CEO da Netflix, Ted Sarandos afirma que o preço do serviço do streaming não será reduzido por causa das concorrentes
Para o executivo, o serviço de streaming é essencial para a conversação de cultura pop atual, e isso garante um valor alto para a Netflix.
O mercado dos streaming está se tornando cada vez mais competitivo, com empresas de diversos setores querendo um serviço para chamar de seu. Diversos estúdios, como a Fox e a Lionsgate, emissoras como a NBC e a Globo e distribuidoras como a Paramount, estão embarcando nessa nova onda. Em novembro, será a vez do AppleTV+, que chegará ao Brasil por R$9,90 mensais, enquanto nos EUA será lançado o Disney Plus, com o preço base de US$ 7, o que dá cerca de RS$ 30 no Brasil considerando apenas a conversão direta.
Entretanto, engana-se quem acredita que a Netflix cederá a concorrência e diminuirá o valor dos seus planos – no Brasil, o plano mais barato é de R$ 21,90. Pelo menos, é o que garante o CEO da empresa, Ted Sarandos. Em entrevista a Vanity Fair (via Indieware), em Los Angeles, Sarandos justificou a política de preços da empresa ao destacar a influência e presença da Netflix em diversos setores da sociedade, desde aquelas pessoas que buscam por obras que fogem do circuito comercial, até as grandes massas, que buscam produções leves e divertidas. Para ele, a Netflix é essencial hoje para que as pessoas façam parte da conversação sobre cultura pop atualmente. Ele completou:
“Não é sobre preço, é sobre valor. Se as pessoas estão obtendo valor suficiente em relação ao preço, estão dentro.”
O executivo citou como argumento as séries “Friends” e “The Office“, duas comédias dos anos 90 e 2000 que se tornaram grandes sucessos na Netflix. Segundo levantamento da Nielsen, as séries representavam mais de 5% de tempo gasto pelos usuários no serviço. Atualmente, durante a guerra dos streamings, as duas produções tiveram seus valores de licenciamento inflacionados: “Friends” ficará por cinco anos no HBO Max, que arrematou os direitos por US$ 425 milhões, enquanto “The Office” ficará no Peacock, inédito streaming da NBCUniversal pelo mesmo período, mas ao custo de US$ 500 milhões.
Sarandos afirmou que essa grande valorização das obras se deu por conta das novas gerações terem tido acesso as duas séries pelo serviço da Netflix, pois mesmo com a disponibilidade das produções em outros meios de distribuição por muitos anos, não foi observado nenhuma alteração no valor de mercado das obras. O executivo comentou:
“Parte do sucesso duradouro [desses programas] é que esses programas estão no Netflix e as pessoas podem assistí-los e envolvê-los em suas vidas.”
As duas séries contribuíram fortemente para a popularização da gigante dos streamings e ajudaram a alcançar grande parte dos seus mais de 97 milhões de assinantes pelo mundo. Isso porque enquanto os grandes estúdios e as emissoras preocupavam-se em desenvolver novos produtos para o circuito comercial, a Netflix buscava oferecer ao público os produtos que a audiência já estava familiarizada, e de forma simples e acessível. Ao oferecer esses produtos ao público, o serviço conseguiu criar a sensação aos seus assinantes de que a assinatura deles tinha um bom valor e valia a pena, compensando o gasto da assinatura. Sarandos comentou ainda que a estratégia da Netflix inicialmente passou despercebida pelos grandes estúdios, mas que a empresa já sabia que isso não continuaria por muito tempo.
Por fim, Ted Sarandos destacou o pioneirismo da Netflix com as produções internacionais, que totalizarão mais de 130 títulos em 2020, como a série espanhola “La Casa de Papel” e a alemã “Dark“, que mesmo não contando com o staff hollywoodiano, tornaram-se grandes sucessos no serviço de streaming. Conteúdo que, para Sarandos, irá compensar a saída de obras e propriedades para outros serviços, como “Friends“, “The Office” e filmes da Disney, por exemplo.
Saiba Mais: Netflix, Ted Sarandos