Cinema com Rapadura

Notícias   quarta-feira, 09 de dezembro de 2020

Patty Jenkins acredita que diferencial no futuro serão os estúdios que oferecerem lançamentos exclusivos no cinema

Em conversa com Aaron Sorkin, ambos discutiram quais os cenários prováveis para o mercado do cinema após a polêmica decisão da Warner.

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Após a notícia de que a Warner planeja lançar seus filmes de 2021 simultaneamente no cinema e no streaming HBO Max, até então o único grande diretor do estúdio que havia se manifestado publicamente foi Christopher Nolan, sendo crítico à decisão. Agora, a diretora Patty Jenkins, que está em processo de lançar seu “Mulher-Maravilha 1984” tanto nos cinemas quanto no HBO Max ao mesmo tempo, conversou sobre o assunto, em entrevista à Variety, com o roteirista e cineasta Aaron Sorkin, que teve seu filme “Os 7 de Chicago” (da Paramount Pictures) vendido para a Netflix em 2020.

Ambos expressaram certo alívio ao ver que seu público teria chances de ver seus respectivos trabalhos de formas diferentes, por conta da pandemia do COVID-19 que forçou os cinemas a fecharem por muito tempo e, mesmo com a reabertura, ainda encontram resistência do público em comparecer novamente às salas. Ao mesmo tempo, eles não acreditam que isso fará com que a indústria cinematográfica como um todo vá “se curvar” diante do streaming e que isso poderia “matar” o cinema. Sorkin disse:

“Todos nós temos medo de que tudo mude agora, que os cinemas basicamente possam se tornar, tipo, casas de arte, e que os filmes que você e eu fazemos só serão vistos em serviços de streaming. Mas não acho que isso vá acontecer. Acho que por 4.000 anos, nada substituiu a experiência de fazer parte de um público. Essa experiência compartilhada – estar em um teatro quando as luzes se apagam, todos rindo ao mesmo tempo, ofegando ao mesmo tempo, ficando em silêncio ao mesmo tempo e tendo o momento final do filme reverberando ao mesmo tempo”.

Jenkins concordou com o colega e relembrou que os rumores de “morte do cinema” rondam a indústria do entretenimento desde os anos 1950 e, até agora, não passou de um receio infundado. Mas a diretora também pondera que, com tantos streamings disponíveis, a resistência do mercado em se adaptar a novas formas de distribuição de filmes pode fazer com que os estúdios percam ainda mais dinheiro.

No entanto, Jenkins sugere que grandes artistas da indústria que se opõem à ideia de dar tanta relevância ao streaming podem começar a ir atrás de estúdios que favoreçam as telonas acima de tudo:

“Quando todos os estúdios da cidade começam a perseguir exatamente a mesma coisa, você fica pensando: ‘por que ninguém se diferencia?’. Nesse caso, acho que o que vai acontecer é que algum estúdio vai ser inteligente o suficiente para ser o estranho no ninho da vez, e todos os grandes cineastas da cidade irão para lá, e os cinemas irão favorecer seus filmes. Porque agora, se há estúdios que anunciam que vão lançar seus filmes no cinema e no streaming na mesma data, é o que eles vão começar a fazer, todo cineasta irá para o estúdio que promete que não vai fazer o mesmo. Não vai ser tão fácil, acho que há um sentimento agora de que a mudança está chegando e não há nada que você possa fazer a respeito, e acho que isso não leva em consideração os artistas que podem muito bem se unir para promover uma grande mudança”.

A situação ainda segue se desdobrando, ainda mais porque nomes grandes da indústria não estão contentes com esta nova proposta. De acordo com o THR, cineastas como James Gunn (“O Esquadrão Suicida”), Jon M. Chu (“Em Um Bairro de Nova York”) e Denis Villeneuve (“Duna”), que viram seus filmes inéditos sendo incluídos na lista de longas da Warner que entrarão no modelo de lançamento simultâneo, estão insatisfeitos com a notícia, alegando principalmente que não foram consultados antes do anúncio do estúdio.

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Jacqueline Elise

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