Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 22 de janeiro de 2011

Zé Colmeia – O Filme

O famoso personagem dos desenhos animados ganha a sua tão sonhada versão nas telonas.

Zé Colmeia é um dos personagens que remonta a um dos períodos mais felizes da maioria das pessoas, a infância. Ele, que durante muito tempo fez a alegria da criançada com os seus desenhos animados, agora ganha uma versão no cinema repleta de aventuras semelhantes encontradas nos desenhos e em 3D. A trama prometia cair no gosto do público, mas pouco ganha ares de cinema e nem consegue o mesmo efeito do desenho, tornando-se assim o que pode ser uma experiência frustrante para os fãs.

A direção é de Eric Brevig, que traz em seu currículo outro trabalho de gosto duvidoso, o terrível “Viagem Ao Centro da Terra- O Filme”. Breving parece fazer uma direção voltada exclusivamente para o 3D.  As cenas que tinha a intenção de ser engraçadas não conseguem ser mais do que bobas. Em uma película como essa é quase fatal uma tentativa de seguir a risca um formato que fez sucesso há anos atrás. O humor renova-se a cada dia e perder o seu tempo rende obras que não surtem efeito nem nas crianças.

O urso que faz o Zé Colmeia passa longe de repetir a magia do personagem da série produzida pela Hanna-Barbera Productions, mas isso também é culpa do próprio formato live action que deixa a história ainda mais forçada do que ela já parece. Uma coisa é a fantasia do mundo do desenho animado, outra é o mundo real onde tudo que não é real soa falso ou, no caso deste filme, bobo. E disso, nem o Catatau com toda sua veia cômica escapa. Tal efeito é possui a mesma tecnologia adotada nos filmes do Scooby Doo, que também veio dos desenhos animados e  desagradou o público.

No fraco elenco, destaque para Anna Faris, que parece não conseguir desvencilhar de seu personagem mais marcante, a Cindy de “Todo Mundo em Pânico”. O excesso de caras e bocas da atriz também contribui para o descrédito da obra. Quem está menos forçado no filme é o guarda Smith, interpretado por Tom Cavanagh, que é responsável por não facilitar a vida do Zé Colmeia e do Catatau.

E se a história não ajuda, a trilha sonora, por sua vez, dá um relevante “up” na película. Batidas fortes e agitadas ajudam nas inúmeras tomadas aceleradas que, assim, conseguem um efeito positivo junto a garotada principalmente pela identificação e pelo entretenimento despreocupado que o longa proporciona. Sem apelações ou violência desnecessária, “Ze Colmeia” é um filme-família e é inegável o seu apelo junto ao público.

O filme traz também como uma de suas temáticas a questão ambiental. O parque Parque Jellystone  corre perigo devido aos ambiciosos planos do prefeito Brow. Como já era de se esperar, esse fato serve apenas para realçar o péssimo caráter do político. Daí em diante, a previsibilidade da obra já denota o que vai acontecer.

O efeito 3D consegue salvar algumas cenas que não têm qualquer graça ou fundamento. Ainda com a saída um tanto forçada de jogar objetos na cara do público, o efeito é válido e deve agradar aos que o curtem. Destaque para a cena em que Zé Colmeia atrapalha o show dos fogos de artifício e provoca uma verdadeira confusão.

Aquilo que representava a volta triunfal do personagem que marcou a infância de muita gente, chega sem muito sucesso.  “Zé Colmeia- O Filme” talvez até divirta aos mais novos e assim cumpra parte do seu papel, mas para o público em geral a impressão será de mais um filme a ser esquecido.

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Marcus Vinicius é crítico de cinema do CCR desde 2009. Produtor de comerciais de TV, também realiza projetos audiovisuais e eventos. Atualmente é concludente do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Marcus Vinicius
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