[Entrevista] Hotel Transilvânia: Transformonstrão | Elenco destaca o poder da animação como fonte da comédia na sequência
Em coletiva de imprensa, elenco americano fala em tom de despedida sobre o provável último capítulo da franquia de Genndy Tartakovsky.
Uma franquia que já dura dez anos e é lembrada como uma das mais engraçadas e emocionantes do cinema. Não, não falamos de super-heróis nem de óperas espaciais, mas de monstros. “Hotel Transilvânia: Transformonstrão” chega ao Prime Video em 14 de janeiro e traz de volta as novas versões de monstros clássicos do folclore popular, mas com a leveza típica que só as animações conseguem imprimir. O Cinema Com Rapadura teve a oportunidade de assistir à coletiva de imprensa mundial da animação com parte do elenco e traz os destaques.
“Transformonstrão” marca o quarto filme da série iniciada por Genndy Tartakovski em 2012. Desde então, Drácula, Mavis, Jonathan e a turma toda já passaram por poucas e boas e vêm crescendo como personagens junto com seu público. Selena Gomez, em especial, iniciou sua vida adulta junto com Mavis (que carrega o pesado legado de seu pai Drácula nos ombros), e tratou do processo de amadurecimento das duas:
“Tem sido um prazer tão grande interpretar a Mavis e crescer com ela. Faz tanto tempo que começamos, eu estava em uma fase tão diferente da vida… Nem sempre parece, mas ela é durona. Nem sempre se espera grandes coisas dela, ela é mais preocupada, e isso combina bem comigo e minha personalidade. Entendo como é ter suas diferenças com membros da família. É legal tocarmos em um assunto tão importante, mas de um jeito tão doido. É divertido.”
Junto com Fran Drescher, que dá vida a Eunice no filme, Selena também tocou em como o filme aborda a questão da identidade. Para a dupla, estar presente consigo mesmo é o principal não só para os monstros no filmes, mas também para as pessoas que estão assistindo e se inspiram neles:
[Selena] “Poderíamos falar algo do tipo, ‘acredite em si mesmo’, mas é um desafio. Às vezes você acorda, fica sentada e não consegue escolher. Você sente o que sente, e acho que é importante ter momentos para si. Longe das mídias sociais, particularmente. É bom estar presente consigo mesma. Mas não significa que você precise ter um monte de amigos ao redor para ser alguém legal.” [Fran] “A coisa mais legal que alguém pode ser é si mesmo. Não se render à pressão dos outros, não querer ser alguém diferente por achar que é o que os outros esperam. Todo santo dia, quanto mais você praticar autoconfiança e amar exatamente quem você é e fazer o que gosta, aí você está no caminho de uma vida de sucesso, de felicidade interior. Tornar gentileza e compaixão seu norte também agrega valor à vida e àqueles com quem você se conecta.”
Ao ouvir a fala das colegas, David Spade logo corneta: “Estou fazendo errado, então”. Um dos traços essenciais de “Transformonstrão” é colocar parte do elenco em situações opostas às que estão acostumados. É o caso de Griffin, o Homem Invisível com a voz de Spade, que é visto pela primeira vez na franquia:
“Griffin gosta de roubar a cena. Eles me mostraram algumas imagens antes, e acho que não era o que as pessoas esperavam, pois queriam que Griffin fosse mais bonito, tipo um Bradley Cooper. Mas ele é esse cara atrapalhado, meio bobo, fora de forma, cabelão vermelho… Mais como um Príncipe Harry. Só que ficou legal. Como é para crianças e para a família, acho que animações têm que ter um visual engraçado, então apoiei 100% o meu Griffin.”
Outros dois grandes nomes da comédia atual estão no elenco: Andy Samberg como Jonathan, marido de Mavis, e Keegan-Michael Key como a múmia Murray. Ainda que os novos designs de seus personagens tenham agradado e surpreendido a dupla (“Sempre quis ser um mochileiro de Burning Man como Godzilla”, diz Samberg), a especialidade de ambos é fazer rir. E Samberg destaca o trabalho de animação como o traço essencial para o sucesso dessa empreitada:
“Você vê o estilo de animação que eles criaram, que é uma das melhores coisas do filme. É divertido, exagerado. Claro que as crianças gostam, mas quando eu assisto, dou risada só de ver as expressões que eles dão aos personagens. Dessa vez, dava para perceber que eles queriam que eu fizesse algo gigante e insano, e aí eles vão elevar isso com a animação. Como ator, é algo libertador, ninguém vai te mandar segurar a onda.”
