Cinema com Rapadura

Entrevistas   segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Eternos | Elenco fala sobre como confiança em Chloé Zhao permitiu que explorassem os personagens a fundo

Em coletiva de imprensa, atores detalham o que os atraiu para o filme e o diferencial de cada personagem.

Eternos | Elenco fala sobre como confiança em Chloé Zhao permitiu que explorassem os personagens a fundo>

Depois dos Vingadores e Guardiões da Galáxia, chegou a hora de apresentar os Eternos ao público. Embora venham apenas no 25° filme do Universo Cinematográfico da Marvel, estes heróis são os mais antigos, presentes na Terra há milhares de anos, e cuja mitologia deve representar um importante ponto de virada para o MCU. Com a cineasta vencedora do Oscar Chloé Zhao responsável pela direção, e um elenco estelar, “Eternos” chega aos cinemas em 4 de novembro. O Cinema Com Rapadura teve a chance de assistir à coletiva de imprensa mundial do longa, e traz os destaques abaixo.

Kevin Feige, presidente do Marvel Studios e produtor do filme, credita a ideia de trazer Zhao ao projeto ao também produtor Nate Moore, que é citado como a “força motriz” de “Eternos”. E quando a cineasta apresentou a abordagem que gostaria de ter, tudo se conectou perfeitamente com a criação de Jack Kirby. Zhao conta:

“Bom, tudo começou comigo mostrando a ele uma foto ampliada de areia. E então citei um poema de William Blake. E mesmo assim, me permitiram continuar no recinto [risos]. Mas o que o poema tenta dizer, é que você consegue ver a beleza infinita e significado do cosmo dentro das menores coisas que você consegue encontrar na Terra. Então a visão do filme era capturar essa escala. Algo tão grande como a criação do sol e algo tão íntimo como os sussurros de amantes. Então eu acho que poder ir a locações e ter este tipo de filmagem imersiva, e ter o entendimento deste elenco incrível foi como chegamos até aqui”.

Este elenco incrível teve Angelina Jolie como primeiro nome anunciado, deixando todos atentos e curiosos sobre este filme de super-herói que teria atraído uma atriz de tanto renome. Falando sobre seu interesse no projeto, Jolie contou:

“Eu fui atraída a este projeto por muitos motivos. Eu sou fã do MCU. Eu sou uma grande fã de Chloé. E quando eles conversaram comigo sobre a história, era realmente sobre o elenco. Era a ideia do que esta família seria. E eu só queria fazer parte desta família antes mesmo de saber quem eu interpretaria. Mas o que eu aprendi sobre Thena, e essa é uma das coisas especiais que Chloé traz para isso, ela traz a realidade para um filme. Ser quem você verdadeiramente é. Então muitos de nós fomos escalados para trazer algo de nossas próprias vidas, algo de dentro de nós mesmos, de que até não estávamos cientes. E então deixar viver e crescer dentro do filme. Então ela é a heroína mais fantástica que eu interpretei, mas ainda assim, meus filhos acharam que ela também é a que mais se parece comigo. É difícil falar sobre ela, mas sua vulnerabilidade e o que ela está tentando balancear. E ao mesmo tempo ser alguém considerada muito forte. Eu acho que ela tem ambos, o que é o caso para a maioria das pessoas. E é importante ver isso”.

Gemma Chan foi uma das últimas anunciadas no elenco. A atriz já era veterana do MCU ao interpretar Minn-Erva em “Capitã Marvel”, mas Feige tinha intenção de utilizá-la melhor em algum projeto futuro. Ambos se surpreenderam sobre quão rápido este trabalhou surgiu, com Chan sendo escalada para interpretar Sersi, papel central na trama. Sobre o centro emocional da personagem, a atriz descreve:

“Sersi é uma super-heroína, sim, mas seus poderes não são os mais óbvios ou mais chamativos. Ela também não é a melhor lutadora. Mas o que ela tem é empatia e uma verdadeira afinidade pela humanidade e pela Terra. Ela é um espírito livre. E eu amei isso. Que uma das coisas mais agradáveis sobre o filme era seguir em uma jornada que é como um coming-of-age, mesmo que já tenha milhares de anos de idade. Mas ela aprende a confiar em si mesma e crescer com seu próprio poder. E isso foi muito interessante de explorar”.

