Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Menina dos Olhos

Ben Afleck consegue não ser tão medíocre como nos filmes anteriores apesar de ter a presença praticamente insignificante de Jennifer Lopez.

Não procurei saber o porque de colocarem a tradução de "Jersey Girl" como "Menina dos Olhos". Talvez seja por causa da menininha do filme que tem olhos bem grandes (bem feinha ela, por sinal), ou porque tudo que o pai faz está sobre os olhares dessa menininha de olhos grandes. Mas como Papai Noel não tem nada haver com a Páscoa, vamos direto ao ponto que já sabíamos e conhecemos de có e salteado: Ben Afleck é um artista decadente.

Se formos falar dos seus últimos filmes, poderíamos dizer que ele um péssimo ator. Infelizmente (ou felizmente) ele não é, mas suas companhias nos seus últimos 3 filmes são no mínimo desastrosas. "Surviving Christmas" (argh), "Contato de Risco" (um dos piores filmes de todos os tempos) e "O Demolidor" (só tem a trilha sonora de boa) são uma prova de que ele está muito mal nas escolhas. Longe do interessante "Peal Harbor" ou do até bonzinho "O Pagamento".

Ollie Trinke (Ben Affleck) é um publicitário de música de Manhattan muito bem sucedido que parece ter tudo que sempre quis na vida. Quando a sua vida perfeita é tragicamente surpreendida pela morte de sua mulher Gertrude (Jennifer Lopez) na hora do parto, Ollie se torna do dia para noite um pai solteiro e totalmente desqualificado.

Ollie deixa a sua vida na grande cidade para trás e relutantemente se muda para a casa de seu pai (George Carlin) nos subúrbios de Nova Jersey, onde ele foi criado. Ollie chega ao ponto mais baixo de sua vida, sem sorte e sem o trabalho que tanto gostava. Os anos passam e com eles todos os planos de Ollie para o futuro. Preso em um trabalho desinteressante, daqueles de fim de carreira, ele não vê um caminho de volta para a vida que ele antes tanto amava.

Ao mesmo tempo tem ao seu lado sua filha Gertie (Raquel Castro), que adora a vida no subúrbio e acredita que Nova Jersey é o paraíso. Enquanto está alugando o filme favorito de Gertie pela milionésima vez, Ollie conhece Maya (Liv Tyler), que desafia suas prioridades e perspectivas de vida. Ele começa a perceber que às vezes você deve esquecer quem você foi e aceitar quem você é agora e reconhecer o que o faz feliz.

Pronto! Contei a história do filme. Pode fechar a página ou navegar em outras seções do CCR para ver algo mais interessante (rs). É sério! Não tem nada neste filme que você não tenha visto em outras zilhões de comédias e draminhas sobre pai solteirão ou viuvão, que tem que cuidar da filha e se apaixona por outra mulher. A principal semelhança desse com os outros é que no final você acaba gostando. É um sentimento estranho, mas bem normal nesse gênero de filme. Há principalmente muita identificação com fatos costumeiros e que acontece com todos que estão na mesma situação que o protagonista da história.

O diretor nerdão assumido Kevin Smith sabe muito bem disso e faz essa comédia funcionar. É como filme de natal, é sempre a mesma baboseira, história e personagens, mas todo mundo gosta. É interessante ver Smith navegar por águas que não são do seu costume (quadrinhos, shoppings e coisas "cool"). Às vezes ele torna o filme inocente, o que é bom, já que não é necessário palavrões ou apelar para sexualidade para fazer um filme bom para o gênero.

A participação do diretor de fotografia Vilmos Zsigmond (um dos melhores da atualidade) faz com o filme tem um bom "fundo". Apesar de que não é difícil fazer algo bom para um filme de comédia romântica. O filme tem alguns abusos clipes musicais, o que eu particularmente não gosto em comédias, mas, no entanto, tem alguém que goste para quebrar o gelo dos diálogos criados por Smith (a especialidade dele são os diálogos).

O filme tem uma participação interessante de Will Smith fazendo ele mesmo. Ele troca algumas palavras com o personagem de Afleck, sendo que ele não sabe que aquele que está sentado ao seu lado é Ollie e está atrás de emprego após ter dito em público que Smith era um artista fuleragem.

Diferente do trabalho entre Afleck e o diretor Kevin Smith em "Procura-se Amy", este filme se enquadra naquele tipo de filme: "É legalzinho …inho … inho". Não é bom, mas também não é insuportável. Pelo menos desta vez Jennifer Lopez só aparece 14 minutos no filme, o que são os piores minutos de todo o filme. Hoje em dia nenhum belo traseiro consegue atrair os olhares quando o talento para atriz não existe …

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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