Cadeirante é barrada em cinema e é tratada como anormal
Instalação em Porto Alegre não pode sair impune disso.
Recebi um link da leitora/ouvinte Ila Fox sobre uma postagem no blog Sem Barreiras, do ClicRBS. A autora do blog disponibilizou uma carta explicando uma situação REVOLTANTE que aconteceu com uma cadeirante, amiga dela, Vitória Bernardes. Ela, que é tetraplégica, ligou para Juliana Carvalho (do blog) com a voz embargada e contou rapidamente que tinha recém passado por uma situação totalmente humilhante em um cinema em Porto Alegre. Segue a carta nas próprias palavras dela:
Vitória Bernardes, de Porto Alegre/RS
“Dia 18 de julho de 2011, segunda-feira, fui ao Cinemark do Bourbon Shopping Ipiranga, em Porto Alegre, RS. O que era um programa simples, tornou-se inacreditavelmente “impossível”. Eu e mais 3 primos compramos os ingressos e entramos na sala de cinema. Constatando a dificuldade de visualizar a tela, devido sua proximidade, pedi para minha prima, Bruna, solicitar a ajuda de um funcionário. Devido sua demora, solicitei que minha outra prima, Gerusa, fosse verificar o que estava ocorrendo. Minutos depois, elas entraram acompanhadas pelo gerente, senhor Maurício. Ele afirmou que o Cinemark proíbe seus funcionários de prestar auxílio como “este” aos seus clientes. Ou seja, o Cinemark, além de não disponibilizar um local decente para cadeirantes, proíbe seus funcionários de os colocarem em uma poltrona onde possam, ao menos, ver o filme. Apesar de preferir me locomover livremente e saber das leis que asseguram esse direito, abdiquei disso para me adequar ao serviço precário oferecido e, mesmo assim, escuto do representante da empresa que isso NÃO É POSSIVEL?!
Como o filme estava prestes a começar, minhas primas decidiram que elas mesmas me colocariam na poltrona. Nesse momento, o gerente “informou” que esta ação não poderia ser feita dentro do estabelecimento. Além de não ajudar, proibiu minhas primas de prestarem esse auxílio. No primeiro momento da solicitação, quando a Bruna ainda estava sozinha, o senhor Maurício comentou que o cinema não tinha “estrutura”, pois era feito para “pessoas normais”. Normal, anormal ou qualquer outro rótulo ou denominação que queiram dar, não importa. Tenho limitações sim, mas, como qualquer outra pessoa, paguei por um serviço, pelo qual não fui informada que não poderia usufruí-lo.
Durante este lamentável acontecimento, meu único desejo era me esconder, chorar de raiva, pois além de me sentir severamente lesada como consumidora, me senti diminuída como pessoa. E pior, pelo tom usado pelo funcionário, me senti culpada por estragar o passeio das pessoas que me acompanhavam, entre elas, uma criança.
Além de tudo, por instantes, o gerente me fez acreditar que o problema em questão era eu, e não sua empresa… Que inversão de valores é essa?
O caminho mais simples é “deixar assim”, mas me nego a considerar essa possibilidade. Por isso, peço que ajudem minha voz, que continua embargada, a ser ouvida por outros, sejam eles donos de estabelecimentos ou pessoas que, devido às injustiças vividas diariamente, desistem de lutar por seus direitos, por menores que sejam, como assistir um filme numa segunda-feira a tarde…
Agradeço a colaboração!
Grande abraço,
Vitória Bernardes
21/07/2011″
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Revoltante é pouco. É um absurdo esse tipo de situação. Imagina só a quantidade de cadeirantes que sofreram humilhações como essa e ficaram calados. Outro dia eu publiquei aqui mesmo na coluna Acme uma tirinha que mostrava algo semelhante.
Não sintam pena da Vitória, amigos, sintam raiva de um estabelecimento que faz uma cliente passar por esse tipo humilhação. Não deixe isso morrer aqui, passe adiante. Quanto mais pessoas verem essa postagem, mais longe essa história vai chegar. Não podemos esquecer que isso acontece e só quem é cadeirante sabe a dor desse sentimento humilhante.
Que o Cinemark, como instiuição séria como é, se pronuncie.
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ATUALIZADO [14:35]:
Após centenas de mensagens dos leitores do Cinema com Rapadura, o @bourbonshopping, Twitter oficial do shopping, respondeu:
“O Bourbon Shopping pede desculpas pelo transtorno e por qualquer tratamento indelicado que a cliente tenha recebido. O Cinemark informou já ter contatado a cliente. Estamos à disposição. Obrigado.”
E o Cinemark?
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ATUALIZADO [16:15]:
Por meio de sua página do Facebook, o Cinemark enviou esse comunicado:
“Oi, Vitória.
Nós da Cinemark pedimos desculpas a você e a sua família pelo ocorrido no complexo Bourbon. Lamentamos também qualquer tratamento inapropriado que, porventura, você possa ter recebido de um de nossos funcionários. Esta não é a forma que tratamos os nossos clientes.
Visando conservar a segurança dos nossos espectadores e evitar possíveis acidentes, nossos funcionários não estão autorizados a ajudar no deslocamento de clientes da cadeiras de rodas para a poltrona do cinema.
Em todo caso gostaríamos de tornar público nosso constragimento e assegurar que tomaremos medidas para que este tipo de situação não ocorra novamente.
Ficamos à disposição para possíveis esclarecimentos e estamos abertos a sugestões para melhorar os nossos serviços.
Equipe Cinemark”
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