Bruno Barreto conta como foi trabalhar com Glória Pires e atores mirins em Vovó Ninja: “fascinante” [ENTREVISTA]
Longa marca a primeira vez que Glória Pires e Cleo interpretam mãe e filha em uma produção.
(Créditos: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora)
“Vovó Ninja” é o novo longa do diretor Bruno Barreto (“Férias Trocadas”). O filme conta com Glória Pires e Cleo nos papéis principais, marcando a volta de Glória às telonas e trazendo ela e Cleo contracenando como mãe e filha pela primeira vez.
O Cinema com Rapadura teve a oportunidade de entrevistar o diretor. Primeiramente, Barreto contou sobre o seu envolvimento com o projeto:
“Então, esse filme chegou a mim, o roteiro, minha irmã passou o roteiro para mim. Foi o segundo filme que eu fiz que minha irmã produtora, Paula Barreto, me trouxe o projeto. Nesse caso, foi o roteiro. No caso do ‘O Casamento de Romeu e Julieta’, ela me deu o livro, o conto que o Mário Prata tinha escrito, o Palmeiras: Um Caso de Amor. E aí eu trabalhei no roteiro. E eu fiquei muito interessado, eu fiquei muito tocado pelos personagens, eu achei a história original, sabe? Eu vi logo, para mim, é como uma criança e dois adolescentes reaproximam a mãe da avó, e a avó da mãe. Então, eu achei isso uma história tocante, emocionante. Eu sempre, eu sou motivado pela emoção. Se eu me emociono ao ler uma história, eu quero contar ela. E aí eu decidi fazer. Então, a Glória já tinha lido e tinha gostado, mas não tinha… ela estava esperando ver quem é que ia dirigir e tudo, e nós já tínhamos trabalhado juntos no ‘Flores Raras’. Ela adorou a ideia de eu dirigir, a gente conversou, e aí mexemos no roteiro, ela mexeu, mexemos no roteiro juntos, ela dava ideias maravilhosas. E trouxemos a Gabriela Mancini [roteirista] para fazer o último tratamento, e aí fomos escalar as crianças. E esse foi um processo muito gostoso.”
Em seguida, o cineasta continuou falando sobre como foi trabalhar com atores mirins:
“Eu adoro trabalhar com crianças. Meu primeiro filme, que eu fiz quando eu tinha 17 anos de idade, foi com a Dina Sfat, que era uma grande atriz da época, tinha acabado de fazer ‘Selva de Pedra’, a primeira versão do ‘Selva de Pedra’ na Globo, era o ‘Tati, A Garota’ (1973), com uma menina de seis anos, e tinha outras crianças no filme, porque é a história de uma mãe solteira que se muda com a filha de seis anos de um subúrbio do Rio para Copacabana. Então, tinha um drama ali, o conflito dessa criança meio inocente do subúrbio do Rio. Na época, o subúrbio do Rio ainda era um lugar pacato, não era um lugar de milícias. E ela vindo para Copacabana, e as crianças em Copacabana eram mais competitivas, agressivas. Então, tinha uma certa simetria entre o ‘Tati, A Garota’ e esse filme. Novamente, um drama infantil que tem momentos de comédia também, claro, e um drama adulto também, como é a vida, né? A vida não é os adultos de um lado, e as crianças do outro. Tem muita história que envolve os dois. Então, esse é um outro aspecto. O ‘Vovó Ninja’, embora tenha um título mais infantil, não é um filme infantil. Ele é um filme para a família toda. Então, isso me atraiu muito no projeto.”
Por fim, Bruno Barreto contou como foi trabalhar novaente com Glória Pires 11 anos depois da parceria no filme “Flores Raras”:
“Olha, foi maravilhoso. Foi mais completa. Porque era o segundo filme que a gente fazia. Então a gente trocava muito. Havia uma confiança muito grande. Tanto de mim pra ela, dela pra mim. A gente se ouve muito. Isso já tinha acontecido no ‘Flores Raras’. Mas nesse filme, que ela participou mais do roteiro também, eu acho que a gente foi adiante nisso, entendeu? Eu costumo dizer que eu faço filme de ator, não de autor. Eu gosto de fazer filme de ator. Porque se você me perguntar, quando você faz um filme, o que você mais gosta? Porque tem roteiro, música, figurino… Tem tantos elementos que um diretor tem que cuidar. Se eu pudesse escolher um só, o que eu mais gosto é trabalhar com ator. É o que eu mais gosto. Porque é o que mais me surpreende. Porque o ser humano é imprevisível. Então um take é sempre diferente do outro. Está sempre no mesmo tema. Quando o ator é bom, quando o diretor é bom, quando o roteiro é bom. Mas tem uma diferença. Tem uma mágica. Tem alguma coisa que acontece ali que ninguém podia prever. E para mim isso é absolutamente fascinante. Então o trabalho com os atores é sempre muito bom. E por isso que eu adoro trabalhar com criança também. E eu estava trabalhando com a Glória criança. Não a Glória atriz.”
“Vovó Ninja” conta a história de Arlete (Glória Pires), que vive reclusa e tem um estilo de vida zen. Ela se prepara para receber os três netos em sua casa, depois de muito tempo sem vê-los. Arlete não tem muita intimidade ou jeito com as crianças, que estão insatisfeitas de passar as férias com a avó em um sítio sem internet, cheio de regras e tarefas domésticas. Após uma tentativa de roubo no local, o caçula Davi (Angelo Vital) descobre que a avó tem habilidades fora do comum e, junto com os irmãos, faz de tudo para descobrir qual é o segredo de Arlete.
O elenco também conta com Leandro Ramos, Luiza Salles, Michel Felberg, Matheus Ceará, Dadá Coelho, Luiza Nery, Thiago Justino, Pedro Miranda e Miguel Lobo.
“Vovó Ninja” já está em cartaz nos cinemas brasileiros.
Saiba Mais: Bruno Barreto, Cleo, Glória Pires, Vovó Ninja