Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 12 de novembro de 2005

Thelma e Louise

"Um filme para mulheres" é o que pode ser o primeiro pensamento de muitos sobre "Thelma e Louise", mas basta ter a boa vontade de dedicar duas horas a essa simpática película para mudar a equivocada primeira impressão.

"Um filme sobre mulheres" seria, no caso, uma definição bem mais adequada.

Thelma e Louise, cansadas da vida que levam (Thelma é dona de casa e Louise é garçonete), decidem fugir da rotina e juntas resolvem jogar tudo pro alto numa viagem de carro pelo país. O que teria tudo pra ser mais uma historinha tipo "sessão da tarde" se transforma num trama cheia de reviravoltas e surpresas.

Thelma sofre uma tentativa de estupro e mata um homem. Depois conhece e se envolve com JD (um Brad Pitt ainda iniciante na carreira) que se revela não ser nem um pouco confiável. Já Louise, enquanto tenta consertar os estragos que a amiga causa tem ainda que resolver seu relacionamento um tanto complicado com o parceiro Jimmy (Michael Madsen). Apesar de as duas se tornarem verdadeiras criminosas durante o desenrolar da história, não tem como não torcer pela dupla, competentemente interpretada por Susan Sarandon e Geena Davis.

Harvey Keitel (Pulp Fiction, Cortina de Fumaça), que interpreta um policial empenhado e ajudar as protagonistas, também está muito bem em seu papel de coadjuvante. Aliás, Keitel é o tipo do ator que está sempre exibindo atuações espetaculares, ainda que em papéis pequenos.

O filme nunca cai na mesmice, tendo sempre "ganchos" espetaculares, como a cena em que as duas, revoltadas com os gestos obscenos dirigidos a elas por um caminhoneiro, explodem o caminhão do homem sem pensar duas vezes.

O que mais encanta nesse filme é o questionamento que muitos fazem: “Por que largar uma vida perfeitamente calma e normal para se meter num verdadeiro caos de acontecimentos?". A verdade que percebemos ao assisti-lo, no entanto, é que uma vida cheia de tédio e acomodação pode ser bem pior que uma aventura totalmente sem previsão. Thelma e Louise, em seu ponto de vista, se descobrem pessoas sem nada a perder e acabam vivendo muito mais intensamente nos seus dias de fugitivas que em toda a vida "perfeitinha" que levavam.

O filme Ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter recebido outras 5 indicações: Melhor Diretor, Melhor Atriz (Geena Davis e Susan Sarandon), Melhor Montagem e Melhor Fotografia.

Quanto ao desfecho, não poderia ter tido melhor, mais inesperado e ao mesmo tempo a única opção condizente com as personagens e com o que elas viveram durante sua jornada. Para não correr o risco de estragar o filme para os que não assistiram, não vou deixar nada explícito quanto ao final, mas posso dizer algo com toda certeza: Não decepciona.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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