Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

O Grande Truque (2006): irmãos Nolan fazem uma dupla sensacional

Uma fantástica trama que funde ficção e realidade, trazendo algo de realmente empolgante para as telonas. "O Grande Truque" mistura elementos extremamente bem sucedidos, resultando numa notável produção.

Há filmes que chegam com grande alarde da mídia aos cinemas e acabam decepcionando por não corresponderem às expectativas do público, que acaba tendo uma impressão muitas vezes até pior que a real. Com “O Grande Truque” ocorreu exatamente o contrário. Quase sem ser comentado, sem grandes investidas publicitárias, ele chegou sem fazer barulho, mas agradou bastante a quem foi conferir. Com um elenco de primeira e uma dupla de peso na direção e roteiro, esse consegue ser um filme que se destaca entre as produções atuais, não apenas pelo aspecto técnico, mas também pela trama impecável.

Tudo gira em torno de dois mágicos ingleses do fim do século XIX, Alfred Borden e Rupert Angier, cuja rivalidade vai se tornando uma incontrolável ganância e os levando a cometer atos insanos em nome da almejada posição de melhor ilusionista. Os dois são movidos pela inveja um pelo outro e passam o decorrer do filme tentando desvendar e superar os truques alheios. Todos os outros sentimentos são deixados em segundo plano pelos dois mágicos, inclusive o amor por Olívia, personagem de Scarlett Johansson, enquanto a obsessão pela perfeição só aumenta.

O que poderia se tornar uma trama apenas mediana, entretanto, ganha um rumo bastante interessante nas mãos do diretor Christopher Nolan, munido pelo brilhante roteiro adaptado pelo seu irmão Jonathan Nolan. Christopher é o nome por trás de “Batman Begins” e sua parceria com Jonathan (que também já está confirmado no próximo filme do Homem-Morcego) já originou excelentes produções como “Amnésia”, mostrando que essa associação é fatalmente fadada a ser bem sucedida. Nesse filme, a habilidade de Christopher para construir uma atmosfera instigante e sombria se faz presente explicitamente e Jonathan demonstra ter total domínio sobre as reviravoltas da trama.

No desenrolar do filme, somos constantemente apresentados a novos fatos e acontecimentos, o que faz com que a trama não caia, em nenhum momento, na mesmice. O elemento surpresa também é algo, de fato, presente em toda a história, levando o espectador a se deparar com um final surpreendente dentro do que se podia imaginar. Até as medidas do que é real e fantástico estão bem empregadas, sem deixar com que o aspecto fantástico ofusque a seriedade buscada pela produção. Além de tudo, a parte plástica de “O Grande Truque” constitui um episódio a parte, com brilhante caracterização dos atores e cenários e efeitos que são um show visual.

O elenco está repleto de nomes competentes. Além de ter Christian Bale e Hugh Jackman como os protagonistas (ambos conhecidos por interpretarem super-heróis no cinema, Batman e Wolverine, respectivamente), dando um show em seus papéis, o longa ainda traz a bela Scarlett Johanson no papel de Olívia, a mulher que se envolve com um dos mágicos e muda de lado ao ser rejeitada. O veterano Michael Caine, que havia trabalhado com o diretor em “Batman Begins”, completa o time, com uma brilhante atuação, como de costume, e as participações do lendário David Bowie e de Andy Serkis (mais conhecido por ser o dono dos movimentos do personagem Gollum de “O Senhor dos Anéis”) são um reforço a mais. No mais, o roteiro instigante, o festival de reviravoltas apresentadas, o elenco impecável e a parte técnica bastante satisfatória não poderiam resultar em nada menos que espetacular.

“O Grande Truque”, além de simplesmente impressionar, já consegue se colocar como um dos melhores filmes lançados atualmente. Além disso, o longa vem para provar que Christopher e Jonathan Nolan formam uma dupla que dá mais do que certo.

Amanda Pontes
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