Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 13 de fevereiro de 2021

Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre (Netflix, 2021) – todo mundo precisa crescer

Terceiro filme encerra a história de amor entre Lara Jean e Peter Kavinsky com um olhar muito mais maduro sobre a vida e sem perder o toque de graciosidade que sempre acompanhou a franquia.

Em 2018, o lançamento de “Para Todos os Garotos que Já Amei” elevou a popularidade das comédias românticas originais da Netflix. Com o carisma dos seus protagonistas e uma história redondinha, a franquia seguiu em crescimento desde então. Três anos depois, a trilogia chega ao fim em “Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre”. Michael Fimognari, que já tinha dirigido o segundo filme, está de volta para o último ato desta história de amor sobre o relacionamento de Lara Jean Covey (Lana Condor) e Peter Kavinsky (Noah Centineo).

Agora no último ano do Ensino Médio, o casal continua junto, mais feliz do que nunca e com um plano traçado para entrarem juntos na Universidade de Stanford. Ambos estão em um período de transição, esperando com ansiedade o futuro acontecer e aproveitando a formatura na medida do possível. Porém, nem tudo acontece do jeito que a jovem sonha: ela foi rejeitada pela instituição e se apaixona perdidamente por Nova York após uma visita com todos os formandos, passando assim a incluir a universidade local como uma das possibilidades para o seu futuro. Fica o questionamento da vez: estudar perto de Peter, se formar, casar e ter filhos ou se graduar em NY e ter que construir o seu futuro um dia de cada vez?

Essa dúvida é o mote central do roteiro de Katie Lovejoy (em seu primeiro longa-metragem), que também é baseado na série de livros de Jenny Han. Na obra anterior, o principal problema na vida de Lara Jean era escolher entre o amor de Peter e John Ambrose. Agora, a decisão é centrada ao seu futuro, a sua carreira e como ela planeja os seus próximos passos.

O drama exagerado segue muito bem encaixado na franquia como um elemento cômico, afinal, qualquer decisão se transforma em algo muito grandioso na cabeça de Lara Jean. Ela sempre aumenta a gravidade dos seus problemas por pura ansiedade, como qualquer adolescente já fez. É a mesma garota de sempre, mas se permitindo a pensar de uma maneira muito mais madura.

­­Como em qualquer filme de comédia romântica adolescente, os personagens não se conversam e preferem deixar as coisas acontecerem para resolver depois. Este elemento negativo retorna, desta vez, com a enrolação da protagonista para contar que não foi aprovada. Isso cria uma tensão que o espectador já sabe como vai acabar, mas que leva um bom tempo para ser finalizada.

Mesmo com cerca de 2 horas de duração, o filme ainda tem alguns plots secundários que são deixados de lado. A relação entre Peter e o seu pai (Henry Thomas), que tenta uma reaproximação após sumir durante boa parte da vida do garoto, é deixada de lado após pouco tempo de tela. O mesmo acontece com as irmãs de Lara, que aparecem apenas para cumprir tabela.

“Para Todos os Garotos: Agora e Para Sempre” cuida prioritariamente sobre o relacionamento entre Lara Jean e Peter, mas também aborda temas mais grandiosos como a necessidade de amadurecer e tomar decisões difíceis, que fogem da zona de conforto. Em seu melhor momento, a trilogia termina igual a sua protagonista: madura, decidida e apaixonante.

Fábio Rossini
@FabioRossinii

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