Patty Jenkins acredita que diferencial no futuro serão os estúdios que oferecerem lançamentos exclusivos no cinema
Em conversa com Aaron Sorkin, ambos discutiram quais os cenários prováveis para o mercado do cinema após a polêmica decisão da Warner.
Após a notícia de que a Warner planeja lançar seus filmes de 2021 simultaneamente no cinema e no streaming HBO Max, até então o único grande diretor do estúdio que havia se manifestado publicamente foi Christopher Nolan, sendo crítico à decisão. Agora, a diretora Patty Jenkins, que está em processo de lançar seu “Mulher-Maravilha 1984” tanto nos cinemas quanto no HBO Max ao mesmo tempo, conversou sobre o assunto, em entrevista à Variety, com o roteirista e cineasta Aaron Sorkin, que teve seu filme “Os 7 de Chicago” (da Paramount Pictures) vendido para a Netflix em 2020.
Ambos expressaram certo alívio ao ver que seu público teria chances de ver seus respectivos trabalhos de formas diferentes, por conta da pandemia do COVID-19 que forçou os cinemas a fecharem por muito tempo e, mesmo com a reabertura, ainda encontram resistência do público em comparecer novamente às salas. Ao mesmo tempo, eles não acreditam que isso fará com que a indústria cinematográfica como um todo vá “se curvar” diante do streaming e que isso poderia “matar” o cinema. Sorkin disse:
“Todos nós temos medo de que tudo mude agora, que os cinemas basicamente possam se tornar, tipo, casas de arte, e que os filmes que você e eu fazemos só serão vistos em serviços de streaming. Mas não acho que isso vá acontecer. Acho que por 4.000 anos, nada substituiu a experiência de fazer parte de um público. Essa experiência compartilhada – estar em um teatro quando as luzes se apagam, todos rindo ao mesmo tempo, ofegando ao mesmo tempo, ficando em silêncio ao mesmo tempo e tendo o momento final do filme reverberando ao mesmo tempo”.
Jenkins concordou com o colega e relembrou que os rumores de “morte do cinema” rondam a indústria do entretenimento desde os anos 1950 e, até agora, não passou de um receio infundado. Mas a diretora também pondera que, com tantos streamings disponíveis, a resistência do mercado em se adaptar a novas formas de distribuição de filmes pode fazer com que os estúdios percam ainda mais dinheiro.
No entanto, Jenkins sugere que grandes artistas da indústria que se opõem à ideia de dar tanta relevância ao streaming podem começar a ir atrás de estúdios que favoreçam as telonas acima de tudo:
“Quando todos os estúdios da cidade começam a perseguir exatamente a mesma coisa, você fica pensando: ‘por que ninguém se diferencia?’. Nesse caso, acho que o que vai acontecer é que algum estúdio vai ser inteligente o suficiente para ser o estranho no ninho da vez, e todos os grandes cineastas da cidade irão para lá, e os cinemas irão favorecer seus filmes. Porque agora, se há estúdios que anunciam que vão lançar seus filmes no cinema e no streaming na mesma data, é o que eles vão começar a fazer, todo cineasta irá para o estúdio que promete que não vai fazer o mesmo. Não vai ser tão fácil, acho que há um sentimento agora de que a mudança está chegando e não há nada que você possa fazer a respeito, e acho que isso não leva em consideração os artistas que podem muito bem se unir para promover uma grande mudança”.
A situação ainda segue se desdobrando, ainda mais porque nomes grandes da indústria não estão contentes com esta nova proposta. De acordo com o THR, cineastas como James Gunn (“O Esquadrão Suicida”), Jon M. Chu (“Em Um Bairro de Nova York”) e Denis Villeneuve (“Duna”), que viram seus filmes inéditos sendo incluídos na lista de longas da Warner que entrarão no modelo de lançamento simultâneo, estão insatisfeitos com a notícia, alegando principalmente que não foram consultados antes do anúncio do estúdio.
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