Apple e Netflix fazem acordos com grandes estúdios do cinema
O acordo entre Netflix e Paramount prevê a produção de diversos filmes de médio orçamento para a plataforma.
Após o estúdio A24 (responsável por filmes como “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, “Lady Bird: A Hora de Voar”, “Hereditário” e “Spring Breakers: Garotas Perigosas) ter se unido à Apple para produzir filmes para a gigante do setor de tecnologia, a Paramount Pictures assinou, recentemente, um acordo para produzir vários filmes para a Netflix. Estes dois acordos desafiam a forma convencional como os grandes estúdios atuavam até o momento e prometem, segundo o site especializado Slash Film, “virar Hollywood de ponta cabeça“.
O The Hollywood Reporter divulgou que Jim Gianopulos, CEO da Paramount, anunciou o acordo com a Netflix em uma recente divulgação de resultados da empresa, e a definiu como um incremento na receita da companhia. Segundo o THR, ao produzir filmes para a Netflix, a Paramount pode investir em longas que, normalmente, não justificariam um lançamento nos cinemas, principalmente alguns dramas ou filmes de médio orçamento que, às vezes, têm dificuldade em atrair público em um mercado dominado por blockbusters. Estes acordos serão benéficos para os produtores e o público de filmes de médio orçamento, já que o mercado hoje é dominado por filmes grandiosos (que custam acima de US$ 100 milhões) e filmes alternativos de baixo orçamento, como os produzidos pela produtora Blumhouse.
Segundo o Slash Film, o lado negativo desses acordos é que muitos desses filmes não serão distribuídos para os cinemas. Por outro lado, eles ao menos existirão, ao invés de serem simplesmente descartados, como vem sendo feito. O site diz ainda que a Netflix, por exemplo, ressuscitou o gênero de comédia romântica, o que prova que o público ainda tem interesse em histórias que haviam sido deixadas de lado no atual cenário cinematográfico. O Slash Film também enxerga outros benefícios implícitos nos acordos entre grandes estúdios e plataformas de streaming, como o fato de que diretores que começaram em filmes indie e agora desejam abraçar projetos maiores não precisam dar grandes saltos para imensos blockbusters. Eles podem fazer projetos mais populares de médio orçamento para a Netflix, por exemplo, e crescer de forma gradual, até se sentirem prontos para filmes de alto orçamento. Para o site, quando um grande estúdio se preocupar menos com o resultado do filme nos cinemas, já que pode investir em filmes direto para estas plataformas, haverá muito mais produções em andamento e empregos gerados neste mercado.
Recentemente, foi anunciado o primeiro filme da parceria entre Paramount e Netflix: a sequência de “Para Todos os Garotos que já Amei”, filme que foi sucesso de público na plataforma.
Paramount e Netflix já trabalharam juntas no passado. A Netflix comprou da Paramount os direitos de “The Irishman”, filme de Martin Scorsese (“Silêncio”), quando o orçamento do longa ficou acima do que o estúdio esperava. Outro filme que deveria ter sido lançado nos cinemas pela Paramount, mas acabou no catálogo da Netflix, foi “O Paradoxo Cloverfield”.
Ao invés de investir em uma plataforma própria, como a Disney e a Warner estão fazendo, empresas como a Paramount e A24 estão unindo forças a plataformas consolidadas. O Slash Film especula sobre a possibilidade de a Netflix e a Apple acabarem adquirindo alguns desses grandes estúdios, o que traria uma nova e diferente era para a indústria cinematográfica.