Richard Madden interpreta o guerreiro Ikaris, envolvido em um relacionamento instável com Sersi ao longo de milhares de anos. O ator já tem prática neste tipo de papel, com Robb Stark em “Game of Thrones” sendo o grande destaque, mas ele explica o que diferencia Ikaris do resto:

“Eu estou acostumado a interpretar homens apaixonados, e alguém que é um soldado mas é completamente motivado por amor, todas as decisões são motivadas por amor. Estou acostumado com personagens que estão muito focados no amor e isso transparece. Mas com Ikaris, é o oposto disso. Ele está tentando esconder esse amor porque está atrapalhando seu dever, e ele está constantemente lutando com isso. E isso foi o que tornou interessante formar a relação com todos os personagens, de Sersi a Sprite, e tentar entender o que é esse relacionamento quando você está tentando se ater ao dever, mas seus sentimentos atrapalham. É um tipo de luta eterna”.

Salma Hayek interpreta a líder dos Eternos, Ajak, que nos quadrinhos é um homem. A atriz falou sobre o significado desta escalação como uma mulher mexicana:

“É uma experiência que me deixa muito humilde, pois sabe, eu sonho alto. Se eu não sonhasse, eu não teria chegado aqui. Mas em meus maiores sonhos, eu queria ser uma super-heroína. E eu queria trabalhar com os melhores diretores do mundo, estar em grandes blockbusters, e filmes que também são de arte, vindos de um lugar profundo com grandes diretores. Você não poderia pedir por mais. Mas isso não aconteceu para mim. Você tenta nos seus 20 anos, 30 anos, e nos 40 anos você diz ‘Eles que se ferrem, eles não entendem. Eu seria boa em filmes de arte, e em filmes de heróis, e eles não viram’. E você desiste.

Então me deixa humilde quando eu, nos meus 50 anos, tenho essa oportunidade de fazer ambos com uma diretora brilhante. Fazer algo que vem de um lugar profundo. E que também é um blockbuster. Eu estava errada, tudo é possível. E quando você pensa sobre isso, em seus 50 anos, eu sou mexicana, sou libanesa, sou árabe também. E não é como se eu fosse musculosa, sou baixa de seios grandes, não é sua super-heroína comum. Então é isso que falo sobre o impossível. E foi lindo ver ontem, eu quase chorei quando vi essa família latina, uma mãe com suas garotinhas todas vestidas como Ajak. Tudo é possível”.

Feige e Zhao falaram sobre as mudanças em alguns dos personagens, como a própria Ajak ser um mulher, e a líder, como uma figura materna. Além disso, o elenco traz atores de vários lugares do mundo, no que Feige explica:

“Como Nate [Morre] advogava por esse projeto, não dá pra fazer a história da humanidade sem que os heróis pareçam com uma cross-section da humanidade. E esse era o objetivo”.

Kumail Nanjiani interpreta Kingo, que ao contrário de seus irmãos Eternos, rejeita a ideia de ficar escondido nas sombras, e se torna uma estrela de Bollywood. O ator conta então sobre o desafio de ter que preparar uma performance de dança:

“De longe a coisa mais difícil que tive de fazer foi dançar. E eu vou denunciar Chloé aqui. Ela mentiu para mim. Quando conversamos sobre o filme, ela disse ‘Tem uma sequência de dança de Bollywood’, e eu disse ‘Chloé, eu não acho que consigo fazer isso’. Então ela disse ‘Ok, faremos então uma sequência de ação de Bollywood’. E assim que eu cheguei em Londres, ela veio até mim e falou ‘É uma sequência de dança’ [risos]. Então eu precisei de uma professora de dança”.

Mas apesar de desafiador, Nanjiani reflete que confiava totalmente em sua diretora, pensamento que compartilha com Brian Tyree Henry, o intérprete de Phastos. Cumprindo o papel de inventor dentro do time, na atualidade o personagem é casado com um homem, com quem tem um filho, marcando a primeira vez na Marvel que alguém LGBTQIA+ tem uma posição mais central. Retratar uma família real foi importante para o ator, que também reflete sobre como o filme foi importante para ele como um homem negro:

“O que me atraiu para esse papel foi como quando eu penso nas imagens de homens negros que existem por aí, e como nós somos retratados. E o que eu amo sobre Phastos é que ele é um ancestral, todos somos tecnicamente. Então Phastos pré-data tudo e provavelmente teve que enfrentar todas essas coisas que rapidamente poderia fazer alguém perder a fé na humanidade. E eu lembro quando esse papel chegou até mim, que eu tinha meio que perdido a fé na humanidade, olhando para tudo que tem nos acontecido. As imagens de homens negros e como somos retratados, com o poder sendo retirado de nós. E o que eu gosto sobre Phastos é que mesmo ele passando por tudo isso, e ele sendo eterno, não sendo capaz de morrer, ele ainda preferiu o amor.

