Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Espanta Tubarões, O

O novo filme da Dreamworks tem uma coleção de artistas famosos na dublagem dos personagens, é engraçado, mas se perde na história..

Nos últimos anos os principais filmes "pseudo-infantis" estão sendo produzidos em computação gráfica. Uma empresa que vem se destacando no setor e estava até pouco tempo atrás carregando a Disney nas costas (até pouco tempo porque a parceria foi desfeita), é a Pixar. Filmes como o mega sucesso "Procurando Nemo", "Os Incríveis", "Vida de Inseto", "Monstros SA", dentre outros, são alguns exemplos de filmes em computação gráfica que deram certo. Mas, nos últimos anos, quem vem se destacando e tem conseguido ficar no topo como a maior de empresa cinematográfica de animação gráfica é a Dreamworks, empresa de Steven Spielberg.

A empresa do mega popular "Shrek" conseguiu se transformar no oposto das histórias de conto de fadas da Disney. Com esse seu novo filme, "O Espanta Tubarões", a empresa mostrou que está no mercado para tirar a Disney de vez do seu caminho. É complicado devido a tradição da empresa, mas a Dreamworks está conseguindo tirar o reinando da Disney principalmente por produzir filmes não só para o público infantil, mas para o público adulto também.

"O Espanta Tubarões" é uma paródia aos filmes de gangster e conta a história de Oscar (dublado por Will Smith), um peixinho que sonha em melhorar sua posição na cadeia alimentar, mas tem que se conformar com seu trabalho num lava-rápido de baleias. A sorte de Oscar começa a mudar quando um dos filhos de um dos chefões da máfia local é nocauteado por uma âncora e ele leva o crédito pela façanha. O simplório peixe acaba ganhando fama e faz sucesso entre as garotas, incluindo a sensual Lola (Angelina Jolie) e Angie (Renee Zellweger).

Mas ele terá que enfrentar tipos como o baiacu mafioso Sykes (Martin Scorsese), além de Don Lino, o tubarão rei do crime (Robert De Niro). No meio de tanta confusão, ainda vai rolar uma divertida amizade com Lenny, um tubarão branco vegetariano (Jack Black).

A história é simples e não passa disso mesmo. Gira totalmente em torno disso. Se não fossem as piadas que ocorrem durante todo o filme, ele seria mais chato que os desenhos que passam na Globo pela manhã. O interessante é que a fisionomia dos peixes lembra muito os seus dubladores, como Will Smith, Oscar tem trejeitos idênticos ao de Smith. Além daquele lábio carnudo de Lola que lembra Angelina Jolie e o estilo mafioso do tubarão Don Lino que lembra muito De Niro.

Há quem diga que o filme lembra muito "Procurando Nemo" da Disney/Pixar, mas venhamos e convenhamos: "O Espanta Tubarões" consegue ser bem mais engraçado que qualquer filme da Disney. Apesar da história ser defasada, limitada e sem graça, seus personagens conseguem manter o cinéfilo na frente da telona se divertindo. Uma equipe de mais de 400 desenhistas, animadores e técnicos trabalhou durante aproximadamente três anos para realizar o projeto. "O Espanta Tubarões" é composto de 34 seqüências, num total de 1.365 tomadas e é o primeiro filme inteiramente criado em computação gráfica (CG) a ser produzido no sul da Califórnia.

A música do filme é uma combinação de canções e arranjos com uma trilha composta por um colaborador de longa data de Jeffrey Katzenberg, Hans Zimmer ("Gladiador", "Missão: Impossível 2", "O Príncipe do Egito", O Último Samurai"), que fez um trabalho incrível para se certificar da coesão musical, como comenta o produtor Bill Damaschke: “O nosso filme é uma coleção de estilos, do cenário urbano ao alto do Arrecife, da comédia mafiosa à história de amor. Temos grandes momentos orquestrados combinados a muitas canções diferentes e Hans soube ‘colar’ tudo isso. A música de "O Espanta Tubarões" é fundamental para contar a história, o que não é incomum num filme de animação. Mas esta trilha não segue a linha tradicional. A partir do momento que a história se passa numa cidade como Nova York, queríamos uma música que desse ao filme essa atmosfera urbana e contemporânea, e isso significava muito hip hop, R&B, rap e música pop. É a música desta geração e é o que domina as listas das mais executadas a cada semana”.

Há na trilha músicos vencedores do Grammy e de discos de platina, como Christina Aguilera & Missy Elliott cantando a nova versão do clássico “Car Wash”, e o Ziggy Marley, que atua no filme, cantando junto com Sean Paul “Three Little Birds”. Há ainda sensações da música adolescente como JoJo, D12, Avant, PussycatDolls, Cheryl Lynn e Justin Timberlake, junto com a Timbaland, e Mary J. Blige, em “Got To Be Real”, que é o tema do filme, como explica Jeffrey Katzenberg: “Oscar tem que ver a realidade para obter o que deseja. Pudemos usar essa canção para reforçar a história do Oscar e sua jornada”. Will Smith conclui: “O tema aqui é que a grandeza não está no que você tem, nem onde você mora, nem em como as suas roupas são bonitas. A grandeza se encontra naquilo que você é, e isso é algo que não dá para fingir. O universo sempre descobrirá se você está sendo sincero. Simplificando: ser você mesmo é bom o bastante”.

No mais, é um ótimo filme pra molecada e uma boa diversão para os mais velhos. Recomendo que assistam a versão legendada (isso para os mais velhos, óbvio), apesar de Paulo Vilhena estar bem na dublagem de Oscar (exceção), porém, perder a oportunidade escutar Will Smith, Angelina Jolie, Robert De Niro, Jack Black, Renee Zellweger e Martin Scorsese é um pecado mais do que mortal.

Apesar dos clichês e piadas um pouco repetitivas, o filme não chega a ser ruim, mas também não consegue chegar ao patamar de "Procurando Nemo", que é divertido e tem uma história boa. Mas assista sem medo, porque com certeza, você vai se divertir em algumas tomadas, principalmente com os camarões e com o tubarão balde Lenny …

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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