Cinema com Rapadura

Entrevistas   sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

[EXCLUSIVO] Matrix Resurrections | Jonathan Groff destaca leveza e criatividade da continuação

Ator também falou sobre trabalhar com Keanu Reeves e destrinchou o processo de Lana Wachowski na direção.

[EXCLUSIVO] Matrix Resurrections | Jonathan Groff destaca leveza e criatividade da continuação>

Jonathan Groff é um dos atores mais queridos da indústria atualmente. Em papéis como o do investigador Holden Ford na série “Mindhunter” ou do rei George III no musical “Hamilton“, o ator conquistou o coração do público com performances consistentes e marcantes, além de ser extremamente carismático atrás das câmeras. Era natural que seu próximo trabalho o levasse a novos patamares dentro de Hollywood. O que ele não imaginava, no caso, é que este seria em uma das maiores franquias e trabalhando com alguns dos grandes nomes do entretenimento em “Matrix Resurrections“.

Em uma entrevista concedida pela Warner Bros. Pictures exclusivamente ao Cinema Com Rapadura, contou sobre seu contato com Keanu Reeves no set, como foi sua entrada no elenco da obra e sobre a oportunidade de trabalhar com a diretora Lana Wachowski. Sobre o protagonista da sequência, Groff afirmou:

“Pude interagir bastante com Keanu. Ele é um ícone. Ele vem com esse status lendário de ser não só uma estrela icônica do cinema, mas é também o cara mais legal do mundo. E cumpriu essa expectativa e mais um pouco. Poder trabalhar com ele… Você deve pensar que, especialmente por ser um papel que ele já interpretou antes, seria como ‘ah, está tranquilo’. Mas ele estava tão focado e dedicado. Logo na primeira cena que dividimos, ele olhava para o roteiro e suas falas entre cada take, permanecendo de verdade no mundo do filme e do personagem. […] É uma contradição, pois ele é muito real. Não há formalidades. Ele é muito normal. E nesse set em particular, ele era Thomas Anderson. Ele era Neo. Ele habitava essa pessoa intensa e icônica do mundo do cinema. E ele é tudo isso ao mesmo tempo.”

O ator também contou como conseguiu chegar ao elenco e dividir um set com um astro tão icônico como Keanu Reeves, principalmente por se tratar de um filme dirigido por Lana Wachowski, uma cineasta que tem um círculo de artistas bem próximos com os quais costuma trabalhar:

“Carmen Cuba, a brilhante diretora de casting do filme, já havia me escalado em uma série chamada ‘Looking’, da HBO, lá em 2013. E ela me mandou uma mensagem, ‘estou trabalhando em algo muito legal. Quer vir para São Francisco no seu dia de folga conhecer uma diretora incrível e falar sobre um projeto incrível?’. Eu estava em uma peça e ensaiando em Nova York, não sabia o que era quando ela me contatou inicialmente. Respondi, ‘claro’. E aí tudo se revelou. É parte da experiência alegre da carreira que você desencadeia, você forma esses laços com pessoas com quem tem conversas artísticas e é uma conversa para a vida inteira. Acho que Lana é uma dessas pessoas para mim seguindo adiante também.”

Mesmo com um elenco tão estrelado, Groff explicou que o maior atrativo do projeto foi, na verdade, a possibilidade de trabalhar com Lana Wachowski, conhecida por uma visão artística intensa sem amarras, notada em filmes como “Speed Racer” e “A Viagem“:

“Se tivesse que escolher a principal razão para mim, pessoalmente, seria a oportunidade de entrar na mente de Lana. Não acho que há nenhum cineasta como ela no mundo. Ela e sua irmã [Lilly] redefiniram o cinema com o ‘Matrix’ original e depois continuaram fazendo arte fenomenal. Tenho acompanhado toda a sua carreira, e finalmente poder conhecê-la no teste para esse projeto foi chocante, de certa forma, pois ela foi tão legal e tranquila, criativa e colaborativa, divertida e presente, alegre e liderando com amor e coração. E foi assim no meu primeiro teste e em toda a gravação do filme. Foi uma honra e uma alegria estar no mundo dela.”

Trabalhar em “Matrix” e com Lana Wachowski é um marco na carreira de qualquer ator, mas Groff acredita que esse projeto em especial tenha sido um marco também para a cineasta. Retomar essa franquia tão emblemática foi especial para a diretora, especialmente em um momento tão diferente daquele da trilogia original:

“Ela fala muito sobre sua transição e como isso se relaciona com seu processo criativo. No início de sua carreira, ela tinha dezenas de takes incrivelmente planejados, meticulosos, quase como uma réplica exata de sua mente posta no filme. Muito controle. Mas isso era no início. Acho que ‘A Viagem’ foi um divisor de águas para ela, quando ela começou a se apaixonar por luz natural, pelo sol e pelas surpresas lindas que podem acontecer se você não tiver cada detalhezinho planejado. E, obviamente, se você se preparar o suficiente, mantiver todo mundo seguro e ter todo mundo no mesmo pé criativamente. Mas quando a câmera roda, o que aconteceria se você deixasse as pessoas soltas no momento? O que aconteceria quando a luz natural e o mundo lá fora inspirasse o processo criativo?”

A leveza de Wachowski por trás das câmeras foi algo marcante para toda a equipe. Groff acredita que é justamente esse fator que transforma “Resurrections” em algo especial e o destaca dos demais filmes da franquia:

“Conversamos muito, mas não tivemos tantos ensaios. Ela não preparou ninguém excessivamente para os papéis pois queria capturar essa espontaneidade. Isso, para mim… A experiência de gravar esse filme foi muito ‘entrar com o corpo’, não ‘entrar de cabeça’. Era mais baseada em impulso e sensação, e me obrigou a sair da concha e fazer coisas que nunca imaginei antes. Então, enquanto experiência criativa, foi assustador. Foi como pular de um prédio… Como algumas pessoas fazem no filme. Está no trailer. [risos] E era assim ir trabalhar todos os dias nesse filme. Não só para os atores, mas para a equipe de luta, para a equipe. Esse é o tipo de energia que Lana transmite em seu processo criativo que acho que transparece no filme. Há essa fagulha de inspiração, esse fogo criativo que vem da inspiração de descobrir algo no momento.”

Inicialmente concebido como uma alegoria para a transição de gênero, um dos temas centrais da franquia é justamente se libertar de amarras impostas por uma sociedade opressora — essa é a decisão que cada pessoa deve tomar ao escolher entre as famosas pílulas vermelha ou azul. Groff revelou ser mais alinhado à vermelha, o que sempre o ajudou, mas o filme expandiu ainda mais sua visão de mundo:

“Minha nossa. Pílula vermelha. E é engraçado, pois acho que eu pensava que estava escolhendo a pílula vermelha na vida, mas não estava de fato até trabalhar com Lana e poder fazer parte de sua comunidade de artistas e amigos, especificamente em Berlim, onde me apoiei ainda mais no meu lado pílula vermelha. Então me senti expandi-lo de um jeito que nunca tinha sentido antes até ter a chance de conhecê-la e trabalhar no filme. Então pílula vermelha, agora mais do que nunca.”

“Matrix Resurrections” já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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Julio Bardini
@juliob09

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