Key compartilha da opinião de Samberg, e classifica essa “falta de limites” como o melhor aspecto de trabalhar com dublagem. Para ele, é como retomar momentos da infância:
“O conceito de não ter limites. O visual dos personagens é tão exagerado que você não precisa se preocupar com nada que te daria trabalho em um filme em live-action. É como ser criança. Sua imaginação vai para todos os lugares, você entra na sua própria zona, e na animação se pode canalizar isso de novo como adulto. E não é algo que causa desconforto, mas algo que se encoraja.”
Um aspecto inusitado da comédia dublada é o trabalho por trás da voz. Drescher é oriunda do sitcom “The Nanny”, no qual fazia muito uso de comédia física. Segundo ela, o trabalho em live-action e em animação não são tão diferentes quanto se imagina:
“Comédia física é bem importante, havia muito em ‘The Nanny’. Em animação, é ainda mais imperativo que aconteça, pois é um mundo de faz de conta. É possível contorcer os personagens de um jeito que não se pode na vida real. Acho que é o melhor da animação, até onde podemos levar os personagens e o que eles conseguem fazer de divertido e surpreendente.”
A fala de Drescher novamente remonta ao tema central de transformação do filme. Griffin, que é literalmente invisível, passa talvez por uma das mudanças mais impactantes entre os personagens. Desajeitado, Spade destaca a qualidade da animação como o ponto de partida para a comédia do filme:
“Selena, qual a resposta dessa aqui? [risos] Antes, Griffin aparecia mais como copos voadores, sem ser visto. Agora é como se ele fosse um personagem completo. Foi uma ideia divertida, pois inverte a expectativa do público. Quando você vê as piadas na tela, fica três vez mais engraçado, pois há muitas outras piadas que vão junto, fica mais divertido. Não é bem a gente, somos só uma camada. O que os animadores fazem que torna tudo ainda melhor. Eles sabem bem o que estão fazendo.”
Apesar de ser uma animação voltada para o público infantil, criança nenhuma vai ao cinema sozinha, certo? Pegando carona na fala de Spade, Key fala sobre o apelo que ela tem também para os adultos ao trabalhar tão bem a forma com que famílias se relacionam:
“Uma coisa que gosto é como retratam as dinâmicas familiares. Como cônjuges, parceiros e todo mundo trabalha junto entre si. Essa dinâmica é muito bem desenvolvida. E é algo fácil de se identificar, sabe? Um adulto pode estar rindo de uma piada, mas, por baixo, há aquela noção de, ‘poxa, nós fazemos isso mesmo, minha esposa faz isso’.”
Com um elenco bem humorado e entrosado, o clima de piadas é constante. Fran Drescher também destacou o bom ambiente de trabalho, como isso se confunde com as histórias de “Hotel Transilvânia” e se torna um atrativo para o produto final:
“O que gosto sobre esses filmes é que a escrita é bem engraçada. Os pais aproveitam tanto quanto os filhos. Há alguma piadas que passam batido pelas crianças, mas os pais entendem e se divertem. É tudo muito positivo. É só olhar para o elenco, são todos muitos sérios. [risos]”
Infelizmente, tudo indica que “Transformonstrão” será o último capítulo da franquia, até pelo desenvolvimento da história. Mas Samberg não quer tudo acabe tão facilmente!
“Não gosto de admitir que acabou, sabe? Se falarmos que já deu, estamos cedendo ao poder da Sony. [risos] Não sei. Tem sido tão legal fazer! Vou sentir falta das coletivas e de trabalhar com eles…”
Selena também foi bem direta ao falar do que levará consigo com o final de “Hotel Transilvânia”:
“Eu não vou sentir falta de trabalhar com o Andy, não! [risos] Ele e o elenco sempre foram tão legais, me ajudaram a me sentir mais confortável em entrevistas, me sentir normal.”
“Hotel Transilvânia: Transformonstrão” chegou ao Amazon Prime Video em 14 de janeiro.
Saiba Mais: Hotel Transilvânia: Transformonstrão, Prime Video