Nem bem foram anunciadas, as alterações previstas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos para a cerimônia do Oscar já vêm sendo alvo de polêmicas. Nesta quarta-feira (8),a Academia anunciou a criação de uma categoria para premiar “filmes populares”, além de anunciar a diminuição do tempo de transmissão, forçando algumas categorias técnicas a entregarem seus prêmios durante os intervalos comerciais. Agora, a Variety tratou do assunto à vista da influência da emissora de televisão ABC, responsável pela transmissão do evento em solo norte-americano, nessas novas diretrizes.

Após a cerimônia deste ano, executivos da Disney (dona do canal televisivo) participaram de uma reunião com líderes da Academia para discutir a queda nos índices de audiência do evento. Em relação a 2017, o número de espectadores caiu 19%; se comparada com a cerimônia de 2014, recorde de audiência nos últimos anos, a queda foi ainda mais expressiva, de 39%. Visando reverter este quadro, a emissora teria feito diversas recomendações, entre elas a criação de uma categoria que contemplasse exclusivamente blockbusters e a redução no número de categorias televisionadas, encurtando a duração da transmissão.

Tais recomendações vieram em meio à parceria de longo prazo firmada pelas duas entidades, com a ABC sendo a emissora oficial e exclusiva do Oscar até 2028. O canal, no entanto, estaria decepcionado com a baixa audiência, independente do fato de os hábitos de consumo de conteúdo televisivo virem mudando ao longo dos últimos anos. Apesar de não ter se pronunciado oficialmente sobre o assunto, a Variety afirma em sua matéria que suas fontes descrevem a reação da ABC como “aliviada” e “prevendo que o público acabará aceitando o novo formato“.

No entanto, seja nas redes sociais ou em meio à mídia especializada, a reação vem sendo, em muitos casos, negativa. Entre os motivos mais mencionados, as críticas questionam os interesses por trás de tais mudanças. A campanha pela indicação de “Pantera Negra” às categorias principais é ponto mais levantado, dado que se trata de uma produção da Marvel Studios, que assim como a ABC, pertence à Disney. Outras críticas tratam do desrespeito para com profissionais de categorias técnicas – que não terão mais suas premiações exibidas – e a banalização do termo “popular” com uma categoria específica.

A data da premiação também foi alterada: a 92ª cerimônia do Oscar seria realizada no dia 23 de fevereiro de 2020, mas irá acontecer no dia 9 de fevereiro do mesmo ano. A Academia ainda não esclareceu o funcionamento da nova categoria e os critérios que serão utilizados para escolher os concorrentes e o vencedor da categoria. Abaixo, veja algumas das reações sobre as mudanças (via IndiaWire):

“Premiar filmes por sua incomparável popularidade? Parabéns aos produtores do vencedor na categoria ‘Não Tão Bom Para Concorrer a Melhor Filme’, que acabará enterrada sob pilhas imensas de centenas de milhões de dólares em bilheteria.”

“OK, mas então as outras categorias não seriam implicitamente apenas para filmes impopulares?”

“Bom, isso soa como um desastre vergonhoso. Criar uma categoria para ‘filmes populares’ soa muito vago e desnecessário. Mas se recusar a transmitir as categorias técnicas é muito pior e muito mais triste.”

“Meu Deus, a Academia acabou de anunciar que entregará alguns dos prêmios fora do ar, e criará uma nova categoria para ‘filmes populares’. Estas são decisões ruins e baseadas em desespero, e espero que voltem atrás. Ambas vêm do mesmo lugar: uma crença sem fundamento que há formas de aumentar a audiência da cerimônia. Isso vem de uma ignorância profunda sobre as tendências no consumo de televisão ao longo dos últimos trinta anos, e não vai funcionar.”

“‘Criaremos uma nova categoria para melhores filmes populares’. Ó céus. Dêem logo um Oscar honorário para o Kevin Feige [presidente da Marvel Studios] e sigam em frente.”

Já a 91ª edição permanece marcada para o dia 24 de fevereiro de 2019.

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