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Notícias   quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Tentativa da Netflix de concorrer ao Oscar 2019 divide membros da Academia

Tática de lançar filmes do site de streaming em circuito fechado tem incomodado votantes de longa data da premiação, que classificam o ato como "desvalorização".

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Não é só no Festival de Cannes que a Netflix gera polêmica. De acordo com reportagem do The Hollywood Reporter, alguns membros da Academia não estão contentes com as táticas que a gigante do streaming tem adotado para conquistar uma vaga – e, quem sabe, uma estatueta – na cerimônia do Oscar em 2019.

Os votantes tradicionais da Academia ficaram incomodados quando a Netflix anunciou que quatro de seus filmes, entre eles “Roma”, de Alfonso Cuarón (“Gravidade”), serão exibidos em cinemas do circuito fechado para que possam ter a chance de concorrer à premiação do ano que vem, numa tática chamada de four-walling, ou distribuição em quatro paredes: quando um estúdio ou distribuidor aluga salas de cinema por um período de tempo e recebe toda a arrecadação de bilheteria, ao invés de agendar para que seus filmes sejam exibidos e dividam os lucros.

Especialmente no caso de “Roma”, além desta exibição em circuito fechado, a campanha que a Netflix vem fazendo para a produção é gigante, colocando o filme na lista de exibição de festivais que nem fazem parte do circuito conceituado para que ele seja divulgado e considerado elegível ao Oscar.

A reportagem do THR explica a questão do four-walling e o que isto implica para o site de streaming e o prêmio de Melhor Filme:

“Fazendo o four-walling, a Netflix não terá o fardo de revelar se seus filmes não foram sucesso de bilheteria, um privilégio que nenhuma das companhias lançando seus candidatos a Melhor Filme da forma tradicional terão. Se a Netflix garantir o Oscar de Melhor Filme para ‘Roma’, baseada somente nesta exibição paga por eles, diversas fontes da matéria acreditam que o longa será o primeiro filme distribuído em quatro paredes a conseguir tal feito na era moderna”.

E o incômodo com esta situação é explicado por uma das fontes do jornal, que integra o grupo de diretores votantes da Academia, que não revelou seu nome:

“Eles [donos das salas de cinema] sabem que este lançamento é falso, todo mundo sabe. A Academia precisa especificar o que define um filme. Se for somente a intenção, bom, nada que a Netflix lançou é direcionada aos cinemas. Isso é sobre herança e esclarecimento. Para mim, assim como para vários outros diretores, se seu filme não for feito para ser exibido nos cinemas, então o que difere o Oscar do Emmy?”.

Já para outros membros, a tática da Netflix pode ser interessante. Stephanie Allain (da série “Cara Gente Branca”), do corpo de produtores votantes, vê o lado positivo da história:

“O ramo está mudando. Não podemos nos prender a tudo. Acho fantástico que Romaserá exibido nos cinemas. Para mim, o modo de exibição não desvaloriza seu lançamento”.

“Roma” estreia no dia 21 de novembro em cinemas seletos dos EUA, e chega à Netflix no dia 14 de dezembro.

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Jacqueline Elise

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