponto que é de extrema relevância quando citamos a sua direção é a sua opção feliz em contar as três histórias de modo isolado, mas, que em determinados momentos, denunciam que tudo estava ocorrendo aproximadamente no mesmo tempo (algo que fez com que Basin City aumentasse sua áurea de “cidade do pecado”). Sem optar por edições moderninhas ao apresentar os plots, Rodriguez cria uma segurança do expectador ao acompanhá-las, já que alguém inexperiente no universo criado por Frank Miller poderia facilmente abandonar o filme se elas fossem contadas ao mesmo tempo, o que provavelmente deixaria o filme confuso.

No âmbito dos efeitos especiais, é incrível como embora em alguns momentos pareça uma história em quadrinhos em movimento (algo que com certeza foi proposital), em momento algum eles soam falsos ou mal-acabados.

O elenco de destaque está soberbamente bem em seus papeis. Todos interpretando personagens movidos por alguma presença feminina. Mickey Rourke, Clive Owen, Benício Del Toro e Bruce Willis se mostram com toda a virilidade e imponência que os personagens dos quadrinhos possuem. Isso sem contar que a atmosfera noir que cada um possui ao surgir na tela é de impressionar.

E, se o elenco principal está maravilhoso, não temos do que reclamar do secundário: Elijah Wood está muito bem no papel de Kevin, assim como Carla Gugino, intérprete de Lucille e Rosário Dawson que vive a prostituta Gail na tela.

No mais, este novo filme de Rodriguez é maravilhoso e, se por um lado pode ser rejeitado pelo grande público, por outro é a mais perfeita adaptação de alguma graphic novel já feita para o cinema. Em outras palavras: uma obra que já nasceu clássica. Um conselho de amigo: se desligue do mundo real (bem “Matrix” hein?) e se entregue por completo para a experiência de assistir a “Sin City”. Garanto que, se você se entregar, a diversão é mais do que garantida.

OBS: Tem uma pequena cena dirigida por Quentin Tarantino, diretor especialmente convidado e que trabalhou pela bagatela de 1 dólar. A cena é um diálogo entre Dwight e Jackie-Boy dentro de um carro em movimento.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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