Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 07 de fevereiro de 2010

High School Musical: O Desafio (2010): bastante descartável

A versão brasileira do musical da Disney High School Music chega aos cinemas e, embora traga algumas adaptações à nossa cultura como o futebol, samba e a artista nacional Wanessa Carmargo, o miolo e o saldo final de “High School Musical: O Desafio” são os mesmos dos outros longas.

Tudo começa com o inicio das aulas. Os alunos descobrem que irá acontecer um concurso musical entre os alunos da escola, o que motiva o espírito competitivo entre os mesmos. No meio dessa disputa, vão entrar intrigas colegiais, brincadeiras, performance musicais, e muito romance. Traduzindo melhor: uma espécie de “Malhação” muito mais caricata ainda. Vale destacar ou não a presença da cantora brasileira Wanessa Camargo que por mais simpática que tente ser, não consegue interagir com naturalidade com a turma juvenil.

A direção do primeiro filme Disney inteiramente produzido no Brasil, e distribuído pela Disney e Total Filmes, ficou por conta de César Rodrigues “Uma Professora Maluquinha” que aqui faz uma  péssima estréia, em muito devido a própria franquia que não permite muito o que ser feito e, nas poucas oportunidades que lhes permitiam atitudes ousadas do diretor como nas cenas finais, o mesmo não o fez. Embora não tenha acrescentado a obra, o diretor também não foi de todo ruim, uma vez que ele poderia ter a deixado mais insuportável do que ela já é. Uma direção fraca e dependente.

Com o elenco selecionado através de um concurso televisivo, as atuações também não são tão ruins. A interação entre o elenco e a obra parece surtir efeito e os oito protagonistas entram no divertido mundo colegial, o que não foi muito difícil para eles. Outro fato que facilitou a identificação entre elenco e obra é que cada personagem recebe o nome de seu intérprete, e isso não só ajudou nas atuações como as deixaram mais verdadeiras.

Como já foi dito, a participação de Wanessa Camargo como a ex-aluna da escola é importante no roteiro, porém irrelevante quanto a sua atuação, ou melhor, interação com os alunos. Ela é instrutora pedagógica, conselheira sentimental, e faz até duetos com os alunos. Embora tenha tanta participação e esforço da atriz que já fez uma participação no cinema no também descartável “Xuxa e os Duendes”, não consegue passar naturalidade e acaba retirando ainda mais a realidade da história, que já é quase nula.

A composição da obra é a mais conhecida possível. Um concurso musical para agitar os ânimos dos jovens estudantes, uma garota bem vaidosa e uma bem simples para facilitar a identificação do público com a mocinha, um jovem galã para animar as adolescentes e fazer par romântico com a mocinha, e tudo isso envolto a uma trilha sonora repleta de músicas teens para, definitivamente, o filme cair na boca da galera.

O que estraga a obra é justamente o que ela é, um filme cheio de clichês norte-americanos em que não se pode fugir muito de sua linha. Crianças e jovens podem até gostar da obra, mas isso não é unânime, já que o filme é tão caricato que até estes podem apontar tal fato. As crianças não são mais tão bobas como o filme acredita. A loira patricinha que só usa rosa não é mais a pior da história, se duvidar é a mais simpatizada. Faltou ousadia em tudo.

No fim das contas, o que se esperava acabou concretizando-se: o filme é quase totalmente descartável. Salvo a trilha sonora e algumas atuações, o resto pode ir junto com o saco de pipoca para o lixo. Uma pena a Disney ter fracassado logo em sua estréia.

Marcus Vinicius
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