Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Hellboy (2004): um filme para fãs do personagem

Se você é fã do personagem ou aficionado por filmes de ação, não perca Hellboy. Definitivamente vale a visita ao cinema.

“O que torna um homem um homem?”. Com essa indagação tem início Hellboy, adaptação para o cinema da revista em quadrinhos homônima criada por Mike Mignola, que é também produtor executivo do filme e dirigida por Guillermo del Toro.

Como todo filme de super-herói que se preze, este também começa com uma recapitulação das origens do personagem que dá nome ao filme. E não se assuste se essa for a sua parte favorita da película. É a minha. Não quero dizer com isso o resto do filme seja ruim, mas ele tem um grande problema de ritmo, perdendo um pouco do pique do meio para o fim.

O filme conta a história de Hellboy (Ron Perlman), um demônio invocado do inferno pelo mago Rasputin (Karel Roden) a mando de ninguém menos que Hitler. Tudo dá errado quando o exército americano, guiado pelo professor Trevor Broom (Jonh Hurt, idêntico ao personagem da HQ) chega ao local do “encantamento” e consegue deter Rasputin, ou pelo menos é o que eles pensam. Tudo começa a ficar complicado quando, 60 anos depois, Rasputin renasce. Cabe ao “Bureau for Paranormal Research and Defense (BPRD)”, agência secreta do governo para a qual trabalham Hellboy e seu amigo anfíbio Abe Sapiens (interpretado por Doug Jones e dublado por David Hyde-Pierce, não creditado), junto com a pirotécnica Elizabeth Sherman (a linda Selma Blair), interesse amoroso do protagonista, cuidar dessa nova ameaça.

Nos aspectos técnicos, o que mais impressiona, ao contrário de grandes produções como Homem-aranha 2, não prima pelos efeitos especiais, aqui eles são aceitáveis, mas nada além do que isso. O grande trunfo do filme são as ótimas maquiagens, tanto no personagem Hellboy quando no Abe Sapiens. Ela realmente transforma os atores, mas ainda assim permitindo uma atuação condizente com as personagens. Infelizmente o roteiro nos privou dos comentários sempre interessantes de Abe Sapiens na metade final do filme.

Outro personagem que rouba cada cena em que aparece, mesmo sem ter uma única fala sequer é o “nazi-ninja” Karl Rupert Kroenen (Ladislav Beran), um cadáver-vivo com um corpo por onde não corre mais sangue, apenas poeira. Ele é um lutador exímio e também bastante assustador. Espere até vê-lo sem a máscara!

Entre as atuações, a experiência de John Hurt realmente se faz valer, interpretando com maestria a sua personagem. O resto do elenco, ainda que não sejam dignos de nota em nenhum momento excepcional, não detrai da experiência. As dificuldades de expressões faciais por parte do Ron Perlman podem parecer inadequadas, mas é exatamente assim que se porta o Hellboy dos quadrinhos. Talvez tenha sido um contra-tempo da pesada maquiagem, no entanto acabou funcionando a favor da caracterização.

A trilha sonora é adequada a ação, mas não se destaca em nenhum momento específico. As partes instrumentais são muito bonitas, mas em contrapartida as músicas licenciadas são bem fracas. No final das contas, se encaixa de maneira aceitável.

No final das contas, Hellboy é, antes de tudo, um filme para fãs do personagem. Quem não o conhece, certamente terá a chance de aproveitar um bom filme de ação, com uma boa dose de pancadaria que é bem característica desse filmão. Esta é provavelmente a adaptação mais fiel de uma HQ para o cinema e isso serve para provar que nem sempre a fidelidade com a fonte original garante um grande sucesso. Vale lembrar que apesar da bilheteria não ter sido imensa, o filme custou barato para os padrões de superproduções hollywoodianas (US$ 66, 000,000). Tendo isso em vista, a Revolution Studios já garantiu uma continuação para 2006 com o retorno de todos os atores principais e a introdução do homúnculo Roger (que acompanha as HQs, sabe do que eu estou falando).

Se você é fã do personagem ou aficionado por filmes de ação, não perca Hellboy. Definitivamente vale a visita ao cinema.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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