Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Viúva da Colina, A

Com a presença da bela Natasha Henstridge, numa mistura insossa de novela e cinema, o “A Viúva da Colina” não passa de mais uma produção, cuja lembrança na mente do espectador durará o tempo de seu consumo, como um sanduíche com queijo e presunto.

O argumento é simples, apesar de se embaralhar nas últimas partes do filme. Uma mulher atraente, Linda, começa a trabalhar como enfermeira numa bela casa na colina e lá se aproxima de Hank (James Brolin), marido de sua paciente. Após a morte da esposa, a relação entre os dois se intensifica, fato que gera uma instabilidade com os filhos e novos problemas, que culminam com a morte de Hank.

A aceitação do filme pelo público é depositada em Natasha, atriz que por si só já arregala os olhos da afoita audiência masculina, e na tensão criada para se descobrir o mistério que envolve a morte de Hank, vivido por James Brolin.

Apesar de o longa ser tecnicamente bom, como boa parte das produções americanas, a trama é tão cheia daqueles pequenos elementos dramáticos artificialmente espalhados pelo filme que são poucos os momentos em que o espectador esquece que está assistindo a uma produção cinematográfica. Em alguns momentos, senti a impressão de estar vendo a novela das oito com minha tia.

O maniqueísmo presente na maldade exagerada da vilã Linda, personagem da loirona Natasha Henstridge (A Experiênci, Meu Vizinho Mafioso) esmagou todas as minhas dúvidas: eu estava vendo uma novela. Aquela vilã tão má só poderia ter saído de uma produção global. Digo isso não apenas do ponto de vista da construção polarizada dos personagens, classificadas convenientemente em boníssimas ou super-más, mas também pela extrema obediência do diretor Peter Svatek à linguagem narrativa dominante.

O elenco se salva pela presença de Jewel Staite, que interpreta Jenny, filha de Hank. Cabe aqui a observação de que não é preciso esperar uma atriz se conhecida aos nossos olhos (e grande parte das vezes não ocorre) para depois elogiá-la. A personagem Linda, vivida por Natasha Henstridge, nada mais é do que a atriz Natasha atuando frente às câmeras, uma atriz sendo filmada. Os demais atores devem agradecer aos criadores do famoso cristal chinês, por fazê-los se “emocionar” tão facilmente.

Em síntese, se você estiver à procura de umas ceninhas sensuais e melodramáticas vividas por uma loira sedutora, fria e má, muito má, passe na lanchonete e peça um sanduíche. Bom apetite.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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