Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 07 de outubro de 2013

Tá Chovendo Hambúrguer 2 (2013): um arroz com feijão bem simpático

Com seu visual espalhafatoso e personagens carismáticos, esta continuação da produção de 2009 diverte e só. Mas no fim, é mais que suficiente.

ta-chovendo-hamburguer-2-posterAssim como no primeiro longa, os créditos iniciais deste “Tá Chovendo Hambúrguer 2” o descrevem como “Um filme de um bocado de gente”, indicando de cara o espírito mais brincalhão e despojado que a franquia imprime. Mesmo sendo uma sequência direta do original, começando apenas poucos segundos após o fim da primeira aventura, não há muita necessidade de revisitar aquele filme, até porque a própria produção se encarrega de dar uma pequena recapitulação dos últimos acontecimentos.

Após a máquina de comida do atrapalhado inventor Flint Lockwood dar xabú e quase afogar o mundo em macarrão e cheeseburguer, a cidadezinha onde ele e seus amalucados vizinhos moram precisa de uma bela limpeza. Eis que chega o ídolo de Flint, Chester V, e sua LiveCorp para evacuar a população e lhes dar novas acomodações enquanto arrumam a casa, com o protagonista até conseguindo emprego como inventor na companhia.

Mas o maleável Chester V tem outros planos para os restos da máquina de comida de Flint, que começou a gerar animais feitos de comida. Manipulando o herói, Chester o envia para encontrar a máquina na selva alimentar que antes ele e seus pitorescos amigos antes chamavam de lar.

Mesmo com uma nova equipe por trás das câmeras, com a dupla Cody Cameron e Kris Pearn assumindo a direção, a grande força por trás de “Tá Chovendo Hambúrguer 2” são os personagens do capítulo anterior. Isso porque, por mais previsível e batido que seja o plot geral elaborado por John Francis Daley, Jonathan M. Goldstein e Erica Rivinoja (os dois primeiros de “Quero Matar Meu Chefe”, ela de “South Park”), o riso fica garantido por conta do absurdo daquelas figuras e das situações em que elas se metem.

O mundo onde a narrativa se passa tem pouquíssimos compromissos com o real, sendo um lugar onde a ciência permite quase tudo acontecer, o que já dá certa liberdade criativa para os autores, algo que eles não hesitam em aproveitar, seja visual ou textualmente. O mais próximo que você verá aqui de uma crítica social é o fato de que Chester V e a LiveCorp lembram e muito Steve Jobs e a Apple. De resto, o filme não se preocupa muito com isso e embarca no non-sense, até mesmo reconhecendo os clichês nos quais o roteiro investe.

O design de personagens e o desenho de produção são bem interessantes, contrapondo muito bem os três principais mundos nos quais embarcamos durante a produção (a cidade dos comidanimais, o ambiente urbano e a LiveCorp) são absolutamente diferentes entre si, especialmente quando comparamos a claustrofobia quase kafkaniana das novas acomodações de Flint e seus amigos com os ambientes abertos e coloridos do habitat das novas formas de vida baseadas em comida.

Por falar nisso, louve-se o esmero dos artistas na criação dos bichos, que são de uma originalidade tremenda, que se encaixam muito bem com os personagens caricatos e quase de borracha já estabelecidos na franquia. O ingênuo e inventivo Flint continua um protagonista deveras simpático, com a competência do dublador nacional Alexandre Moreno na composição de seu jeito afobado.

As interações de Flint com os seus excêntricos amigos e sua intrépida namorada Sam Sparks carregam o filme nas costas e geram os melhores momentos da projeção, enquanto o macaco Steve e o policial durão Earl roubam a cena todas as vezes em que aparecem (a cena da lágrima – já mostrada no trailer – é de chorar de rir).

Completamente descompromissado com qualquer coisa além da pura comédia , “Tá Chovendo Hambúrguer 2” é bem divertido, embora também esteja longe de ser um filme dos mais marcantes. Ideal para um domingão preguiçoso com os pequenos.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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