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Notícias   sexta-feira, 29 de março de 2019

Cineasta Agnès Varda morre aos 90 anos

Varda ajudou a dar forma ao movimento francês Nouvelle Vague nos anos 60.

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A lendária cineasta Agnès Varda morreu nesta quinta, 28, aos 90 anos de idade. A notícia foi divulgada pela mídia francesa e confirmada pela Associated Press. Pioneira e renegada, Varda ajudou a dar forma à Nouvelle Vague, movimento que revolucionou o cinema francês nos anos 60. A causa da morte divulgada foi câncer de mama.

Alguns dos trabalhos mais notáveis de Varda são “Cléo das 5 às 7”, de 1962, sobre a crise existencial por que passa uma cantora durante as duas horas em que espera o resultado de um exame de câncer, e “As Duas Faces da Felicidade”, sobre as experiências extraconjugais de um marido infiel. Ao final dos anos 60 e início dos 70, Varda voltou sua atenção para documentários e curta-metragens. Ela só retornaria aos longas em 1981, com “Documentira”. Em seguida, ganharia o Leão de Ouro do Festival de Veneza por “Os Renegados”.

Historiadores de cinema frequentemente creditam o drama de 1955 “La Pointe Courte” como precursor do estilo visual e narrativa transgressora do que mais tarde seria sinônimo da estética Nouvelle Vague, popularizada por François Truffaut (“De Repente num Domingo”), Alain Resnais (“Amar, Beber e Cantar”) e Jean-Luc Godard (“Imagem e Palavra”).

Varda eventualmente retornou para os documentários, filmes auto-reflexivos que abordaram questões relacionadas a filosofia, existência e mortalidade. Ela foi indicada ao seu primeiro Oscar em 2018 por “Visages, Villages”, uma viagem de Varda ao interior da França com o amigo fotógrafo e muralista JR. A Academia a presenteou no mesmo ano com um Oscar honorário por sua contribuição à sétima arte.

Seu último crédito como diretora é o documentário “Varda par Agnès”, que aborda sua carreira monumental e narrativa visual e foi exibido no Festival de Berlim deste ano. O filme funciona como uma despedida da artista para com seu público: começa pelos créditos e termina com a cineasta em uma praia, olhando para o oceano, com uma névoa que vai tomando a tela até deixá-la inteiramente branca. A produção ainda não tem data para estrear no Brasil.

Por meio de sua arte e ativismo, Agnès Varda dedicou sua carreira à causa dos direitos das mulheres na indústria do cinema e além:

“Mulheres não são minoria no mundo, mas nossa indústria ainda diz o contrário. Os degraus da nossa indústria devem ser acessíveis a todos. Vamos subir!”

Varda nasceu na Bélgica, em 1928. Foi casada com o diretor Jacques Demy (“Um Quarto na Cidade”), falecido em 1990. A cineasta deixa dois filhos, Mathieu e Rosalie, também cineastas.

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Rafael Monteiro de Castro
@rapadura

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