Cinema com Rapadura

Notícias   domingo, 27 de novembro de 2016

Entrevistamos o elenco e equipe da cinebiografia da cantora Elis Regina

O filme já está em cartaz em todos os cinemas do Brasil.

Entrevistamos o elenco e equipe da cinebiografia da cantora Elis Regina>

As cinebiografias são um gênero bastante explorado no cinema nacional e geralmente levam verdadeiras multidões aos cinemas. Pessoas estas que querem relembrar os grandes artistas ou personalidades que fizeram parte da nossa cultura. Tim Maia, Renato Russo, Cazuza, Zezé de Camargo e Luciano e até o ex-presidente Lula já receberam filmes de sucesso que mostravam as suas trajetórias. Mas ainda faltava um longa sobre uma das maiores intérpretes da história da música nacional, a “pimentinha” Elis Regina.

O Cinema com Rapadura foi convidado pela Downtown Filmes e a Paris Filmes, para participar da coletiva de imprensa do filme “Elis“, que contou com a participação do Diretor Hugo Prata, do produtor Fabio Zavala e do elenco, representado por Andreia Horta (“Muita Calma Nessa Hora 2“), Caco Ciocler (“Um Namorado Para Minha Mulher“), Lucio Mauro Filho (“Entrando Numa Roubada“), Ícaro Silva (“Pressão Total“) e Gustavo Machado (“Bruna Surfistinha“).

A seguir, confira os assuntos mais importantes desta entrevista:

Preparação: A atriz Andreia Horta, que interpretou Elis Regina no filme, fez três meses de preparação intensa para viver a cantora. Aulas de canto também foram realizadas, pois mesmo que não se ouça a voz da atriz nas cenas musicais do filme, ela precisava adentrar na personagem em todos os aspectos. Neste tempo de composição, Andreia passava oito horas por dia, de segunda a sexta, assistindo a mais de quatrocentas horas de vídeos da cantora e aprendendo suas nuances.

Locações Reais: Todas as filmagens da área externa do “Beco das Garrafas” – bar e casa de shows onde Elis começou a sua carreira de sucesso no Rio de Janeiro – foram realizadas no local verdadeiro. A parte interna foi construída em estúdio, utilizando uma planta baixa desenhada especialmente para o filme pelo antigo proprietário da casa, o multi artista Miele. Outros locais reais utilizados no filme são: a fachada do apartamento onde Elis morreu em São Paulo, o estúdio de gravação – que hoje em dia pertence ao filho da cantora – e o teatro Renaut, também em São Paulo.

Estrutura Wikipédia: O diretor Hugo Prata preferiu utilizar um modelo estrutural que mostrasse grande parte da vida de Elis, pontuando alguns acontecimentos mais importantes, porque esta era a primeira obra cinematográfica sobre ela. Era imprescindível para a produção que o filme dialogasse com todos os tipos de público e por isso foram deixados de lado alguns momentos mais musicais e inesquecíveis, como a gravação do disco “Elis e Tom”, para dar mais espaço às lutas da cantora contra o machismo, os medalhões da Bossa Nova, a ditadura militar e principalmente contra seu próprio temperamento que vai se tornando destrutivo.

Dublagem: Todas as músicas do filme são gravações originais da época e cantadas em sua totalidade por Elis Regina. O diretor pontua que seria impossível reproduzir a sonoridade do time de músicos fantásticos que acompanhavam a cantora e que dificilmente seria possível encontrar alguma atriz que tivesse força dramática, afinidade física e que cantasse igual a ela. A atriz Andreia Horta foi escolhida por conter traços físicos parecidos com os da interprete, mas principalmente por trazer frescor e dramaticidade para o papel.

Polêmicas: Ao ser perguntado se achava que seu filme evitava polêmicas para não afastar o público mais velho, o diretor afirmou que não concordava com este rótulo e que colocou sim, da maneira que achava correta, quase todas as polêmicas que cercaram a vida da cantora. O abuso de drogas – Elis morreu em 1982 por overdose de cocaína misturada com bebida – é mostrado de acordo com as pesquisas da produção, que mostram que ela só passou a usá-las por volta de oito meses antes de sua morte. Sobre problemas com a criação de seus filhos João Marcello Bôscoli, Maria Rita e Pedro Mariano, o diretor revela desconhecer ocorrências nesse sentido e por isso não os colocou no filme.

MiéleLuís Carlos d’Ugo Miele era um produtor, proprietário de casas de shows, ator, escritor, apresentador e diretor brasileiro de televisão, teatro, cinema e espetáculos! E também foi um dos “descobridores” do talento de Elis Regina e um dos primeiros a lhe dar espaço para cantar. No filme ele é interpretado por Lucio Mauro Filho e o próprio Show Man esteve no set de filmagens, no último dia, para agradecer a homenagem. Lucio conta que todos estavam com seus figurinos, na frente do “Beco das Garrafas” e que Miele se emocionou tanto, que passou a chamar a atriz Andreia de “Lilica”, que era o apelido que ele deu para a Elis real. Pouco mais de duas semanas depois, Miele morreria de causas naturais em seu apartamento no Rio de Janeiro.

Assista ao trailer do filme:

No filme “Elis”, a vida de Elis Regina é contada em ritmo energético e pulsante. Lançadora de tendências culturais, que sinalizou a mudança de estilos de Bossa Nova para MPB, a “pimentinha” que viveu uma vida turbulenta. Ao mesmo tempo em que se chocava com a Ditadura Militar no Brasil, ela lutou com seus próprios demônios pessoais.

O filme estreou no dia 24 de novembro nos cinemas brasileiros.

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Rogério Montanare
@rmontanare

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