[ATUALIZAÇÃO – 30/04] Esclarecendo os comentários da última quarta-feira, os cinemas Regal publicaram em sua conta no Twitter uma declaração, dizendo que não decidiram banir filmes da Universal, mas que irão exibir filmes que respeitem a janela de exibição nos cinemas. Veja o tweet abaixo:

“A Regal não está boicotando a Universal nem qualquer outro estúdio. Nós continuaremos nossa política normal de exibir filmes que respeitem a janela de exibição dos cinemas, permitindo que os filmes sejam lançados primeiro nos cinemas e depois vão para o streaming ou plataformas VOD”.

Depois de toda polêmica causada por seu comentário inicial, Jeff Shell, o CEO da NBCUniversal, reiterou sua opinião durante ligação de acionistas da Comcast nesta quinta-feira (30). Shell deixou claro que acredita na experiência cinematográfica e que quando tudo voltar ao normal, o estúdio seguirá com seu cronograma de lançamentos nos cinemas. Mas para o CEO, é importante considerar as circunstâncias atuais do mercado, e se adaptar a elas. Ele afirmou (via Variety):

“A questão é, quando nós sairmos dessa, qual será o modelo? Eu espero que os consumidores retornem aos cinemas e nós faremos parte disso. Mas eu também espero que o VOD vá ser parte dessa oferta de alguma forma. Não será um substituto, mas será um elemento complementar, e nós apenas teremos que ver até onde isso vai nos levar”.

O estúdio apoia a perspectiva de Shell, que enfatiza que no atual momento, os consumidores estão em casa, e portanto eles devem se adaptar:

“[…] não é realista supor que nós não vamos mudar, que esta parte do negócio não vai mudar, como todas as partes da indústria também vão mudar de alguma forma”.

[ATUALIZAÇÃO – 29/04] Nesta quarta, o Cineworld, dono dos cinemas Regal, segunda maior rede de cinemas do mundo, decidiu seguir os passos da AMC, declarando que também não exibirá filmes da Universal (via Deadline):

“Hoje nós deixamos claro que não exibiremos filmes que falhem em respeitar as janelas de exibição, visto que não faz sentido econômico para nós”.

[ATUALIZAÇÃO – 28/04] A Universal respondeu à declaração da AMC, afirmando (via Variety):

“Nosso desejo sempre foi entregar entretenimento de forma eficiente para o maior público possível. Nós absolutamente acreditamos na experiência do cinema e não falamos nada que prove o contrário. Como falamos anteriormente, daqui para frente, nós pretendemos lançar filmes diretamente nos cinemas e também em VOD quando este tipo de distribuição fizer sentido. Nós esperamos ter conversas privadas com nossos parceiros exibidores, mas estamos decepcionados com essa tentativa aparentemente coordenada da AMC e NATO [órgão dos cinemas] de confundir nossa posição e ações”.

Notícia original abaixo

A Universal lançou “Trolls 2” diretamente em vídeo sob demanda (VOD) em 10 de abril nos Estados Unidos, garantindo a maior distribuição digital da história, e com apenas 19 dias de lançamento, o longa já arrecadou US$ 95 milhões por um preço de aluguel de US$ 19.99 (via Deadline). O lucro da Universal nesta situação acaba sendo um tanto maior do que no caso da distribuição nas redes de cinema, visto que, no VOD, o estúdio fica com 80% da arrecadação, e nos cinemas, o acordo costuma girar em torno de 50-50, ou 60-40.

O primeiro “Trolls”, lançado em 2017, arrecadou US$ 120,8 milhões na bilheteria doméstica em seus primeiros 19 dias de exibição nos cinemas. O Deadline levanta a hipótese de que “Trolls 2” tenha suas vendas em mídias físicas, e aluguel posterior com um preço menor, prejudicadas após a decisão de lançar o longa em VOD. Entretanto, a Universal deve chegar perto de conseguir o dinheiro investido no longa (cujo orçamento é de US$ 95 milhões) e uma parte do investimento em marketing. 

O CEO da NBCUniversal, Jeff Shell, comentou que o lançamento do longa via VOD excedeu as expectativas, além de demonstrar a viabilidade em tais lançamentos.

“Os resultados de ‘Trolls 2’ excederam nossas expectativas e demonstraram a viabilidade do VOD. Assim que os cinemas reabrirem, esperamos lançar filmes em ambos os formatos”, afirmou.

Porém, ao indicar que o futuro dos lançamentos do estúdio estariam tanto nos cinemas quanto em formato digital, Shell causou um problema com a AMC, a maior rede de cinemas do mundo. Adam Arona, presidente executivo da empresa, enviou uma carta aberta à Donna Langley, presidente da Universal Pictures, rechaçando o comentário de Shell e banindo a exibição de qualquer filme do estúdio na sua rede de cinemas (via THR). Veja a declaração abaixo:

“É decepcionante para nós, mas os comentários de Jeff sobre as ações e intenções unilaterais da Universal não nos deixaram escolha. Portanto, efetivamente e imediatamente a AMC não exibirá mais filmes da Universal em nenhum de nossos cinemas nos Estados Unidos, Europa ou Oriente Médio. Esta política afeta todo e qualquer filme da Universal em si, entrando em vigor hoje e quando nossos cinemas reabrirem, e não é uma ameaça oca ou mal considerada. Aliás, essa política não é voltada apenas para a Universal por irritação ou punição de qualquer forma, isso também se estende a qualquer estúdio que abandone unilateralmente as atuais práticas de falta de lançamentos nas negociações de boa fé entre nós, para que eles como distribuidores e nós, como expositores, se beneficiem e não sejam prejudicados por essas mudanças. A Universal é o único estúdio que prevê uma mudança geral no status quo. Portanto, essa comunicação imediata em resposta.”

A próxima animação a ser lançada exclusivamente por VOD será “Scooby! O Filme”, da Warner Bros., em 15 de maio.

Saiba Mais: Trolls 2, Universal