“Roma”, o mais novo filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón (“Gravidade”), foi exibido pela primeira vez nesse final de semana, no Festival de Cinema de Veneza. Cuarón aproveitou a oportunidade para comentar sobre a importância da distribuição do longa pela Netflix (via Deadline). Durante o festival, ele falou sobre esse novo formato de distribuição de filmes, do qual “Roma” agora faz parte, e sua importância para filmes de nicho:

“Não se deve julgar quando sabemos da complexidade ou realidade da distribuição de filmes. Sabemos muito bem que um drama de língua espanhola – indígena, preto e branco e não um filme de gênero – sabemos que esse tipo de filme teria muita dificuldade em encontrar espaço para ser exibido [nos cinemas]. Eu não vou dizer [ter] sucesso, mas espaço. É por isso que é importante ter a Netflix… O importante é que o filme tenha um impacto e não se perca com o tempo. Temos que estar cientes do fato de que este filme existe e, portanto, sou muito grato pela Netflix, porque eles me permitiram trabalhar dessa maneira.Vamos conviver com esse formato. É importante que as duas coisas não entrem em conflito. É só uma questão de encontrar algo que funcione”.

David Linde, da produtora americana Participant Media, também comentou sobre a nova realidade dos hábitos de consumo de filmes na conferência de imprensa do longa durante o festival:

“É um pouco ingênuo acreditar que o público não quer ver um filme nos termos que ele considera mais apropriado.”

Para Cuarón, que escreveu, dirigiu e produziu o projeto, o filme é um “encontro do presente e um passado recontado”, e por isso, filmar em preto-e-branco era “parte do DNA”, por se tratar de uma lembrança. Uma lembrança com uma proposta tão autêntica que até usa móveis reais da infância do diretor. Tendo crescido em um ambiente governado por mulheres, Cuarón afirma sempre ter considerado sua babá como sendo sua mãe de alguma forma. Ao contar essa história em “Roma”, “foi surpreendente descobrir esse personagem como mulher”, disse o diretor.

“Roma” narra um ano turbulento na vida de uma família de classe média na Cidade do México, na década de 1970. A trama segue a jovem trabalhadora doméstica Cleo (Yalitza Aparicio) e sua colega de trabalho, Adela (Nancy García García), que trabalham para uma pequena família de classe média em Roma. Ao tentar construir um novo sentido de amor e solidariedade em um contexto de hierarquia social, Cleo e sua patroa, Sofia (Marina de Tavira, de “Cómplices“), lutam silenciosamente contra as mudanças na casa da família em um país que enfrenta uma milícia apoiada pelo governo.

Produzido pelo serviço de streaming, “Roma” é um drama em preto-e-branco e falado em espanhol, baseado nas lembranças de infância do diretor. Já havia sido divulgado anteriormente que a Netflix planeja exibir o filme em algumas salas de cinema dos Estados Unidos e outros países durante os meses de novembro e dezembro de 2018, além do lançamento na plataforma, que deve acontecer ainda este ano.

“Roma” será lançado na plataforma de streaming da Netflix ainda este ano, mas sem data específica confirmada.

Saiba Mais: Alfonso Cuarón, Netflix, Roma