Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 19 de setembro de 2010

Coincidências do Amor

A comédia romântica traz Jennifer Aniston em um papel em que a bela demonstra toda sua experiência no gênero.

O enredo da história é bem inusitado. Um cara é apaixonado por uma bela mulher que o considera seu melhor amigo. Sem romances duradouros, ela chega à faixa dos quarenta ainda solteira e, para desespero dele, a bela diz que vai fazer uma inseminação artificial. E como fator desencadeador da confusão da história, o rapaz troca o troca o frasco de esperma de um anônimo pelo seu. Tudo bem que já é possível enxergar o rumo que a história vai tomar, ainda assim, é válido o argumento por seu teor inusitado, embora pareça um pouco com a proposta de outra comédia romântica recente, “Plano B”, estrelada por Jennifer Lopez.

A direção é da dupla Josh Gordon e Will Speck, ambos repetem o trabalho realizado em “Escorregando para a Glória”. Eles dão um bom ritmo para a história à medida que encaixam o tom do humor leve e inusitado que mantido durante toda a duração do longa. No mais, a direção segue um modelo meio que pré-estabelecido pelo gênero, sem muita novidade. Às vezes dá certo, outros não. E nesse caso funcionou devido ao talento do elenco que se sobressai ao comum e proporciona momentos hilários que solidificam a história quanto ao gênero.

Jennifer Aniston (“Separados pelo Casamento”) é uma que parece ter sido feita para comédias românticas. É impressionante como ela cai como uma luva em qualquer papel do gênero, principalmente pelo fato de ela ter quase sempre uma boa química com o seu parceiro de cena. Na pele de Kassie, Aniston não faz diferente e mais uma vez consegue um bom resultado em seu papel. O problema é quando se comparam as personagens dela, quase não se vê diferença entre elas.

Já o seu parceiro de cena, Jason Bateman (“Amor Sem Escalas”), é o maior atrativo do longa. Ele não só consegue dar o tom atrapalhado responsável pelo humor na obra, mas também entra em um tom sério que passa muita verdade. Os momentos em que ele cuida do filho, que não sabe que ele é seu pai, são bem interessantes. Outro que também faz bonito é o pequeno Thomas Robinson, que é responsável por boas cenas junto com Bateman. Assim, temos no elenco, principalmente na atuação dele, o que a obra tem de melhor.

A trilha sonora do filme é competente ao transmitir por si só o que a cena quer passar. Seja na cena alegre ou na triste, ela funciona bem como quase tudo no filme. Além da trilha, merece destaque também a fotografia não pela sua beleza  padrão em si, mas por sua simplicidade necessária. Muitas vezes, este é o caminho a ser seguido. O maior exemplo desse tipo de fotografia no gênero vem de “Casamento Grego”, onde a simplicidade foi o diferencial e acabou conquistando o mundo.

Um bom filme tem que ter uma boa mensagem. Embora a mensagem deste não seja lá grande coisa, ela é válida por emocionar e amarrar os acontecimentos, principalmente, as coincidências ocorridas na vida dos personagens. A lição serve também para aliviar o já desgastado “final feliz” que se vier sem um posicionamento que acrescente algo pelo menos ao espírito, é certeza ser rejeitado pelo público.

“Coincidências do Amor” é uma boa comédia romântica por três pontos cruciais. Primeiro pelo fato de ter um enredo que funciona. Segundo pelo talento do trio principal que mostrou bastante força no desenvolvimento da história. Terceiro pela proeza de conseguir, nos tempos atuais, uma boa junção entre um tom de humor leve que já fazia um tempo que não surgia nas comédias com um tom sério que só acrescenta principalmente na digestão da obra. Vale a pena conferir.

Marcus Vinicius
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