Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 27 de julho de 2015

Carrossel – O Filme (2015): crianças da Escola Mundial chegam às telonas

Mesmo com problemas, adaptação de novela infantil resgata clima de uma infância mais ingênua.

Carrossel é uma novela mexicana que marcou época no Brasil no início dos anos noventa. Milhões de crianças vibraram e sofreram com as desventuras da Professora Helena e a turma formada por crianças adoráveis, como Cirilo, Daniel, Davi, Valéria, Laura, Jaime, entre vários outros. Quase duas décadas depois, em 2012, o SBT, canal responsável pela exibição da novela original, fez a sua própria versão nacional, com grande sucesso. Tanto que agora em 2015, quase dois anos após o fim da novela, os alunos da Escola Mundial chegam aos cinemas, para a alegria de uma nova geração de crianças.

O filme tem início no exato momento em que se encerra o período de aulas, abrindo caminho para as esperadas férias no acampamento Panapaná, uma tradicional colônia de Férias que pertence ao avô de Alicia (Fernanda Concon). Porém, algo terrível ameaça esses planos: o ameaçador Gonzales (o cantor Paulo Miklos dos Titãs) e seu fiel assecla Gonzalito (Oscar Filho) querem, de todas as maneiras, sabotar o acampamento para destruí-lo e construir uma fábrica em seu lugar.

O roteiro é bastante simples e genérico, voltado para o público infantil que acompanha o programa na tevê. Chega a ser lamentável que alguns profissionais que criam para esse público ainda pareça acreditar que a única mensagem educativa que pode ser transmitida para crianças seja a de proteção do meio ambiente. Apesar disso, o filme acerta ao se dedicar naquilo que melhor funciona: a química entre o elenco. Não que sejam atores-mirins promissores ou jovens talentos já consolidados, longe disso. Entre tais acertos, estão a leve “paixonite” que as meninas sentem pelo voluntarioso Alan, ou as sempre malfadadas investidas de Cirilo em Maria Joaquina. Felizmente, as crianças são expressivas e carismáticas o bastante para nos fazer esquecer alguns diálogos sofríveis, ou cenas construídas de forma mecânica e genérica, aparentemente sem qualquer inspiração.

Infelizmente, nem mesmo o núcleo adulto do elenco tem capacidade de realizar um bom trabalho com um material tão pobre, que transforma todos aqueles personagens em seres unidimensionais, rasos e clichês. O único que merece uma menção minimamente positiva é Paulo Miklos, que parece se divertir horrores com seu vilão caricatural. As caras e bocas exageradas e histriônicas são certeiras para aquele personagem capaz de vilanias “terríveis” como cortar o cabo de uma tirolesa de três metros de altura ou colocar tinta no poço para que as pessoas que tomam banho fiquem coloridas. Outro que oferece aquilo que o papel pede, mas com um pequeno ar de constrangimento, é Oscar Filho. Gonzalito é um típico braço-direito do vilão, completamente estúpido, mas que sempre segue fielmente aquilo que seu patrão lhe ordena.

Mesmo com tantos problemas, tão comuns nas adaptações cinematográficas de programas televisivos, “Carrossel – O Filme” possui um mérito indiscutível: é capaz de fazer com que os pais daqueles a quem o filme é destinado sejam capazes de lembrar o clima de filmes da sua infância, com piadas e “dramas” repletos de inocência e ingenuidade.

David Arrais
@davidarrais

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