Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 27 de agosto de 2019

LEGO House – Home of the Brick (Netflix, 2018): construção com coração

Documentário ilustra o processo de idealização, construção e inauguração da LEGO House, museu da empresa localizado na Dinamarca. Ao mesmo tempo, conta um pouco das origens dos brinquedos LEGO e do impacto mundial que causou.

Em 2017, a LEGO inaugurou a LEGO House na cidade de Billund, Dinamarca. É um museu interativo com exposições, atividades e até restaurantes construídos em volta dos famosos tijolinhos que incentivam criatividade e são parte da vida de tantas pessoas. Detalhando o processo de design e construção, o documentário “LEGO House – Home of the Brick” (“Casa LEGO – Lar do Tijolo” em tradução livre) chega à Netflix.

O projeto, tendo como centro o tijolo mais clássico da LEGO, o de 2×4, possui dois andares que alojam quatro áreas distintas, cada uma ilustrada por meio de cores numa edição competente, mesmo que nada avançada. Aliás, é necessário deixar claro que não há nada de grandes avanços na linguagem documental cinematográfica nesta obra, mas ela é eficiente em levantar e transmitir dados de maneira didática e objetiva, conseguindo apelar para a emoção em alguns momentos sem ficar piegas.

O estreante diretor Anders Falck passeia pela sede da LEGO, entrevistando diversos funcionários responsáveis por diferentes departamentos, e consegue passar bastante tempo com o ex-CEO da empresa, Kjeld Kirk Kristiansen, com quem aprendemos que a companhia nasceu com seu avô e, desde então, se mantém gerenciada pela família. Desde o início, com depoimentos bem colocados, cria-se uma conexão com Kristiansen por meio do valor sentimental que o mesmo põe no projeto. Não é à toa que a cidade de Billund foi escolhida, já que a empresa começou lá, onde a família mora.

Isso torna o que seria algo parecido com um “making of de uma construção” em algo engajador e divertido enquanto discorre sobre os desafios oriundos do design proposto. Entrevistas com o arquiteto chefe Bjarke Ingels e seus engenheiros também enriquecem o processo de conhecimento do que estava envolvido. Ao mesmo tempo, nunca é tenso ou enervante, mesmo com grandes atrasos se fazendo necessários. O clima que permeia a obra é leve.

A obra ganha pontos ao ilustrar o impacto dos tijolinhos LEGO na vida de várias pessoas ao redor do mundo, que se juntam numa convenção anual para exibir suas impressionantes e diversificadas construções, dando credibilidade aos vários depoimentos que dizem que se pode fazer arte com LEGO. Esse equilíbrio entre ilustrar a importância do brinquedo na vida de pessoas que não estão ligadas com a produção dos mesmos eleva a relevância do museu, que possui uma galeria para exibir trabalhos desses fãs. O longo e árduo processo de construções gigantes feitas de peças LEGO também é ilustrado quando a própria empresa decide criar uma enorme árvore para ser a peça central do museu, abrindo espaço para que os funcionários que a fizeram se tornar realidade pudessem falar de seus sentimentos e dedicação para com a empresa, ainda mais quando as câmeras os mostram nervosos e ansiosos pela aprovação de Kristiansen.

Fechando com a bem-sucedida inauguração, o documentário diverte ao ilustrar o impressionante projeto que cobre uma área de 12.000m², com restaurantes onde esteiras e robôs feitos no estilo LEGO servem a comida e com áreas interativas espelhadas por todo o lugar. Essa última descrição pareceu um press release? Bem, o filme também parece um, mas em formato de vídeo, o que era esperado, e não impede qualquer fã de LEGO de aproveitar os 47 minutos de duração.

Bruno Passos
@passosnerds

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