Elenco de X-Men ameaçou se demitir após comportamento irresponsável de Bryan Singer no set de X2
Novo artigo traz depoimentos relatando comportamento abusivo e irresponsável de Singer, diretor de 4 filmes da franquia X-Men.
Bryan Singer foi o cineasta responsável por trazer às telonas o primeiro grande filme de super-heróis. “X-Men” estreou em 2000, e revolucionou o gênero, abrindo espaço para o que hoje é dia é o que mais domina as salas de cinema. A obra foi, inclusive, um dos primeiros empregos na indústria do então assistente de produção Kevin Feige, futuro presidente do Marvel Studios. No entanto, por trás da câmeras, a situação não era nenhum mar de rosas.
Um novo artigo do Hollywood Reporter traz séries de depoimentos sobre o comportamento não profissional e abusivo de Bryan Singer, que atualmente lida com várias acusações de estupro de menores. O diretor foi responsável por “X-Men”, “X-Men 2”, “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” e “X-Men: Apocalipse”, mas desde o primeiro filme da franquia ele já apresentava comportamentos irresponsáveis, tendo também crises de raiva e uso de drogas.
A produtora Lauren Shuler Donner comentou sobre Singer:
“Nós honramos criatividade e talento, e nós perdoamos os brilhantes. Mas, inconscientemente, nós provavelmente permitimos esse comportamento ao virar os olhos para o que quer que eles estejam fazendo. Nós pegamos o produto final e mostramos ao mundo”.
Donner indica que os episódios de Singer no set eram ignorados, afinal ele estava fazendo um bom trabalho. Assim, o diretor foi convocado para “X-Men 2”, e as coisas só começaram a piorar.
Fontes do THR indicam que em certo momento durante a produção da sequência, Singer decidiu gravar uma cena de ação um dia antes do planejado, sem a presença de coordenadores de dublês. Não bastasse isso, o diretor estava sob efeito de drogas, e claramente incapacitado por conta disso. O produtor Tom DeSanto ordenou que a produção fosse paralisada, mas Singer ignorou tal ordem, e filmou a cena mesmo assim. A decisão acarretou em um acidente em que Hugh Jackman, intérprete de Wolverine, acabou se machucando. Depois disso, o produtor Ralph Winter ordenou a paralisação das gravações.
No dia seguinte, todo o elenco que estava presente para tal cena de ação ameaçou se demitir depois que a Fox aparentemente estava inclinada a proteger Singer, mesmo frente a sua irresponsabilidade. Nomes como os de Jackman, Halle Berry, Famke Janssen e James Marsden foram até o trailer de Singer, em seus figurinos, confrontar o diretor.
No final, a situação acabou sendo apaziguada e “X-Men 2” viria a ser concluído. Uma pessoa envolvida na franquia, que se manteve anônima, afirmou ao THR:
“O comportamento dele era ruim. Nós aceitamos isso no primeiro filme, e portanto podíamos aceitar também no segundo. E assim por diante. E isso criou um monstro”.
Singer continuaria a trabalhar na franquia, sendo responsável pelos filmes de 2014 e 2016, e ainda sendo contratado para dirigir “Bohemian Rhapsody”. O diretor já enfrentava acusações de abuso sexual à época, e mesmo assim tinha o emprego garantido. Mas em 2017 nasceram os movimentos Time’s Up e #MeToo, ganhando força com as acusações contra o ex-magnata da indústria Harvey Weinstein, e vários abusadores começaram a ser denunciados. Singer, que até então sempre teve seu comportamento protegido, ficou vulnerável, e praticamente abandonou a direção de “Bohemian Rhapsody”, que foi passada para Dexter Fletcher.
Muitos dos envolvidos no primeiro “X-Men” confessam que a irresponsabilidade de Singer estava clara desde o início. Mas os produtores envolvidos estavam mais interessados no produto final. Shuler Donner explica:
“Você tem que entender, o cara era brilhante, e por isso nós o toleramos. E se ele não fosse tão perturbado, ele seria um ótimo diretor”.
Já Winter afirma:
“Eu acredito que ‘X-Men’ irá sobreviver ao teste do tempo. E com sorte Bryan irá sobreviver de alguma forma através de sua carreira como cineasta. Eu não acho que o filme esteja manchado de nenhuma forma por conta de qualquer coisa que tenha a ver com Bryan. Para mim, essas coisas não importam”.
“X-Men: O Filme” completa 20 anos, com um legado complicado. A obra foi grande responsável pela explosão do gênero de super-heróis nos cinemas, e início de uma franquia que viria a durar, entre altos e baixos, até 2019. Agora, os mutantes estão nas mãos de Kevin Feige, aquele que em 2000 estava no set de “X-Men” para garantir que Singer fizesse seu trabalho. Com sorte, a nova franquia X-Men será comandada por alguém que possui não só talento, mas integridade.
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