E eu lembro a primeira vez que eles vieram até mim e disseram ‘Queremos que você seja um super-herói’. E eu disse ‘Show, quanto peso eu tenho que perder?’. E Chloé disse ‘Do que você está falando? Queremos você exatamente do jeito que você é’. E sendo um homem negro e ter alguém dizendo isso foi como algo que nunca havia sentido antes. E eu acho que isso é algo que espero que todo mundo leve deste filme, o coração da humanidade ainda vale a pena ser salvo, e fazer tudo que fazemos através do amor. E é isso que Chloé mostrou”.

Kit Harington também faz parte do longa, como o humano Dane Whitman, que nos dias atuais trabalha junto com Sersi no Museu de História Nacional, e possui uma profunda ligação com ela. Apesar de não ser um Eterno, e de ter pouca participação no filme, o ator explica a beleza do personagem:

“Ele é um cara legal. Eu senti que eu estou representando a humanidade. Sou eu, o marido de Phastos e o filho deles, representando a humanidade, e eu senti isso desde o início. Que eu tinha de representar algo que valeria a pena salvar, talvez. E eu espero que Dane pareça um cara legal e confiável. E algo que eu realmente respeito nele é que quando um homem voa e atira lasers dos olhos, e rouba sua namorada, ele fica ok com isso. Então é, isso é Dane”.

Uma relação interessante e inesperada foi trazida à tona durante a coletiva. Lauren Ridloff, que interpreta Makkari, falou sobre a conexão entre sua personagem e Druig, interpretado por Barry Keoghan. Como ela explica, eles são os “quebradores de regras” do grupo, e muito dessa relação veio dos próprios atores:

“Primeiramente eu tenho que dizer que acho que essa relação entre Makkari e Druig vem como uma surpresa para várias das pessoas aqui não é? Porque nos rascunhos dos roteiros não é algo que é muito aparente. Mas Chloé, com sua brilhante direção, queria que nós deixássemos implícito que tem muito mais acontecendo com Druig e Makkari. E eu acho que o que os juntou é que ambos são bem impacientes e ambos têm grandes poderes. E ambos escutam que têm de se controlarem. E eu acho que os dois são arteiros, e se divertem”.

Zhao complementa que quando Ridloff e Keoghan se conheceram, eles começaram a improvisar, e tiveram de imediato uma ótima química, então isso era algo que tinha de ser aproveitado no filme.

Interpretando Gilgamesh, Don Lee fará sua estreia em Hollywood com “Eternos”. O ator é um dos mais bem-sucedidos da Coreia do Sul, e ficou mundialmente conhecido com seu papel em “Invasão Zumbi”. Embora experiente no gênero de ação, ele conta como foi a experiência de fazer parte de um projeto da Marvel:

“Eu fiquei muito impressionado com o elenco diverso, de todo lugar do mundo. E eu estava tão interessado em conteúdos globais, e isso pode entreter pessoas ao redor de todo o mundo. Então fiquei muito feliz. E eu sempre fui um grande fã da Marvel, e Kevin. E um grande fã de Chloé também. E todo mundo foi tão legal. Foi bem confortável. Foi como se fôssemos velhos amigos. E eu estou sempre pronto para outro filme de ação, mas esse foi um pouco diferente, porque eu não tenho um oponente físico. Então eu tive de usar minha imaginação”.

Por fim, está Sprite, ou Duende em seu nome em português. A Eterna de milhares de anos presa em um corpo de criança é interpretada por Lia McHugh, que consegue se relacionar com a situação de sua personagem, ao também parecer mais jovem do que realmente é. Sobre a personalidade de Sprite, ela conta:

“Ela possui várias camadas. Em cada cena, ela passa por muitas emoções, mas ela as expressa de um jeito atrevido, temperamental, como uma velhinha. Chloé disse que eu devia assistir Maggie Smith, e entender como ser uma senhora velha. Mas também ter a admiração de uma criança, e querer parte deste mundo, mas não poder. Então ela lida com muita coisa emocional que o resto dos Eternos não têm de lidar por estar presa no corpo de uma criança”.

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Louise Alves
@louisemtm

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