Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 10 de abril de 2010

Caso 39

O intrigante caso da menina que é supostamente maltratada pelos pais é o destaque do suspense que vai enlouquecer o público e principalmente a assistente social idealista interpretada por Renée Zellweger.

Tudo começa quando Emily Jenkins (Renée Zellweger) se interessa pelo estranho caso de Lillith, uma menina que demonstra sofrer nas mãos dos pais. Emily acredita que eles querem fazer algo muito pior e decide proteger a menina. O problema é que, ao investigar o caso, ela descobrirá que existem muito muitas outras revelações que ela própria iria desejar nem ter descoberto. Um típico suspense que vai usar sua própria condição para utilizar todos os recursos que tem direito, algo que agrada e ajuda a obra a não cair na mesmice e sustenta a atenção do público até o seu desfecho.

A direção é do desconhecido Christian Alvart, que tem um bom desempenho à medida que mostra atitude diante de uma história que a exige. Demonstra também um olhar ousado que  não permite que a película caia no lugar comum, que é o destino da grande maioria das obras do gênero. O roteiro de Ray Wright (“Pulse”) não é dos melhores e ameaça perder o ritmo no início, mas consegue segurar o filme e o público na medida certa durante a projeção.

O maior nome da obra é o que também a segura. Renée Zellweger (“O Diário de Bridget Jones”) consegue responder com eficiência a responsabilidade de segurar quase que sozinha a obra. A desconstrução de sua personagem ao longo do filme consegue convencer. Jodelle Ferland, que interpreta Lillith, demonstra  a segurança necessária a sua personagem. As melhores cenas são entre as duas, restando aos outros personagens, como o de  Bradley Cooper (“Se Beber Não Case”), uma pequena participação.

O caso da menina Lillith chama a atenção pela ausência de sentimentos. A maioria dos personagens ignora qualquer tipo de relação. A própria Emily é a que mais apresenta essa característica. No início, ela rejeita o pedido em namoro feito por Douglas (Cooper). Logo depois, ela nega a adoção de Lillith dizendo não servir para o papel de mãe. Os pais da menina são os que mais chocam por demonstrar tamanha crueldade com a filha. O interessante é que esse detalhe ganha destaque ao fim da obra e tudo é devidamente explicado.

Como é de se esperar, surgem falhas, mas não com tanto prejuízo. A falta de ritmo é o que mais preocupa. Graças à direção e ao roteiro, a película não sai prejudicada. A edição é outro ponto que deixa a desejar. Muita coisa desnecessária passou batida e soou como excesso. A trilha sonora  até poderia ter sido mais ousada, mas o importante é que ela cumpre o seu papel.

Em diversos momentos, a obra confunde-se com o gênero terror bem conhecido nas obras “O Grito” e, principalmente, “O Chamado”. Neste último, é impressionante a semelhança entre a sua Samara e a menina Lillith. A cena em que ela surge debaixo da cama e aterroriza a Emilly mostra um eficiente tom de terror que a obra assumiu, além de todas as semelhanças possíveis entre as personagens dos filmes citados. O resultado é  animador.

“Caso 39” é o típico filme que consegue inibir suas falhas . Embora tenha um argumento já amplamente explorado em filmes do gênero, ele foge do comum e explora o  caso de uma forma que envolvente e que acaba rendendo muito suspense a obra e bastante trabalho para Renée Zellweger, que, diga-se de passagem, arrebentou.

Marcus Vinicius
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