Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 18 de julho de 2005

Diário de uma Louca

O filme é interessante apesar de não se decidir o que que realmente é. Atentem para a personagem Madea, impagavelmente interpretada por Tyler Perry. Enfim.. é uma diversão descompromissada que não passa vergonha.

Primeiramente, a pergunta que não quer calar: quem diabos é essa louca do título? À priori, creio que a tal louca é Madea (um dos três personagens vividos por Tyler Perry). Sendo que a mulher que escreve o diário (também do título), e se auto intitula a "Mad Black Woman" do título original, é Helen (Kimberly Elise). Sendo que não podemos chamar Helen de louca. A coitada só recebeu um pé-na-bunda de seu esposo, que a trocou por uma "vadia qualquer" (nas palavras de Helen).

A história gira em torno de Helen, uma mulher que, como já afirmei, foi abandonada por Charles (Steve Harris), seu marido. Desesperada e sem nenhuma expectativa de vida – já que ela nunca trabalhou durante os 18 anos que passou casada com Charles – ela vai à procura de ajuda na casa de sua avó, Madea. Neste ínterim, ela vai conhecendo pessoas com problemas como o dela, mas que venceram na vida e coisa e tal. Então, o filme já pode ser visto todo em sua mente. Sabemos praticamente todos os rumos de todos os personagens logo que eles surgem em cena, já que originalidade e ousadia não é o que encontramos em produções deste cunho.

Mesmo assim, os primeiros minutos de “Diário de uma Louca”, são divertidíssimos. Todas as cenas em que Madea surge são de rachar o bico e muito bem inspiradas. Aliás, todos os três personagens vividos por Tyler Perry estão muito bons: o irmão de Madea, Joe; o primo de Helen, Brian; além da já citada Madea.

Entretanto, não vá pensando que o filme é todo feito em cima da personagem Madea (algo que seria ótimo). Depois do término do primeiro ato, o filme se torna um romancezinho água-com-açucar, cujo decorrer já conhecemos de cor. Mas, lá pelo final do segundo ato, ele começa a injetar uma dose extra de cristianismo na história (o filme é praticamente uma propaganda – panfletária – da doutrina fundada por Cristo), encorpando a quantidade de açúcar, na já adocicada água.

E, quando menos esperamos, o filme se torna uma bizarrice só. Este momento é quando ocorre um fato com Charles; e Helen, que, minutos antes estava "aprendendo a perdoar e outros preceitos cristãos e humanitários" com sua mãe, surta, causando uma exibição de atos dignos das melhores piadas de humor-negro (sem trocadilhos, já que o filme tem somente uma personagem “Branca”) presentes nos geniais episódios de South Park.

Isso tudo sem contar que o filme possui vários plots dignos de serem mais bem explorados, como a história da menina que é filha de uma ex-corista e atualmente drogada.

Enfim, o filme não se decide o que que ele é. Não define porque que ele existe, mas diverte muito. Assista sem expectativa nenhuma, e pode ser que você goste. Ah! E preste atenção na trilha sonora totalmente embalada pelos clássicos gospel norte-americanos.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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