Milhares de cinemas da China podem fechar de vez por conta do coronavírus
Pouco mais de 40% de todas as salas de cinema podem deixar de funcionar no país.
Mais de quatro meses após o fechamento total dos cinemas na China, devido a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), ainda é incerto o impacto que a indústria cinematográfica terá no país. Embora possam reabrir em breve, a perspectiva de falência se aproxima cada vez mais rápido para algumas redes. Em uma pesquisa realizada pela China Film Association e pela China Film Distribution Association, 187 cinemas e 20 grandes redes, incluindo Wanda, Hengdian e Dadi, foram ouvidas no fim de abril. Ao final, constatou-se que 42% dos cinemas participantes acreditam que “muito provavelmente fecharão” em um futuro próximo (via Variety).
Entre os entrevistados, apenas 10% disseram que passariam por mudanças de propriedade, mas continuariam operando, enquanto 28% afirmaram que ainda estavam aguardando novas decisões da administração central sobre seu destino. Antes do fechamento dos cinemas, em 23 de janeiro, a China tinha 69.800 salas de cinema em operação, localizadas em 12.400 complexos, segundo informações oficiais do país. Um fechamento de 40% pode, portanto, significar a perda de 5.000 locais e 27.920 telas.
Os números correspondem aos dados divulgados anteriormente pela empresa, Artisan Gateway. De acordo com os seus levantamentos, a China teve o fechamento permanente de pelo menos 2.300 cinemas nos dois primeiros meses do ano. Isso equivale a uma perda de 12.000 telas, quase 20% da capacidade total.
O principal órgão administrativo da China afirmou em maio que os cinemas em regiões com baixo risco de coronavírus podem reabrir com capacidade reduzida e medidas diárias de desinfecção, mas as redes ainda aguardam permissão das autoridades locais para voltarem a funcionar. O relatório da China Film Association estimou que, mesmo que os cinemas reabram este mês, levará seis meses para que as receitas voltassem aos níveis normais. Isso significaria uma queda de bilheteria de 66% no ano. No entanto, uma reabertura adiada para outubro reduziria as receitas de 2020 em 91%.
A pesquisa também informa que cinemas menores, os que estão em operação há mais de sete anos e os abertos em 2019 foram os mais atingidos pela pandemia. Até o final de março, um quinto dos cinemas já havia demitido funcionários, enquanto 12% disseram que seus funcionários estavam recebendo salários ajustados e que a possibilidade de futuras demissões ainda parecia grande. O estudo revelou que os 626 cinemas da rede Wanda não sofreram demissões em larga escala, apesar de relatos de que cerca de 30% da equipe foi dispensada.
Quase todos os entrevistados afirmaram que o público provavelmente será atraído por novos filmes. No entanto, será difícil conseguir estúdios que concordem em realizar grandes lançamentos em um momento ainda delicado. Tais incertezas afetam outras redes mundiais, que também sofrem com o fechamento das salas de cinema. Recentemente, em um novo documento liberado, a AMC Theaters, a maior rede de cinemas do mundo, indica que não é possível prever quando a indústria voltará ao normal, e os empréstimos podem não ser suficientes para manter as salas de cinema da rede ativas. Dessa forma, a empresa pode deixar de existir por não conseguir manter o custo de funcionamento.
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